Gestão da pandemia? António Costa admite que nem todas as medidas foram coerentes

O líder do Governo analisou as medidas tomadas durante a pandemia e considerou o fecho das escolas a decisão mais difícil de tomar.

O primeiro-ministro, António Costa, admitiu, esta sexta-feira, que nem todas as medidas tomadas quanto à gestão da pandemia de covid-19 foram coerentes. Para Costa, a decisão mais difícil foi o encerramento das escolas.

"Sim, as medidas não foram sempre coerentes, mas procuraram ter um racional e esse racional no essencial a população percebeu sempre", notou António Costa no lançamento do livro "Covid-19 em Portugal: a estratégia", na reitoria da Universidade do Minho (UM), em Braga.

Num discurso que contou com a presença da ministra da Saúde, Marta Temido, o líder do Governo analisou as medidas tomadas durante a pandemia e considerou o fecho das escolas a decisão mais difícil de tomar.

"Foi de todas a decisão mais difícil porque foi a primeira, a primeira em que estivemos confrontados com a dificuldade de ter de decidir sabendo que não teríamos um suporte inquestionável para essa decisão", confessou.

Sublinhe-se que, durante os últimos dois anos, o Governo realizou 128 conselhos de ministros exclusivamente dedicados ao tema da covid-19, tomou 200 resoluções, decretos e decretos de lei e organizou 85 conferências de imprensa, indicou o primeiro-ministro.

Segundo António Costa, estes conselhos de ministros foram sempre "muito exigentes", uma vez que todos partilhavam as mesmas dúvidas, sobretudo se fechavam ou não os restaurantes, quando deveriam fechar e porquê.

Mas, além dos danos e sofrimentos que causou, o chefe do Governo realçou uma "maior democratização da ciência", dado que o cidadão comum ficou a compreender “como nunca” a importância de investir na ciência. O exemplo perfeito é a descoberta da vacina que, de acordo com Costa, foi “fundamental” para o decorrer da gestão pandémica.

Sem saudades de reviver os tempos mais dramáticos, o primeiro-ministro entende que o país terá para sempre uma "divida impagável enorme" com o Serviço Nacional de Saúde (SNS) e com os cientistas, ainda que a “chave de tudo” tenha sido o comportamento dos cidadãos e o seu bom senso.