Costa vai a Kiev assinar acordo de apoio financeiro

O primeiro-ministro adiantou que haverá um “reforço” de vários apoios à Ucrânia e rejeitou a “ilegalização” do PCP.

Depois de ter estado reunido cerca de uma hora com o primeiro-ministro ucraniano, Denys Shmygal, por videoconferência, António Costa aceitou o convite para visitar a Ucrânia. Sem adiantar para já uma data, o primeiro-ministro anunciou que irá até Kiev encontrar-se com o Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky com o objetivo de assinar um acordo de apoio financeiro à Ucrânia.

“O primeiro-ministro da Ucrânia teve a oportunidade de me convidar para visitar Kiev, convite que naturalmente aceitei. Ficou apontada uma data que oportunamente será divulgada para a concretização dessa visita. Incluirá não só reuniões com o primeiro-ministro Denis Shmygal, como também com o Presidente Volodymyr Zelensky”, adiantou o líder do Executivo, em declarações aos jornalistas em São Bento.

A visita à capital ucraniana terá em vista a assinatura de um “acordo concreto para um apoio financeiro significativo no quadro das solicitações que o Governo ucraniano nos dirigiu para auxílio via Fundo Monetário Internacional (FMI)”, especificou, não revelando, contudo, qual a fatia financeira que Portugal irá disponibilizar.

“Como é sabido, a Ucrânia tem necessidades de financiamento na ordem dos cinco mil milhões de euros por mês. Portanto, são necessidades muito avultadas e que exigem um esforço de toda a comunidade internacional. Daremos uma contribuição substancial”, disse António Costa, em conferência de imprensa, garantindo que nas próximas semanas haverá “oportunidade de discutir e trabalhar o reforço” de vários apoios “para corresponder às necessidades imediatas da Ucrânia, quer em matéria militar, quer em matéria financeira”.

Na reunião com o seu homólogo ucraniano, afirmou António Costa, foi também abordado “o esforço” que a União Europeia e os Estados Unidos ainda podem fazer para que a Ucrânia possa exportar bens de que é produtor, além do reforço das sanções à Rússia.

“É necessária uma operação logística que permita romper o bloqueio que resulta da ocupação e dos ataques da Rússia aos portos da Ucrânia”, frisou.

Interrogado sobre a razão que leva Portugal a não pressionar no sentido de que a União Europeia adote o embargo total às importações de gás russo, Costa defendeu que para Portugal até seria fácil “pôr-se na linha da frente e de forma muito vocal” nesse aspeto, por não depender energeticamente da Rússia, mas “há outros parceiros na União Europeia que não estão na mesma situação”. “Isto não pode ser um concurso de popularidade junto da Ucrânia”, salientou, insistindo que o pior que poderia ser feito à Ucrânia “era gerar divisões inúteis na União Europeia”.

 

Regresso da embaixada

Questionado sobre o regresso da embaixada portuguesa à capital da Ucrânia, António Costa revelou que há uma data acertada, mas que não será divulgada publicamente para já “porque só deve ser comunicada no momento próprio”.

“Quero aqui frisar que a embaixada portuguesa em Kiev nunca encerrou. O embaixador português recuou para a Polónia e regressará a Kiev”, reforçou o chefe do Governo, aproveitando o momento para deixar um elogio aos funcionários ucranianos da embaixada portuguesa.

“Mantiveram-se em funções a assegurar o funcionamento da embaixada nas condições possíveis. O Governo vai propor ao Presidente da República a condecoração por atuação de excecional bravura e coragem de um funcionário que se destacou muito especialmente no apoio ao resgate de cidadãos portugueses ou ucranianos com relações com Portugal”, comunicou.

Relativamente ao processo de adesão da Ucrânia à União Europeia, o primeiro-ministro reiterou que estes processos “têm um procedimento próprio e são extremamente morosos e incertos”.

“Portugal regozija-se com a opção europeia da Ucrânia”, afirmou, mas lembrou que “a União Europeia não pode perder tempo relativamente àquilo que é urgente, ou seja, responder à situação de emergência que se está a viver”.

 

Não à ilegalização do PCP

Com o antigo parceiro de geringonça sob fogo pelas posições que tem assumido sobre a Ucrânia, o primeiro-ministro rejeitou que em Portugal se entre “num clima de caça às bruxas”.

“Da divergência política em relação ao PCP passar para a ilegalização do PCP é algo inconcebível num estado democrático”, argumentou, defendendo que “faz parte de uma democracia que os partidos políticos tenham liberdade para fixarem as suas próprias posições”.

“Posições das quais divergimos, mas que temos de respeitar no quadro da democracia”, acrescentou.