OCDE. Guerra provoca abrandamento do crescimento económico

Organismo antecipa uma perda de dinamismo de crescimento no conjunto da zona euro, incluindo na Alemanha, França e Itália.

A Europa será uma das mais penalizadas pela guerra. De acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) o abrandamento económico irá abrandar e os países europeus serão um dos mais afetados pelos efeitos do conflito entre a Rússia e a Ucrânia. “Os mais recentes CLiIs [Indicadores Compósitos Avançados, do inglês ‘Composite Leading Indicators’], que visam antecipar flutuações cíclicas na atividade económica, estão alinhados com as últimas perspetivas económicas da OCDE [’OECD Economic Outlook’], que reviram em baixa as previsões de crescimento global devido ao impacto da guerra na Ucrânia e às contínuas interrupções nas cadeias de abastecimento”, disse a a organização em comunicado.

De acordo com os mesmos dados, os indicadores estão agora “iguais ou abaixo dos níveis de tendência de longo prazo na maioria das principais economias da OCDE”, acrescentando que estão a ser “impulsionados pela inflação alta e pela confiança muito baixa dos consumidores”, apontando ainda “para uma perda de dinamismo de crescimento no conjunto da zona euro, incluindo na Alemanha, França e Itália, e também no Reino Unido e no Canadá”.

O indicador relativo à zona euro caiu em maio pelo nono mês consecutivo, em 18 centésimas de ponto, para 99,67 pontos, ou seja, abaixo do nível 100 que indica a média de longo prazo. Os declínios em maio são ainda de 17 centésimas na Alemanha, para 100,01 pontos; de 21 centésimas na França, para 98,74 pontos; de 27 centésimas na Itália, para 99,41 pontos; e de 31 centésimas no Reino Unido, para 99,55 pontos.

A queda é ligeiramente menos intensa em Espanha (sete centésimas), mas o respetivo CLI está em 99,74 pontos, também abaixo da média de longo prazo.

Fora da Europa, o indicador continua a apontar para um crescimento estável nos Estados Unidos (queda de duas centésimas, para 99,81 pontos) e no Japão (aumento de quatro centésimas, para 100,70 pontos).
Já entre as principais economias emergentes, que não fazem parte da OCDE, os dados apontam agora para um abrandamento do crescimento na China (no setor industrial) e no Brasil, perspetivando uma evolução estável na Índia. No entanto, em relação à China, o indicador mensal para a China cai nove centésimas, para 98,84 pontos, enquanto no Brasil recua sete centésimas, para 98,42 pontos.

De acordo com a OCDE, “as incertezas que persistem relacionadas com a guerra na Ucrânia e com a covid-19 estão a traduzir-se em flutuações acima do normal nos componentes do CLI”, pelo que “os indicadores devem ser interpretados com cuidado e a sua magnitude deve ser considerada como uma indicação da força do sinal e não como uma medida de crescimento da atividade económica”.

Recorde-se que, estes indicadores têm como objetivo antecipar as flutuações cíclicas da atividade económica nos seis a nove meses seguintes, tendo por base uma série de indicadores prospetivos, como encomendas, indicadores de confiança, licenças de construção, taxas de juros de longo prazo, entre outros dados.