Atriz foi violada, engravidou, deu bebé para adoção e ainda teve de contar tudo após rumores

“Como mulher, eu fui violentada primeiramente por um homem e, agora, sou reiteradamente violentada por tantas outras pessoas que me julgam”, escreveu Klara Castanho, após ter sido obrigada a partilhar o momento mais traumático e doloroso da sua vida.

Klara Castanho é um dos tópicos mais comentados no Twitter, a história da jovem atriz brasileira está a chocar o Brasil e agora Portugal.

Foi a própria atriz, de 21 anos, que contou o que aconteceu, mas não porque assim tivesse desejado, sentiu-se obrigada a explicar que foi violada, que engravidou e só descobriu quase no fim da gestação e que tomou a difícil decisão de dar o bebé para a adoção.

Tudo isto já era mais do que o suficiente para virar a vida de Klara Castanho do avesso, mas a história ainda piora e para a atriz ver rumores descontextualizados sobre si na imprensa foi como se fosse violada outra vez.

“Este é o relato mais difícil da minha vida”, começa por escrever a atriz, que revelou ter sido violada numa cidade onde estava sozinha, sem família ou amigos, mas que não apresentou queixa por vergonha e culpa. “Relembrar esse episódio traz uma sensação de morte, pois algo morreu em mim”, afirma num comunicado.

“Tive a ilusão de que se fingisse que isso não aconteceu, talvez eu esquecesse, superasse. Mas não foi o que aconteceu”, adiantou.

Explicou que após o evento traumático tomou a pílula do dia seguinte e tentou seguir com a vida. “Tive a ilusão de que se fingisse que isso não aconteceu, talvez eu esquecesse, superasse. Mas não foi o que aconteceu”, adiantou.

Começou a sentir-se mal e foi ao médico que lhe passou vários exames e foi durante um deles que foi informada de que estava grávida. "Fui informada que gerava um feto no meu útero. Sim, eu estava quase no término [fim] da gestação quando soube. Foi um choque. O meu mundo caiu. Meu ciclo menstrual estava normal, meu corpo também. Eu não tinha ganhado peso e nem barriga", recordou, revelando que foi como se tivesse sido "novamente violada e novamente culpada", mas o que sentia ainda iria piorar, tudo por causa da reação do médico.

“Não teve nenhuma empatia por mim. Esse profissional me obrigou a ouvir o coração da criança, disse que 50% do DNA eram meus e que eu seria obrigada a amá-lo”, contou.

“Ainda estava tentado juntar os cacos quando tive de lidar com a informação de ter um bebé. Um bebé fruto de uma violência que me destruiu como mulher. Eu não tinha (e não tenho) condições emocionais de dar para essa criança o amor, o cuidado e tudo o que ela merece ter”, afirmou.

O parto aconteceria poucos dias depois de saber que estava grávida. E após muita ponderação, a atriz decidiu dar o bebé para adoção. “Tomei a atitude que considero mais digna e humana”, explicou.

Após o parto e ainda no bloco, Klara foi ameaçada por uma enfermeira, que fez perguntas e ainda deixou no ar: “‘Imagina se tal colunista descobre essa história”. Foi o suficiente, quando chegou ao quarto já tinha mensagens da imprensa.

Pediu para não publicarem nada e o pedido foi acatado, mas não por muito tempo e uma notícia, com incorreções e incongruências acabaria por sair na imprensa e obrigaria Klara a contar a sua dolorosa história.

“Os profissionais que deviam ter-me protegido em um momento de extrema dor e vulnerabilidade, que têm o dever legal de respeitar o sigilo da entrega, não foram éticos, nem tiveram respeito por mim e nem pela criança“, lamentou.

“Vocês não têm noção da dor que eu sinto. Tudo o que fiz foi pensado em resguardar a vida e o futuro da criança. Cada passo está documentado e de acordo com a lei. Como mulher, eu fui violentada primeiramente por um homem e, agora, sou reiteradamente violentada por tantas outras pessoas que me julgam”, explicou no comunicado, que já tem mais de 7 milhões de likes no Instagram.