Começou a época do tiro a Marcelo

Nas últimas semanas Marcelo tem sido alvo de um verdadeiro tiro ao boneco. Tem levado pancada de todo o lado, parecendo até que, alguns socialistas, o estavam a provocar, mas tem-se aguentado bem, aproveitando agora a aprovação do OE para mandar os recados que bem entende.

Quem tenha estado fora de Portugal e regressado na última semana ao país deve estar a pensar que não temos um Governo com maioria absoluta e que está no poder há quase sete anos. Se, quando tomou posse do primeiro Governo, da famosa ‘geringonça’, António Costa culpava o Executivo de Pedro Passos Coelho de todos os males que o país padecia, agora o primeiro-ministro não tem quem culpar, a não ser que se vire para a ‘geringonça’ e diga que os culpados de as urgências hospitalares estarem a fechar são o PCP e o BE que o obrigaram a tomar medidas que não queria…

Este país que vive de esguichos e que durante a pandemia descobriu que já não fazia falta um novo aeroporto de Lisboa, chega agora à conclusão de que o mesmo é indispensável, pois no próximo ano será previsível que se recusem voos por falta de capacidade da Portela. É natural que Costa, a este propósito, venha dizer que já há 50 anos que se anda a discutir um novo aeroporto e que ele só está há sete no Governo… O primeiro-ministro é um verdadeiro mestre a fugir a responsabilidades, mas foi isso que lhe deu a maioria absoluta.

Como o Governo apenas tem a oposição do Chega e do IL – o BE e o PCP já mal se fazem ouvir –, o Presidente da República gostava que o PSD estivesse em palco a questionar o Governo, pois no corrente ano Marcelo Rebelo de Sousa preferia estar resguardado para não dizerem que é uma força de bloqueio. Por isso tem sido tão cauteloso – veja-se o que disse sobre o fecho das urgências –, mas como Luís Montenegro tarda em aparecer, o Presidente não teve outra alternativa do que mandar os recados na aprovação do Orçamento do Estado. «O OE para 2022 acaba por ser um conjunto de intenções num quadro de evolução imprevisível, condenado a fazer uma ponte precária para outro Orçamento – o de 2023 – cuja elaboração já começou e que se espera já possa ser aplicado com mais certezas e menos interrogações sobre o fim da pandemia, o fim da guerra, os custos de uma e de outra na vida das Nações e das pessoas».

Nas últimas semanas Marcelo tem sido alvo de um verdadeiro tiro ao boneco. Tem levado pancada de todo o lado, parecendo até que, alguns socialistas, o estavam a provocar, mas tem-se aguentado bem, aproveitando agora a aprovação do OE para mandar os recados que bem entende. Costa, como sempre, respondeu a Marcelo com a inteligência que se lhe reconhece. Esperemos pelos próximos episódios, já com Luís Montenegro em ação… ou não.

 

P. S. A vida do FC Porto é mesmo um mundo à parte, com Pinto da Costa a comandar a nação portista com a sua tropa de choque sempre pronta a atacar quem possa pôr em causa o papa. André Villas-Boas, ex-treinador e portista ferrenho, há muito que anunciou que sonha em ser presidente do clube. Esta semana teve o azar de dizer que esse desejo não desapareceu, o que foi o suficiente para o general Fernando Madureira, vulgo Macaco, atacar o hipotético candidato._Mas pior esteve Pinto  Costa que mentiu deliberadamente, numa das suas ironias habituais. Quando lhe disseram que Villas-Boas tinha afirmado que o poderio inglês era cada vez mais evidente, sendo por isso normal que os jogadores do campeonato português sejam contratados pelas equipas da Premier League, Pinto da Costa, estando pela primeira vez, em quarenta anos, nervoso com um eventual opositor, inventou que Villas-Boas deixou o banco que sempre tinha sonhado, o de treinador do FC Porto, a meia dúzia de dias de começar o campeonato nacional. Como Pinto da Costa muito bem sabe, além dos 15 milhões que o Chelsea pagou, Villas-Boas saiu do Porto a mais de 50 dias de começar a Liga. Acossado pela Justiça e agora pela oposição, o velho guerreiro começa a dar sinais de cansaço…

vitor.rainho@nascerdosol.pt