Embargo ao petróleo russo? UE vai continuar a comprar e a um preço mais elevado, garante ministro da energia russo

O fornecimento russo de petróleo aumentou, segundo Alexander Novak, nos países da região Ásia-Pacífico, de onde poderão ser redirecionados os produtos russos para a União Europeia. Novak preferiu não revelar quais países para não os expor à “pressão de não comprar petróleo russo”.

O embargo ao petróleo russo foi uma das medidas mais apeladas pela Ucrânia e que mais custou à União Europeia de avançar. No entanto, este esforço não inviabiliza o uso do combustível russo nem resulta numa maior poupança para os cofres europeus.

A garantia parte do ministro da Energia da Rússia, Alexander Novak, que disse que a Europa vai continuar a utilizar o petróleo russo mesmo sob o embargo, uma vez que vai adquiri-lo noutros mercados para os quais as empresas russas irão vender o combustível, a um preço mais elevado.

"O mesmo petróleo que nos compraram, terão de comprar noutro lugar, pagarão mais, porque os preços definitivamente vão subir", frisou Alexander Novak, na conferência educacional "Novos Horizontes", transmitida na televisão estatal russa.

O fornecimento russo de petróleo aumentou, segundo o ministro, nos países da região Ásia-Pacífico, de onde poderão ser redirecionados os produtos russos para a União Europeia (UE).

Novak preferiu não revelar quais países para não os expor à "pressão de não comprar petróleo russo".

A queda do consumo do petróleo russo nunca foi entendida por Novak como um problema ou uma crise grave na produção de petróleo. O ministro russo está confiante de que os problemas logísticos e financeiros que surgiram devido às sanções ocidentais sejam resolvidos.

A produção petrolífera russa caiu um milhão de barris por dia em abril, mas os volumes recuperaram entre 200.000 e 300.000 barris por dia em maio e a Novak espera um novo impulso em junho, indicou.

Na ótica do ministro, para a Rússia como para a Europa "os dias de entrega vão aumentar, o número de navios terá de ser superior, o custo da carga subirá e serão necessários novos investimentos para a criação de infraestruturas adequadas".

Isto pode ditar o fim do gás russo na Europa, visto que terá de construir terminais de regaseificação e gasodutos.

No entanto, esta mudança de consumo não vai mudar o equilíbrio da produção de energia a nível global. De acordo com o ministro, nem a Rússia sairá beneficiada, porque "se diminui num lugar, aumenta noutro".

"A Europa é responsável por 15% do consumo mundial de petróleo. Fornecemos cerca de quatro milhões de barris, o que corresponde a 3% desses 15%. Terão de procurar noutro lugar, mas não há volumes extra no mercado", sublinhou.

Mesmo com o gasoduto Nord Stream 2 paralisado pela Alemanha “por razões políticas”, Novak assegurou que não será retomado num futuro próximo, mas "haverá procura no futuro".

"Os consumidores europeus precisam de fontes baratas e de baixo teor de carbono, incluindo gás. É por isso que acredito (o oleoduto) será procurado", considerou Novak, ao notar assim que a Rússia não vê o fim para os seus mercados energéticos, uma vez que é competitiva e dispõe das tecnologias necessárias.