O Apocalipse nórdico

O Apocalipse nórdico começou. A Suécia e a Finlândia tocaram a oitava trombeta. O martelo de Thor vai-se abater sobre a humanidade e nem António Guterres e a Greta juntos nos poderão salvar.

A recente decisão da Suécia e da Finlândia de entrarem para a organização belicista e invasora de países chamada NATO demonstra que os nórdicos desejam o Apocalipse. Comprova-se agora que a suposta neutralidade de décadas e os acordos de não agressão nunca passaram de uma estratégia para enganar os russos. Estratégia, aliás, semelhante à da Alemanha nazi quando assinou com a União Soviética o Pacto Molotov-Ribbentrop para depois o quebrar. Os russos já deveriam saber que não podem confiar em nazis.

Como bem denunciou o presidente Putin, a cultura sueca assenta no nazismo. Ingmar Bergman, o senhor IKEA e a Pipi das Meias Altas são três notórios nazis. 

Pipi, com o seu fenótipo ariano, representa o tipo de menina ideal das juventudes hitlerianas. É certo que era um pouco traquina e divertia-se à custa dos adultos, mas assim se vê a astúcia de Astrid Lindgren. Parecendo inocente e inofensiva, a ariana Pipi, sem mãe e abandonada pelo pai – originalmente denominado Rei dos Negros -, é na verdade um símbolo da resistência alemã depois de humilhada no Tratado de Versailles. E quando Pipi levanta o seu cavalo, qual Hércules infantil, como não ver nisto uma alegoria da força nazi e da sua capacidade para conquistar o mundo? E quanto ao seu macaquinho que só faz disparates, amigo fiel mas indisciplinado, é óbvio que se trata de Benito Mussolini. 

O cineasta Bergman, com um pai nazi e um irmão fascista, desde tenra idade desenvolveu um fascínio mórbido por Adolf Hitler que o levou a assistir a um comício do ditador onde fez saudações de braço levantado e desejou que o Terceiro Reich durasse mil anos. Afirmou que mais tarde se arrependeu – mas devemos desconfiar, como adiante se verá. Hitler nunca chegou a ver os seus filmes, se os visse não iria perceber patavina, mas a apologia dos valores nazis poderá estar presente naqueles diálogos existenciais deprimentes e nos jogos de luz e de sombra da fotografia inspirados em Leni Riefenstahl. Por exemplo, o filme O Sétimo Selo alude ao Apocalipse da Segunda Guerra Mundial e, aparentemente, não há nada a criticar. Todavia, no final os únicos personagens que a Morte não ceifa são uma trupe de artistas. Ora, sendo o próprio Hitler um talentoso artista, isto não é suspeito?

Quanto ao senhor IKEA, o caso é ainda mais óbvio. Ingvar Kamprad pertenceu a várias organizações nazis mesmo depois da guerra começar. Nos anos oitenta, o senhor IKEA confessou tudo numa autobiografia, deitou a culpa na avó e pensou que nos enganava. Porque o seu ato de contrição esconde um objetivo sinistro. Toda a gente ficou a saber que ele era nazi, mas toda a gente continuou na mesma a fazer compras no IKEA. E aqui está a perversidade do senhor Kamprad. Como ele melhorou a vida de milhões de pessoas, é natural que muitas delas se interroguem se um nazi não poderá, afinal, ser uma pessoa boa? Escondido naquelas almôndegas deliciosas do restaurante ou na estética do mobiliário, o nazismo transfigura-se em arte de massas e parolinhos às compras.

Quanto à Finlândia, admito, é um pouco menos nazi do que a Suécia. Ainda assim, por que razão não há de ser uma província russa? Entre russos e finlandeses, as afinidades culturais são muitas: ambos fazem bonecos de neve na escola, comem pratos de revirar o estômago e mergulham em lagos gelados depois da sauna. É certo que os finlandeses não têm o hábito russo de viajar embriagados pelo mundo ou a tradição de espancar as mulheres, mas, devidamente instruídos por conselheiros russos, irão aprender como se faz. 

Como vários intelectuais, generais e comediantes já explicaram, é um bocado chato anexar outros países e matar pessoas. Também se deve evitar abusos sobre mulheres e crianças, sempre que possível. E o pior de tudo é incomodar os espetadores com estas imagens. Mas, entre isso e uma Terceira Guerra Mundial, só um nazi não pode concordar que é preferível deixarem a Rússia invadir os seus vizinhos a forçá-la a usar bombas atómicas. 

O Apocalipse nórdico começou. A Suécia e a Finlândia tocaram a oitava trombeta. O martelo de Thor vai-se abater sobre a humanidade e nem António Guterres e a Greta juntos nos poderão salvar.