Há exemplos que honram e…. há outros que nem tanto!

Alguém imagina um estádio em Portugal a fazer uma homenagem a um ídolo do adversário, como sucedeu em Liverpool com CR/Manchester United, mesmo que por motivos idênticos?

1. O futebol é paixão e quando acontecem imagens como a que vimos há dias em Anfield Road com todo um estádio a aplaudir no minuto 7 o ‘nosso’ CR por motivos de uma infelicidade extrema na sua vida pessoal, só temos de acreditar que este desporto ainda tem muita coisa boa. Isto sucedeu em Inglaterra, país que bem conheço e até cheguei a viver por escasso tempo há décadas atrás, indo praticamente todas as semanas ao futebol e, fosse qual fosse o estádio, havia alegria e espetáculo…

Por aqui, temos mais espetáculo nas televisões, com programas alienantes e fomentadores de divisões e ódios, com gente (comentadores) que fora dos ecrãs quantas vezes se respeita mas que ao entrarem no ar, vestem fanaticamente as camisolas, distorcem realidades consoante cartilhas que lhes são traçadas pelos clubes a que estão afetos, esquecendo deliberadamente que os seus comportamentos bélicos geram repercussões nocivas na sociedade, perante o olhar atento dos produtores que apenas os incentivam e se preocupam em medir shares de audiência.

Alguém imagina um estádio em Portugal a fazer uma homenagem a um ídolo do adversário, como sucedeu em Liverpool com CR/Manchester United, mesmo que por motivos idênticos? Ninguém (ou quase ninguém) acredita, eu ainda menos. O futebol português está doente, eivado de um clubismo doentio, de polémicas absurdas que tiram valor ao negócio, de suspeições sobre tudo e todos quando as derrotas acontecem, sempre por razões súcias e jamais por méritos dos adversários.

Inverter isto seria tarefa ciclópica nas atuais circunstâncias. Teria de passar por alterações radicais de comportamentos, pela consciência de que o desporto que os une e do qual literalmente vivem é mais importante que vitórias a qualquer custo. A centralização dos direitos televisivos poderá ser um passo para esse fim, mas as divisões existentes são atualmente insanáveis com estes dirigentes, tantas as clivagens que as guerrilhas dos últimos anos provocaram. Deixemo-nos de utopias lusitanas e, quem gosta de futebol, tem a certeza que em Inglaterra também jogam 11 de cada lado, mas há todo um contexto que torna o futebol aliciante.

Já agora, fica aqui a minha solidariedade a CR pelo infortúnio vivido que, tenho a certeza, saberá superar.

2. Deixei as minhas escolas há décadas. Primeiro o Lar da Criança (5 aos 10 anos), depois o Liceu Normal de Pedro Nunes (10 aos 17 anos), finalmente o ISCEF/ISEG (17 aos 22 anos). Mantive ligações a todas as escolas, sou ‘Alumni’ orgulhoso de todas elas, acompanhando, como posso, a vida das mesmas. Tudo isto para dizer que me confrange a situação atual do ISCTE, envolto escusadamente em suspeitas de favorecimentos políticos, pela existência de objetivas ligações de diversos quadros do PS a esta prestigiada faculdade.

Mal vai quando uma faculdade se deixa aprisionar por conotações políticas. A prazo, é um descrédito, principalmente para os seus alunos cujos diplomas ficam coloridos politicamente e perdem cotação competitiva nos mercados. Esta estória de um financiamento concedido seguramente por méritos de uma candidatura, fica manchada, quer pelas circunstâncias que envolvem o antigo ministro João Leão quer pelo número de docentes existentes com ligações ao PS.

Recomendo vivamente que a atual direção do ISCTE reflita sobre as circunstâncias que originaram estes anátemas de suspeição e retire ilações que originem medidas estratégicas que visem recolocar o ISCTE acima de qualquer suspeita de favorecimentos políticos, até porque o seu corpo docente e discente não merece este tipo de confusões.

3. Zelensky discursou na Assembleia da República perante os mais altos responsáveis políticos do país, a escassos dias da celebração dos 48 anos do 25 de abril. Uma data de liberdade que o 25 novembro de 1975 consagrou e que, para todos os que amamos a democracia e temos memórias vividas, jamais esqueceremos. Curiosamente, o mesmo partido político (PCP) que esteve envolvido no Verão quente de 1975 (iniciado no célebre 11 de março) e grande mentor das nacionalizações que atrasaram anos a economia portuguesa, é o mesmo que se ausentou quando Zelensky tomou a palavra.

Não são estórias que conto, apenas a corroboração da história sobre quem defende regimes democráticos e quem convive mal com as democracias.