Suécia e Finlândia mais perto da NATO

A entrada da Finlândia e a Suécia na NATO é um duro golpe para as aspirações do Kremlin, uma vez que a organização ocidental irá quase duplicar a sua fronteira terrestre com a Rússia.

Esta semana foram dados passos significativos para a adesão da Suécia e Finlândia à NATO, com ambos os países a assinarem acordos de segurança com países, como o Reino Unido que se compromete em auxiliar estas nações caso sejam invadidas pela Rússia.

A Finlândia foi a primeira a revelar que pode estar prestes a deixar cair o seu estatuto de neutralidade, com o Presidente, Sauli Niinisto, e a primeira-ministra, Sanna Marin, a revelar que emitiram um comunicado conjunto a defender a adesão do país à NATO «sem demoras». E revelam: «Agora que o momento da tomada de decisões está próximo, declaramos as nossas opiniões em pé de igualdade, também para informação dos grupos e partidos parlamentares», diz num comunicado conjunto, citado pela imprensa internacional. «A Finlândia deverá candidatar-se à NATO sem demoras. Esperamos que os passos nacionais que ainda faltam sejam concluídos com brevidade nos próximos dias».

Já a Suécia, apesar de ainda não ter confirmado esta adesão, as autoridades consideram que a adesão à NATO reduzirá o risco de conflito no Norte da Europa.

«A adesão da Suécia à NATO elevaria o limiar [de desencadeamento] de conflitos militares e teria, assim, um efeito dissuasor no Norte da Europa», conclui a revisão estratégica, preparada pelo Governo e pelos partidos no parlamento, citado pela agência francesa AFP. «A nossa opinião é que não sofreríamos um ataque militar convencional em resposta a uma possível adesão à NATO», disse a ministra dos Negócios Estrangeiros sueca, Ann Linde.

Enquanto Moscovo ameaça a Finlândia e a Suécia com consequências em caso de adesão, o relatório do Governo e dos partidos considera altamente improvável um ataque armado, mas reconhece que provocações e retaliações russas «não podem ser excluídas».

Face às crescentes ameaças do Kremlin, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, visitou a Suécia e Finlândia de forma a assinar um acordo de defesa e proteção mútua em caso de agressão. 

As garantias mútuas de segurança com a Suécia e a Finlândia pretendem reforçar a defesa do norte da Europa perante a ameaça da Rússia.

A adesão destes dois países à NATO é um grande revés para o Kremlin, que tinha alertado para «repercussões militares e políticas» se a Suécia e a Finlândia decidissem se tornar membros da OTAN.

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia afirmou, esta quinta-feira, que esta decisão «infligirá sérios danos às relações russo-finlandesas, bem como à estabilidade e segurança no norte da Europa», cita a Deutsche Welle.

Caso a adesão da Finlândia e da Suécia à NATO avance, a fronteira terrestre desta organização com a Rússia deverá mais do que dobrar, o que significa que a aliança militar ocidental deixaria a Rússia cercada por países da NATO no Mar Báltico e no Ártico.

Fluxo de gás suspenso

Nesta que constitui a primeira medida que pode afetar o fornecimento de gás natural russo, desde que começou a invasão da Rússia, a Ucrânia decidiu suspender o fluxo deste gás proveniente da Rússia através do gasoduto de Sokhranivka, uma das principais vias para fornecer a Europa, que representa cerca de um terço do gás russo canalizado entregue ao Velho Continente.

Num comunicado divulgado esta terça-feira, a operadora do sistema de gás ucraniano (GTSOU) revelou que decidiu suspender as operações deste importante ponto com os parceiros europeus devido à «interferência das forças de ocupação».

«Como resultado da agressão militar da Federação Russa contra a Ucrânia, várias instalações do GTSOU estão localizadas em território temporariamente controlado pelas tropas russas e pela administração de ocupação», pode ler-se no comunicado, citado pela CNN. A interferência russa, incluindo o desvio não autorizado de gás, «colocou em perigo a estabilidade e segurança» do sistema, acrescenta.

A Ucrânia sugeriu que o transporte de gás poderia ser realizado através de Sudzha, uma importante estação de armazenamento e envio na região norte do país, algo que a empresa russa, Gazprom, que detém o monopólio das exportações de gás russo por gasoduto, diz ser «tecnicamente impossível».

«A Gazprom não recebeu confirmações de força maior e não vê impedimentos à continuação do trabalho», disse o porta-voz da empresa russa, Sergey Kuprianov, no Telegram. Segundo a Gazprom, até agora «os especialistas ucranianos têm estado a trabalhar como habitualmente em Sokhranivka e nada os impede de continuar o trabalho».

A medida afetou os preços do gás natural europeu, reporta o meio de comunicação norte-americano, descrevendo uma subida de 5%, durante a manhã de quarta-feira, mas, desde então, caíram abaixo dos níveis de terça-feira, de acordo com Rystad.

Os preços do petróleo, que caíram cerca de 9% desde sexta-feira, foram abalados pela notícia, com o petróleo Brent e o dos Estados Unidos, que estava a ser negociado em alta, por cerca de 3%, na quarta-feira. Os preços do gás natural nos Estados Unidos subiram 5% na terça-feira e mais 1% na quarta-feira.

Depois desta revelação, a empresa russa Gazprom anunciou esta quinta-feira que iria cortar o fornecimento de gás à Europa, através do gasoduto que atravessa a Polónia, Yamal, que atravessa a Polónia e tem como destino vários países europeus, como a Alemanha, de forma a retaliar as sanções impostas pelo Ocidente.

Zelensky quer falar novamente com Putin

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse esta sexta-feira, durante uma entrevista televisiva que está disponível para conversar com o seu homólogo russo, Vladimir Putin, «mas sem ultimatos».

«Estou disposto a falar com Putin, mas sem ultimatos», defendeu o Presidente Zelensky na entrevista concedida ao canal público de televisão italiano RAI, a primeira a um meio de comunicação social de Itália desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro.

Zelensky explicou que as negociações com Moscovo são complicadas porque «todos os dias os russos ocupam aldeias, muitas pessoas deixaram as casas, foram mortas pelos russos» e os cidadãos ucranianos estão a sofrer «torturas e assassínios».