Autotestes voltam a voar das prateleiras dos supermercados

Há lojas com os testes esgotados. APED fala em falhas momentâneas devido à maior procura.

A elevada procura de autotestes da covid-19 nos últimos dias voltou a trazer ruturas de stock aos supermercados e parafarmácias.

No fim de semana, houve lojas sem testes e ontem o cenário repetia-se. No Pingo Doce do Fórum Sintra, os testes esgotaram. Por exemplo em lojas Well’s da zona da grande Lisboa, onde esgotaram no fim de semana, ontem tinham sido repostos mas eram ao final do dia poucos. E mesmo em supermercados como o Lidl as prateleiras estavam meio vazias. Os preços mantém-se, nos 2,49 euros.

Ao i, a Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição (APED) diz não ter indicação de ruturas de stock, admitindo que poderão “ter esgotado momentaneamente numa loja”, estando em curso a reposição. “A indicação que temos é que tem havido maior procura mas a maioria dos retalhistas ainda tem muito stock”. 

O cenário de testes a voar das prateleiras, que já se tinha vivido no final de 2021, repete-se agora numa altura em que, com as infeções a aumentar, os testes deixaram de estar disponíveis gratuitamente nas farmácias. Na semana passada, a ministra da Saúde anunciou que, para descongestionar o acesso a testes rápidos, a linha SNS24 passaria a prescrever testes, de forma robotizada, a pessoas com autoteste positivo. 

No entanto a pressão nos hospitais, para que está a contribuir a procura por testes, parece manter-se. Nelson Pereira, diretor da Unidade Autónoma de Gestão de Urgência e Medicina Intensiva do Centro Hospitalar Universitário de Gestão, partilhou ontem nas redes sociais o testemunho de mais um dia “agridoce” e, nas suas palavras, “sem esperança nenhuma”: “Num dia em que inauguramos uma nova área de orto-trauma com melhores condições para os nossos doentes… Do lado covid um aumento significativo [com] 50% de positivos no fim de semana…ainda com referenciação (sem sentido) de doentes com queixas ligeiras e autotestes positivos… A provocar necessidade de aumentar a área de atendimento, o que já fizemos…”, escreveu o médico, acrescentando que se está a viver um “momento de gestão de recursos humanos particularmente difícil, sem ferramentas para modificar o estado das coisas…e sem que se vislumbre nenhum movimento no sentido de as criar”.

A procura às urgências tem estado elevada para o que era habitual no mês de maio. Na segunda-feira da semana passada, dia em que o São João anunciou que foi batido o recorde histórico de afluência, registaram-se em todo o país 20 250 idas às urgências. Habitualmente as segundas-feiras são os dias mais congestionados nos serviços de urgência, com os utentes a procurar resolver problemas e sintomas que começaram no fim de semana. 

Do lado do SNS24, o último balanço é de que desde janeiro até 10 de maio foram atendidas mais de 5,8 milhões chamadas, 474 mil a partir de 22 de abril, indicaram os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, que gerem o centro de contacto do SNS. Apesar do aumento da resposta, mantêm-se queixas de tempos de espera elevados.