Ucrânia. Fluxo de gás russo para a Europa é suspenso

Esta decisão é a primeira medida que pode afetar o fornecimento de gás natural russo desde o início da invasão à Ucrânia.

A Ucrânia suspendeu o fluxo de gás natural proveniente da Rússia através do gasoduto de Sokhranivka, uma das principais vias para fornecer a Europa, que representa cerca de um terço do gás russo canalizado entregue ao Velho Continente.

Num comunicado divulgado esta terça-feira, a operadora do sistema de gás ucraniano (GTSOU) revelou que decidiu suspender as operações deste importante ponto com os parceiros europeus devido à “interferência das forças de ocupação”.

“Como resultado da agressão militar da Federação Russa contra a Ucrânia, várias instalações do GTSOU estão localizadas em território temporariamente controlado pelas tropas russas e pela administração de ocupação”, pode ler-se no comunicado, citado pela CNN. A interferência russa, incluindo o desvio não autorizado de gás, “colocou em perigo a estabilidade e segurança” do sistema, acrescenta.

A Ucrânia sugeriu que o transporte de gás poderia ser realizado através de Sudzha, uma importante estação de armazenamento e envio na região norte do país, algo que a empresa russa, Gazprom, que detém o monopólio das exportações de gás russo por gasoduto, diz ser “tecnicamente impossível”.

“A Gazprom não recebeu confirmações de força maior e não vê impedimentos à continuação do trabalho”, disse o porta-voz da empresa russa, Sergey Kuprianov, no Telegram. Segundo a Gazprom, até agora “os especialistas ucranianos têm estado a trabalhar como habitualmente em Sokhranivka e nada os impede de continuar o trabalho”.

“O trânsito através de Sokhranivka foi fornecido integralmente, não houve reclamações de de nenhuma das partes envolvidas e não há nenhuma”, continuava a empresa russa. “A Gazprom cumpre integralmente todas as suas obrigações para com os consumidores europeus, fornece gás de acordo com o contrato e operadores, os serviços de trânsito são totalmente pagos”.

Esta decisão da Ucrânia constitui a primeira medida que pode afetar o fornecimento de gás natural russo, desde que começou a invasão, no passado dia 24 de fevereiro, e pode vir a forçar Moscovo a transferir os fluxos de gás destinados aos clientes europeus.

A medida afetou os preços do gás natural europeu, reporta o meio de comunicação norte-americano, descrevendo uma subida de 5%, durante a manhã de quarta-feira, mas, desde então, caíram abaixo dos níveis de terça-feira, de acordo com Rystad.

Os preços do petróleo, que caíram cerca de 9% desde sexta-feira, foram abalados pela notícia, com o petróleo Brent e o dos Estados Unidos, que estava a ser negociado em alta, por cerca de 3%, na quarta-feira. Os preços do gás natural nos Estados Unidos subiram 5% na terça-feira e mais 1% na quarta-feira.

Acusações de crimes de guerra A Ucrânia vai avançar com os primeiros julgamentos de crimes de guerra do conflito na Ucrânia, revelou o procurador-geral ucraniano.

Os alvos destas acusações são três prisioneiros de guerra russos acusados de atacar ou assassinar civis, e um soldado que supostamente matou um homem antes de abusar sexualmente a sua esposa. 

Mais de 10 mil crimes foram reportados desde o início da guerra pelo gabinete do procurador-geral da Ucrânia, liderado por Iryna Venediktova, e um punhado de casos já foram arquivados ou estão prontos para serem apresentados no que marca um momento decisivo de dois meses de guerra.

Entre os acusados está Vadim Shishimarin. O comandante da unidade 32010 da 4.ª Divisão Blindada da Guarda Kantemirovskaya, da região de Moscovo vai sentar-se no banco dos réus para responder pelo alegado assassínio de um civil na região de Sumy, no nordeste da Ucrânia, escreveu a procuradora-geral na sua conta da rede social Facebook.

Segundo a investigação do Ministério Público, a 28 de fevereiro, Shishimarin, de 21 anos, matou um homem desarmado que seguia de bicicleta pela estrada na localidade de Chupajivka.