Coleção de Gonçalo Ribeiro Telles vai a leilão

São 132 lotes de arte sacra popular, escultura, pintura religiosa, armaria e mobiliário português. Leilão realiza-se a 20 e 21 de abril.

Parte da coleção do arquiteto paisagista Gonçalo Ribeiro vai a leilão na próxima quarta-feira, 20 de abril.

São 132 lotes de arte sacra popular, escultura, pintura religiosa, pratas, armaria e mobiliário português do século XVII e do século XVIII, que oferecem uma janela para o universo mais privado do arquiteto paisagista, falecido a 11 de novembro de 2020, aos 98 anos de idadeCatólico e monárquico por convicção, Ribeiro Telles possuía também na sua coleção fotografias dos últimos monarcas.

No mesmo leilão, composto por mais de 700 lotes, há ainda pintura tradicional e moderna, escultura africana, bengalas, cerâmica, joias, armas, azulejos, livros antigos, mapas, tapetes. As peças estarão em exposição até 19 de abril nas instalações da Renascimento, na Av. Álvares Cabral, em Lisboa, e serão vendidos em duas sessões, nas próximas quarta e quinta-feira, 20 e 21 de abril, às 19h.

Destaca-se um desenho do Rei D. Carlos, Regattas de Paço d’Arcos, e um estudo do Palácio da Pena feito pela Rainha D. Amélia. A obra com uma estimativa mais elevada é um Retrato da Imperatriz Amélia de Beauharnais (20 mil euros), seguindo-se uma Maria Madalena atribuída a Jürgen Ovens (seis mil euros). Maluda, Pomar, Cargaleiro e Cruzeiro Seixas são alguns dos nomes de artistas portugueses incluídos.

Nascido a 25 de maio de 1922, Gonçalo Ribeiro Telles licenciou-se em Engenharia Agrónoma pelo Instituto Superior de Agronomia, em Lisboa, que complementou com um curso livre em Arquitetura Paisagista. Na mesma instituição, começou a lecionar como assistente de Francisco Caldeira Cabral, com quem publicou A Árvore em Portugal, obra de referência sobre as espécies arbóreas autóctones portuguesas.

Pela mesma altura, iniciava a sua carreira nos serviços da Câmara Municipal de Lisboa, onde integrou inicialmente, entre 1951 até 1953, a designada Repartição de Arborização e Jardinagem, passando em 1955 a arquiteto paisagista do Gabinete de Estudos de Urbanização. Entre 1971 dirigiu enquanto arquiteto paisagista o Setor de Planeamento Biofísico e de Espaços Verdes do Fundo de Fomento da Habitação

No início da década de 80 teve uma breve passagem pela política (foi ministro de Estado e da Qualidade de Vida de Balsemão), lugar em que criou as zonas protegidas da Reserva Agrícola Nacional e da Reserva Ecológica Nacional. Assinou para cima de três mil projetos de paisagismo, o mais emblemático dos quais o jardim da Fundação Calouste Gulbenkian (com António Viana Barreto) que lhe valeu o Prémio Valmor de 1975.