Procuradoria de Milão acusa Silvio Berlusconi de ter “escravas sexuais” nas suas festas

Esta revelação sucedeu durante o julgamento do político de 85 anos pela acusação de subornos a testemunhas no chamado caso “Ruby Ter”. 

Silvio Berlusconi, antigo primeiro-ministro da Itália, foi acusado, esta quarta-feira, pela procuradoria de Milão de ter “escravas sexuais” nas festas que organizava nas suas residências com mulheres jovens.

Esta revelação sucedeu durante o julgamento do político de 85 anos pela acusação de subornos a testemunhas no chamado caso "Ruby Ter", onde a procuradora-adjunta Tiziana Siciliano afirmou que "o então primeiro-ministro costumava animar sistematicamente as suas noites recebendo na sua casa grupos de odaliscas, escravas sexuais a soldo".

Segundo Tiziana Siciliano, nas festas de Berlusconi acontecia "algo moralmente questionável, medieval, incrível", uma "violência horrível contra as mulheres" que atualmente é "encarada com repulsa".

Berlusconi senta-se mais uma vez no banco do réu no processo “Ruby Ter”, que tenta esclarecer se o magnata subornou as testemunhas de outros processos para mentirem sobre o que aconteceu nas suas festas. Devido às suas amplas implicações, o caso está a ser tratado pelo Tribunal de Milão, mas também pelos diferentes ramos em Turim, Pescara, Treviso, Monza e Siena.

Neste último, o tribunal decidiu absolver o antigo líder do Governo italiano e o pianista que costumava atender àquelas festas, Danilo Mariani, em outubro passado, depois de considerar que não ficou provado que ele subornava o músico para não testemunhar contra ele.

O leque de alegados cúmplices é extenso. O jornalista da Mediaste – grupo audiovisual detido pela família do magnata -, Emílio Fede, também foi referido na acusação como a pessoa que “ofereceu” as meninas ao “sultão” para "completar o harém".

O antigo primeiro-ministro era um homem "que podia ter o mundo aos seus pés, com amizades como a de [Presidente russo, Vladimir] Putin, que agora está a pôr o mundo de joelhos", mas agora "é um homem velho, um homem doente", sustentou Siciliano.

Em 2015, Berlusconi foi absolvido pelo Supremo Tribunal italiano no caso "Ruby", alcunha que se refere à jovem marroquina Karima el Mahroug, com quem o político teve relações sexuais quando esta era menor, e também no caso " Rubi bis" em que alguns dos seus colaboradores foram condenados.

O três vezes primeiro-ministro não compareceu às audições judiciais devido a alegados problemas de saúde. Recorde-se que Silvio Berlusconi venceu a covid-19 em 2020 e esteve hospitalizado em diversos momentos nos últimos meses por vários problemas, incluindo cardíacos.