Testes PCR afastam viajantes mas já há poucos países a exigir

Um pouco por todo o mundo, os países vão aliviando restrições à entrada mas ainda há locais onde é obrigatório o teste PCR, independentemente do certificado de vacinação. Marrocos e Indonésia estão entre essas exceções.

Apesar das infeções por covid-19 estarem agora a crescer, em fevereiro praticamente todos os países europeus levantaram as restrições não só a nível interno mas também para os viajantes estrangeiros.

Numa altura em que se anseia por viagens depois de tanto tempo com várias restrições, as companhias aéreas e até as agências de viagens optam por fazer promoções para aliciar os viajantes. Viagens a preços apetecíveis mas que, em alguns casos, têm um senão: em muitas situações a realização do teste PCR exigido à chegada pode ser mais cara que a viagem.

Ora vejamos: na grande maioria dos laboratórios, o teste PCR tem um custo médio a rondar os 90 euros. Ao i, Pedro conta que tinha uma viagem marcada para Fez, em Marrocos, para o próximo fim de semana. O voo pela Ryanair custou-lhe apenas 30 euros mas não percebeu que teria de apresentar um teste PCR à chegada ao país, o que, logo à partida, lhe elevaria o custo da viagem para 120 euros.

Apesar de ter consigo o certificado de recuperação, este documento não é suficiente para entrar em Marrocos. Mais: mesmo tendo feito o PCR antes da viagem à chegada ao país, é obrigatório fazer um teste rápido. Se fosse comprado hoje, esse voo só de ida para Marrocos, pela Ryanair, custaria apenas 9,99 euros.

A verdade é que, a partir de Portugal, os viajantes têm de apresentar um teste PCR realizado 48 horas antes da partida para aterrar em Marrocos, o que acaba por levar a que os viajantes deixem de escolher esses destinos, como diz ao i Nuno Mateus, diretor-geral da Solférias. “A lei marroquina assim o obriga. Cada vez há menos [países a exigir PCR] mas Marrocos é o caso mais flagrante porque está aqui à porta. É um destino de grandes dimensões em termos de passageiros e turistas e claro que afeta e prejudica”, diz.

E acrescenta: “As pessoas deixam de viajar para estes países por causa disto, obviamente que sim”.

Mas o responsável lembra que “felizmente” não há muitos destinos turísticos com esta prática. Além de Marrocos, destaca apenas a Indonésia. Este é um país que, além de pedir teste PCR para quem tem certificado de vacinação, não deixa entrar quem não tem vacina. “As pessoas fogem desses países e escolhem aqueles onde têm mais facilidade porque é um incómodo”, defende.

E não tem dúvidas que nestas poucas exceções, “o teste PCR vai encarecer a viagem”. “Por isso é que todos os destinos que mais se vendem neste momento, nenhum tem obrigação de PCR”.

Felizmente, considera, a maioria dos países já facilita as viagens. “A grande maioria já não tem nenhuma obrigação nem de PCR nem de antigénio. Estamos a falar dos principais destinos que vendemos no verão. Quando falamos do Brasil, Cabo Verde, República Dominicana, Tunísia, Senegal… Todos os destinos aceitam o certificado de vacinação”.

Quanto a Marrocos, é mesmo a exceção dos destinos mais próximos. Uma imposição que “não está fácil de ser levantada”. “Já nos informaram várias vezes que ia ser levantada mas a verdade é que não é. O que significa que, independentemente de ter o certificado, tem que fazer o teste PCR”, acrescenta Nuno Mateus.

 

Outros países

Assumindo sempre uma saída de Portugal, são vários os países que ainda exigem um teste PCR. No entanto, em praticamente todos os casos, esta exigência serve apenas para quem não tem vacinação. Por exemplo, viajantes não vacinados têm de apresentar um teste PCR ou antigénio antes da partida para o Brasil. Estes testes não são necessários para quem tenha um certificado de vacinação aprovado.

Já para os Estados Unidos, viajantes não vacinados não podem viajar para o país, salvo algumas exceções.

Na Austrália, quem não tem vacinação, não entra. Mas quem tem, pode viajar sem qualquer restrição.

Feitas as contas, um pouco por todo o mundo há menos de meia centena de países sem qualquer tipo de limitações. Argentina, Chile, México, Reino Unido, Noruega, Suécia ou Arábia Saudita são alguns exemplos.

Por outro lado, há alguns países que não permitem a entrada de cidadãos para lazer como é o caso da China, Iémen, Líbia ou Camarões.

 

Máscaras deixam de ser recomendadas nos aeroportos

A Agência Europeia para a Segurança da Aviação (EASA) e o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) informaram que, a partir da próxima segunda-feira, deixam de recomendar máscaras obrigatórias em aeroportos e voos europeus.

Ainda assim, as duas entidades lembram que “uma máscara facial continua a ser uma das melhores proteções contra a transmissão” do SARS-CoV-2, principalmente para pessoas mais vulneráveis.

“A atualização do Protocolo Conjunto sobre Segurança Sanitária na Aviação tem em conta os últimos desenvolvimentos da pandemia, em particular os níveis de vacinação e a imunidade adquirida naturalmente e o levantamento das restrições num número crescente de países europeus”, justificam.

O diretor executivo da EASA, Patrick Ky, adiantou que “para os passageiros e tripulações aéreas, este é um grande passo em frente na normalização das viagens aéreas”, mas, ainda assim, pediu aos passageiros que se comportem “de forma responsável e respeitem as escolhas dos outros à sua volta”.

Por sua vez, a diretora do ECDC, Andrea Ammon, lembrou que os riscos mantêm-se mas “as intervenções e vacinas não-farmacêuticas [medidas restritivas] permitiram que as vidas começassem a voltar ao normal”. Mas diz que é “importante ter presente que, juntamente com o distanciamento físico e a boa higiene das mãos, [o uso de máscara] é um dos melhores métodos para reduzir a transmissão”.

Sendo decisão das companhias aéreas o que fazer dentro do interior do avião, a Ryanair já anunciou que vai deixar de exigir o uso de máscara.