O PSD está de volta

A robustez da vitória de Luís Montenegro reforça a legitimidade das opções a fazer.

por Pedro Alves
Ex-deputado. Dirigente do PSD

O PSD está de volta! É uma expressão que ganha um significado peculiar para todos os militantes e dirigentes do PSD que, nos últimos anos, estiveram envolvidos ativamente na vida interna do partido, mesmo aqueles que apoiaram Rui Rio até ao último dia. Foram quatro anos perdidos. Se hoje o Partido Socialista tem uma maioria absoluta, apenas o deve ao mau desempenho do PSD. A incapacidade de fazer uma oposição sistemática e assertiva, nunca permitiu constituir-nos como a alternativa que os portugueses ambicionavam.

Se para os militantes as eleições diretas representaram, não apenas, uma mudança de liderança, como de estratégia e de posicionamento, para os portugueses, a sensação de regresso do PSD é também um sinal de Esperança, pelo inconformismo e pela possibilidade da construção de uma alternativa ao empobrecimento que os Governos de António Costa, habilidosamente, construíram e consolidaram.

Os piores anos da história do PSD coincidiram co a crise de representatividade que as democracias ocidentais vinham a enfrentar há já algum tempo. Esta perda de confiança nos partidos e instituições permitiu que se fosse gerando alguma incerteza quanto ao futuro do PSD. Aliás, o fatalismo de alguns e o desejo de outros anunciavam a transformação do PSD num partido médio incapaz de ser atrativo e mobilizador dos portugueses. Só quem não conhece a força e a dinâmica da militância do PSD pode errar tão clamorosamente.

A nossa história já nos habituou a estes augúrios. Respondemos com humildade e sabedoria, nunca abdicando dos nossos valores e identidade. Foi assim com Sá Carneiro, com Cavaco Silva, Durão Barroso e Pedro Passos Coelho. Os portugueses acreditaram e confiaram-nos os destinos de Portugal. Cumprimos sempre com distinção. Entregámos o país sempre em melhores condições do que o recebemos.

Hoje, o PSD tem pela frente novos desafios. O primeiro é reafirmar-se como partido de largo espetro e a única alternativa ao PS. Este desiderato, por estranho que pareça, passa por ganhar eleições autárquicas em 2025 e pelo envolvimento dos nossos autarcas nos atuais processos de definição, decisão e concretização da estratégia do partido. Se as eleições autárquicas são importantes para a implantação do partido, o envolvimento dos autarcas, desde o início, é fundamental porque representam mais do que o partido, representam comunidades e territórios.

Em segundo lugar, ao nível da organização interna, é urgente unir, desburocratizar e crescer. O partido precisa de ser dinâmico e atrativo. Para que tal aconteça tem que ser uma plataforma de oportunidades e de debate de ideias, onde a diversidade seja a mais-valia e não um delito de opinião. Valorizar o trabalho, a dedicação, as dinâmicas e as competências das diferentes estruturas do partido é crucial para motivar a máquina que tantas vitórias deu ao PSD e a Portugal.

Por último, agir e comunicar com os portugueses. O PSD tem que saber interpretar a nova estrutura social do país. Perceber cada segmento. Compreender as dinâmicas e a sua volatilidade. Novos tempos e novos desafios exigem soluções diferentes e alternativas. Porém, é inevitável estar próximo das pessoas e das instituições, conhecer a realidade dos seus problemas e ambições. Sem proximidade, não se constrói alternativa.

A robustez da vitória de Luís Montenegro reforça a legitimidade das opções a fazer. O partido percebeu e acreditou que há um caminho alternativo para liderar a oposição e ganhar o país. Os tempos que vivemos são de grande incerteza e dificuldade, mas voltámos a acreditar. O PSD está de volta.