EDP com prejuízo de 76 milhões no primeiro trimestre

A elétrica explica que “o desempenho financeiro da EDP no primeiro trimestre de 2022 foi fortemente impactado pela seca extrema em Portugal no inverno 2021/2022, o mais seco dos últimos 90 anos, que resultou num défice recorde de produção hídrica da EDP no mercado Ibérico no trimestre de 2,6TWh face à média histórica”.

A EDP fechou o primeiro trimestre com um prejuízo de 76 milhões de euros, que compara com lucros de 180 milhões obtidos no mesmo período do ano passado. A elétrica explica que “o desempenho financeiro da EDP no primeiro trimestre de 2022 foi fortemente impactado pela seca extrema em Portugal no inverno 2021/2022, o mais seco dos últimos 90 anos, que resultou num défice recorde de produção hídrica da EDP no mercado Ibérico no trimestre de 2,6TWh face à média histórica”. 

A empresa liderada por Miguel Stilwell d’Andrade justificou ainda as perdas com “o forte aumento do custo da eletricidade vendida” que, de acordo com a empresa, “não repercutido na carteira de clientes”, o que implicou uma perda de 400 milhões de euros entre janeiro e março, ao “nível do EBITDA [resultado antes de impostos, juros, depreciações e amortizações], que justifica o resultado líquido negativo de 76 milhões de euros registado pela EDP no 1.º trimestre de 2022 (queda de 256 milhões de euros em termos homólogos)”.

O EBITDA apresentou uma queda de 18% para 710 milhões de euros nos três primeiros meses do ano, “com as perdas associadas ao elevado défice hídrico na Península Ibérica a serem apenas parcialmente compensadas pelo desempenho positivo das restantes áreas de negócio”, sendo que “as condições de baixa produção hídrica e preços elevados no mercado ibérico de eletricidade implicaram um aumento significativo do recurso à produção térmica no mercado Ibérico, que aumentou 160% para 2,4TWh, mitigando as perdas associadas ao défice hídrico”, referiu.

De acordo com o grupo, “no segmento renovável registou-se um crescimento do EBITDA da EDP Renováveis de 46% (mais 125 milhões de euros) para 394 milhões de euros, com um aumento de 13% da capacidade instalada, um crescimento de 14% da produção de energias renováveis e uma subida de 12% do preço médio de venda”.

Já o “segmento de redes de eletricidade apresentou uma subida de 17% (mais 53 milhões de euros) do EBITDA para 362 milhões de euros, com destaque para a subida de 51% do EBITDA nas redes de eletricidade no Brasil, resultante do plano de investimentos nas redes de distribuição e transmissão, incluindo a conclusão da aquisição da CELG-T em fevereiro de 2022, assim como o impacto da inflação mais elevada nos aumentos das tarifas de eletricidade e a apreciação cambial do real brasileiro face ao euro (+12%)”.

Ainda assim, o investimento bruto aumentou mais de três vezes para 2,3 mil milhões de euros no primeiro trimestre deste ano, enquanto a dívida líquida totalizava 13,1 mil milhões de euros, “refletindo a conclusão em fevereiro de 2022 das aquisições da CELG-T no Brasil e da Sunseap em Singapura, que marcou o início da expansão do grupo para oito novos mercados, estabelecendo uma nova plataforma na Ásia Pacifico”, relembrou.

Quando questionado pela Lusa se a EDP irá aumentar os preços para compensar estes impactos, Stilwell d’Andrade disse apenas que a empresa tem “compromissos”. E acrescentou: “Temos compromissos e contratos com grande parte dos clientes empresariais e domésticos”, sublinhando que a EDP vai “manter aqueles compromissos” que tem. Mas lembrou que, à medida que vai renegociando os contratos, o preço de mercado irá refletir-se em alguns desses contratos”, lembrando que a empresa tem “aconselhado os clientes empresariais é a fazer contratos a longo prazo, de cinco ou seis anos”, contando que o preço nos próximos anos seja mais baixo.