PME. Acesso ao financiamento condiciona crescimento

Estudo diz que pequenas empresas têm mais restrições face às de maior dimensão no acesso ao financiamento, sobretudo em períodos de crise.

Apesar da grande maioria do tecido empresarial português ser composto por pequenas e médias empresas (PME) e de servirem de alavanca para o crescimento económico existem várias barreiras ao seu crescimento, nomeadamente, financeiras. “Para se desenvolverem, investirem e criarem emprego, os capitais próprios das empresas nem sempre são suficientes”, o alerta é do estudo “O Financiamento das PME portuguesas: a crise e a recuperação entre 2008 e 2018”, realizado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS). 

O relatório admite que o financiamento bancário representa a principal forma de financiamento das PME em Portugal, no entanto, refere que em períodos de crise, os bancos tiveram “dificuldades em cumprir este papel”. Também a sua importância relativa diminuiu, passando de 67,6% do total de financiamentos obtidos em 2007 para 48,1% em 2018. Ainda assim, o estudo concluiu que as pequenas e médias empresas diminuíram o seu endividamento ao longo da última década. Mas vamos a números. Em 2007, os empréstimos obtidos junto de bancos e outras instituições financiavam 35,6% dos ativos das empresas. Em 2012, esta rubrica atingiu o valor mais elevado no período em análise (41,5%), tendo diminuído desde então (33,9% em 2018).

Também os custos de financiamento (rácio entre os gastos de financiamento e os financiamentos obtidos) das PME diminuíram de forma expressiva na última década – passaram de 5% em 2012 para 3% em 2018. “Estes custos aumentam em períodos de crise – refletindo as dificuldades de financiamento dos bancos – e diminuem em períodos de recuperação económica”, refere o documento. 

 

Crise penaliza financiamento

De acordo com o mesmo estudo, “as PME sofrem com mais frequência, em comparação com as grandes empresas, restrições no acesso ao financiamento, sobretudo durante períodos de crise”, acrescentando, no entanto que “o apoio a PME com bons indicadores financeiros é importante durante períodos de crise, pois permite estimular o investimento e contribuir para evitar a destruição de emprego”. 

E quais as consequências para quem obtém esse financiamento em períodos de crise? De acordo com o estudo, “o financiamento obtido em melhores condições durante a crise permitiu às empresas elegíveis manterem uma maior capacidade de investimento, sobretudo em ativos de longo prazo. E tal acontece, apesar de o financiamento ser feito em maturidades mais curtas, conforme discutido na secção anterior.

Já em períodos de recuperação, “quando a oferta de crédito é abundante, o benefício das políticas públicas de apoio ao financiamento de PME é menos expressivo”.

O relatório demonstrou ainda que a iniciativa PME Líder permitiu às empresas elegíveis “aumentar o acesso a financiamento bancário e diminuir os custos de financiamento, tendo as empresas participantes crescido e atingindo melhores indicadores de desempenho”.