City-Real Madrid. O Velho Fidalgo no palácio dos novos-ricos

Abre-se hoje, em Manchester, o quarto confronto entre os dois clubes. Para já vantagem espanhola, mas os dois últimos jogos redundaram em duas vitórias inglesas.

Quando, logo à noite, o Real Madrid entrar no estádio do Manchester City para disputar a primeira mão da primeira meia-final da edição desta época da Liga dos Campeões, ninguém se preocupará muito que, na verdade, os madrilenos sejam uns meninos em relação aos mancunians: o City nasceu em 1880 e o Real em 1902. O tilintar das medalhas abafará por completo essa diferença. O tilintar quase ensurdecedor das medalhas que os merengues levam consigo para qualquer estádio da Europa: 13 Taças/Ligas dos Campeões; duas Taças UEFA; duas Taças Latinas, no meio de mais uma meia-dúzia de minudências. Só falta mesmo no currículo, e continuará a faltar porque já foi extinta, a Taça dos Vencedores de Taças. Curiosamente a única medalha europeia que o tão poderoso Manchester City conseguiu até hoje, agora que sonha permanentemente com a conquista da Liga dos_Campeões, troféu que continua a perseguir afincadamente (a época passada chegou à final e perdeu para o_Chelsea), sobretudo desde que Pep Guardiola se senta no banco dos blues.

Dois espanhóis (Real e Villareal) e dois ingleses (City e Liverpool) chegaram às últimas quatro vagas da Liga dos Campeões. Apenas Villareal provocará surpresa, até porque deixou o Bayern de Munique pelo caminho. Porque nesta coisa da mais importante prova de clubes do mundo, são os do City que são meninos: depois de terem jogado a Taça dos Campeões de 1968-69 (e sido despachados logo na primeira eliminatória pelo Fernerbahçe), tiveram de esperar uma eternidade pelo regresso: 2011-12. Ou seja, não fossem um clube tão antigo, seriam considerados uns arrivistas, ainda por cima quando comparados com a tal fidalguia de Madrid.

 

Rivalidade inexistente.

O jogo de logo pode merecer parangonas, chamar a atenção de todo o mundo, pôr milhões de corações a baterem mais depressa, mas é de uma rivalidade inexistente, ao contrário do que seria, por exemplo, em embate entre Real e United.

A primeira vez que City e Real Madrid se encontraram, foi na época de 2012-13, com Mourinho ainda no banco dos madrilenos e Mancini no de Manchester. Primeira mão no Santiago Bernabéu, para a fase de grupos, vitória por 3-2 dos da casa, com direito a reviravolta e dois golos nos minutos derradeiros, por Benzema (87) e Ronaldo (90). Depois, na segunda volta, um empate morno (1-1) no El Etihad.

Quando se encontraram pela segunda vez, em Abril de 2016, as coisas piaram mais fino. Afinal tratavam-se de umas meias-finais, como agora, e o City, comandado então por_Manuel Pellegrini, que já tinha treinado o Real, a sentir que estava à beira de chegar à sua primeira final da Champions. Luta dura. Dois jogos cerrados e disputados ao milímetro. Os espanhóis tiraram proveito da maior experiência na competição e da frieza do seu técnico Zinedine Zidane, empataram em Inglaterra a zero e, na resposta, no Santiago Bernabéu, souberam tirar proveito de um autogolo de Fernando (aos 20 minutos) e controlaram os acontecimentos, não permitindo que o resultado se alterasse. Portanto, ao fim de duas compitas, Real em vantagem total.

Houve tempo para um terceiro round. Nos oitavos-de-final da Liga dos Campeões (será difícil que estes dois se encontrem numa qualquer Liga Europa), de 2019-20.

No jogo de Madrid, na primeira mão, o conjunto de Pep Guardiola viu-se a perder aos 60 minutos (golo de Isco), mas virou o resultado do avesso num instante, com golos de Gabriel Jesus (78 m) e de Kevin de Bruyne (83 m, de penalti). Ninguém acreditava que tudo estivesse resolvido. Se alguém poderia ir a Manchester contrariar a tendência da eliminatória, esse alguém era o Real de Zidane. Mas não conseguiu. O City voltou a vencer, igualmente por 2-1, golos de Sterling (9 minutos), Benzema (28) e Gabriel Jesus (68). Benzema ainda está, melhor do que nunca, para desequilibrar no confronto de hoje.