Frustrações…

A subsequente visita a Zelensky apenas confirmou o papel decorativo das Nações Unidas e a inutilidade da sua existência perante momentos dramáticos como estes que todos vivemos.

1.Todos sentimos o mesmo… a frustração de Guterres, o sentimento de impotência perante a força de Putin e o seu evidente ‘quero, posso e mando’… A famosa mesa bem comprida, marcando as distâncias, em contraste com a proximidade com que recebe os chefes de Estado de países ‘amigos’, as frases estudadas de Guterres num discurso trabalhado e afirmativo perante alguém que claramente fazia ‘ouvidos de mercador’ e apenas o recebia pela função que desempenha, tudo nos convenceu que fizesse o que fizesse, dissesse o que dissesse, tudo caía em ‘saco roto’.

A subsequente visita a Zelensky apenas confirmou o papel decorativo das Nações Unidas e a inutilidade da sua existência perante momentos dramáticos como estes que todos vivemos. Não se percecionou qualquer mensagem de esperança resultante da anterior visita a Putin, no fundo ‘uma mão cheia de nada e outra de coisa nenhuma’. Os seus apelos à Paz pela voz de Guterres, as afirmações comovidas que fez e nas quais todos (ou quase) nos revimos, ficaram nos registos desta visita, tanto como as bombas com que Putin mimoseou Kiev quando lá se encontrava, demonstrando bem o nulo respeito pelo papel das Nações Unidas.

Putin sabe o que quer e os seus generais secundam-no, ávidos de uma guerra que justifique a sua existência. Existem regiões nos países limítrofes da Rússia onde a influência dos sovietes que lá estiveram durante décadas é obviamente marcante, mas daí até se dizer que são oprimidas pelos atuais países independentes creio que vai uma enorme distância. Seja como for, a realidade com que somos confrontados é esta e, durante os próximos anos, o país de Putin, sobretudo os seus habitantes, irá pagar com ‘língua de palmo’ as vitórias militares de hoje que são tudo menos certas.

Já a partir deste segundo semestre de 2022, as dificuldades económicas e financeiras da Rússia preveem-se incomensuráveis. Irão aumentar significativamente os boicotes internacionais aos produtos petrolíferos provenientes de toda a região, a Europa irá progressivamente diminuir a dependência internacional do gás russo e tudo será questão de tempo, porque a economia russa não terá grandes alternativas. Ninguém fica melhor com esta guerra e, a prazo, bem pior ficará a Rússia, possivelmente com mais território, entre o Donbass e a Transnístria, com toda uma faixa a cortar o acesso da Ucrânia ao Mar Negro, mas certamente com menos divisas e maior pobreza.

2.O Orçamento de Estado trouxe um Costa em boa forma, a dirimir argumentos populistas com uma facilidade impressionante, entre anátemas de ‘austeridade’ colados a uma oposição ‘passista’ para refutar as evidências de um orçamento minado pela inflação, com efeitos perversos para a população portuguesa (o tal ‘imposto escondido’) mas benéficos para as receitas de Estado que irão ser incrementadas pelos efeitos fiscais da mesma.

De acordo com as crónicas, a oposição continuou a incidir as suas críticas nos efeitos da inflação, esquecendo que as políticas de crescimento estão a sofrer tratos de polé. A distribuição da riqueza convém ser precedida de crescimento ou as únicas certezas serão o aumento da dívida pública ou o aumento de impostos. Os últimos anos têm-nos feito perder posições nos rankings europeus e Costa bem pode clamar que o nosso crescimento é maior que o da média europeia porque a realidade é que os países que ainda estão atrás de nós estão a crescer mais e melhor.

Marcelo reclamou maior aumento da despesa com a Defesa nacional, mas Costa fez ‘ouvidos de mercador’. A oposição reclama aumentos salariais e Costa ignora porque sabe que ‘a manta é curta’. Medina tem de fazer o papel de Centeno e João Leão, porque realmente não tem outras soluções para além da ‘austeridade’. O Orçamento do PS é este e cada vez se torna mais claro, neste ambiente de uma guerra internacional contribuindo para a subida generalizada da inflação (e consequentemente das taxas de juro), sobretudo em tudo o que os transportes e seus custos afetam, bem como nos produtos essenciais porque a Ucrânia era o ‘celeiro da Europa’. Isto é: 2022 irá terminar para os portugueses bem pior do que começou.

P.S. – Li que João Paulo Correia, novo Secretário de Estado do Desporto, visitou Pinto da Costa para conversar sobre temas de interesse nacional na área do desporto. Nada contra a ideia de discutir esses temas com o presidente do FCP, mas parece-me que seria mais apropriado e prestigiante para o governante Pinto da Costa ser recebido nas instalações da Secretaria de Estado.