Violino usado no filme do Feiticeiro de Oz pode ser o mais valioso vendido em leilão

 

Segundo o The Guardian, um violino Stradivarius “de notável poder e beleza” usado para tocar ‘Over the Rainbow’ no espetáculo ‘O Feiticeiro de Oz’ poderá bater  um recorde quando for leiloado na próxima semana.

O violino de 308 anos, anteriormente propriedade de Toscha Seidel – um dos maiores violinistas do século XX -, foi criado durante o célebre “período de ouro” de Antonio Stradivari e deve ser vendido por mais de 20 milhões de dólares, o equivalente a 18 milhões de euros, quando for a leilão na casa de leilões especializada Tarisio no dia 9 de junho, tornando-se “o violino mais valioso já vendido em leilão”.

De acordo com o jornal britânico, o violino, chamado “da Vinci, ex-Seidel”, deverá atingir o enorme preço devido à sua “proveniência única”. Além de ser um dos melhores – e ainda tocáveis ​​– violinos de Stradivarius, foi usado por Seidel para gravar as partituras de vários filmes de Hollywood, incluindo ‘Intermezzo’, de 1939, ‘Melody for Three’, de 1941, e o clássico musical de 1939 ‘O Feiticeiro de Oz’.

Além de usar o violino para tocar solos e com orquestras em algumas das salas de concerto mais famosas do mundo, Seidel também ensinou outras pessoas a tocar com ele.

Um dos seus alunos foi Albert Einstein, que, “em troca das aulas, lhe deu um esboço descrevendo o fenómeno da contração do comprimento da sua teoria da relatividade”, escreve o The Guardian. A dupla chegou mesmo a realizar um concerto duplo de Bach num evento de arrecadação de fundos para beneficiar cientistas judeus alemães ameaçados pelos nazis. 

Quando Seidel comprou o violino por 25 mil dólares, o equivalente a 23 mil euros, em 1924, isso foi notícia de primeira página no The New York Times. Na altura, Seidel, um imigrante de Odesa, agora na Ucrânia, disse que “não trocaria o violino por um milhão de dólares”, pois este era “o seu bem mais precioso”. “O tom é de um poder e beleza excepcionais”, afirmava à época.

Por sua vez, o violinista e escritor Adam Baer disse que todos os músicos acabaram por ser influenciados por Seidel e pelo violino, “mesmo que nunca tenham ouvido falar dele”: “O facto de associarmos em grande parte cenas de amor ou representações dos menos afortunados em filmes – ou qualquer cena que evoque lágrimas ou emoções fortes – com o som do violino deve-se grande parte a Seidel”, explicou num artigo na revista American Scholar.

“E é exatamente isso que torna o Stradivari 'da Vinci, ex-Seidel' tão significativo”, acrescentou Jason Price, fundador da Tarisio, casa especializada na venda de violinos e arcos. “Quer saibamos ou não, já ouvimos essa voz antes e a sua memória lembra todas as emoções, as lágrimas e o romance da grande tela prateada”, argumentou

Além disso, Price, defendeu que o violino é muito especial porque “preenche todos os requisitos – é um instrumento perfeito, raro e é algo que foi tocado em coisas que conhecemos e amamos. 

No período que antecedeu o leilão, o violino fez uma turné mundial, com exibições privadas organizadas para potenciais compradores em Londres, Berlim, Pequim, Xangai, Hong Kong e Nova York.

“Infelizmente nenhum músico no mundo terá condições de comprar o violino, mas isso não significa que não irão tocá-lo!”, acrescentou Prince. “Há sindicatos, por exemplo, que se reúnem para comprar os violinos e emprestá-los a músicos”, explicou.