Internamentos “inapropriados” aumentam 23% e podem custar mais de 124 milhões só este ano

Lisboa e Vale do Tejo e Norte são responsáveis por mais de oito em cada dez casos de utentes internados de forma inapropriada.

Os internamentos “inapropriados” nas unidades hospitalares do Serviço Nacional de Saúde (SNS) aumentaram este ano, assim como os custos associados a estes casos que se explicam, na sua maioria, por atrasos na admissão na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI), segundo os dados do 6.º Barómetro de Internamentos Sociais, promovido pela Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH).

Em março, mais de mil camas dos hospitais públicos estavam ocupadas com pessoas que não necessitariam de estar internadas, o que, de acordo com os mesmos dados, representa “um aumento de 23% face ao mesmo mês de 2021, representando um custo de quase 19,5 milhões de euros”.

Sublinhe-se que se considera internamento inapropriado todos os dias que um doente passa no hospital quando já tem alta clínica e não existe um motivo de saúde que justifique a sua permanência em ambiente hospitalar.

As regiões de Lisboa e Vale do Tejo (34%) e Norte (47%) são as regiões com maiores taxas de internamentos inapropriados, ou seja mais de oito em cada 10 casos de doentes internados e que já poderiam ter alta clínica estão em unidades de saúdes destas duas regiões do país.

Estes casos, que, à data da recolha dos dados (16 de março de 2022) representavam 6,3% do total de internamentos nos hospitais nacionais (excluindo unidades psiquiátricas), têm um custo estimado de quase 19,5 milhões de euros para o Estado, o que compara com 16,3 milhões em março de 2021.

"Extrapolando este cenário para o conjunto do ano, os internamentos inapropriados podem ter um impacto financeiro de cerca de 124,5 milhões de euros", refere o estudo realizado pela APAH em parceria com a EY e o apoio institucional da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna e da Associação dos Profissionais de Serviço Social.

Os dados demonstram ainda que se registaram 31.311 dias de internamentos inapropriados (mais 8% face à edição anterior).

O estudo contou com a participação de 38 hospitais, num total de 19.335 camas hospitalares, correspondentes a 89% do total, a nível nacional, decorreu, tal como no ano anterior, em contexto pandémico, pelo que também considera dados dos internamentos de doentes infetados, com as perguntas desagregadas em internamentos covid-19 e internamentos não covid-19.

A principal causa para estes internamentos inapropriados é a falta de resposta da Rede Nacional de Cuidado Continuados Integrados, tendo esta sido a justificação apontada em relação a mais de metade dos casos. Situação, aliás, semelhante à dos barómetros anteriores.