“Quero que saibam quão triste estou de abdicar do melhor trabalho do mundo”

O primeiro-ministro britânico, que se tentara agarrar ao seu posto perante sucessivos escândalos, resistindo a uma moção de censura dentro do seu partido, cedeu perante uma onda de demissões.

“Ninguém é remotamente indispensável”, declarou Boris Johnson, à porta do nº10 de Downing Street, anunciando que o processo para escolher um novo líder para conservadores – e, sendo este o partido mais votado, para o Reino Unido – ia começar para a semana.

“Hoje nomeei um gabinete para servir, como eu farei, até que um novo líder esteja no seu lugar”, explicou o primeiro-ministro demissionário. Que se agarrou ao poder perante sucessivos escândalos, mas não resistiu a uma onda de demissões no seu Executivo, após o escândalo de se saber que nomeara como responsável da disciplina no seu partido Christopher Pincher, um deputado que já era alvo de sucessivas alegações de assédio, inclusive contra outros deputados.

“Quero que saibam quão triste estou de abdicar do melhor trabalho do mundo”, lamentou Johnson. A popularidade do primeiro-ministro afundou com o escândalo do Partygate, quando se soube que o seu Executivo quebrara sistematicamente as regras de confinamento contra a covid-19 que impusera ao resto do país. Johnson era há muito visto por boa parte dos conservadores como uma fragilidade eleitoral para o partido, chegando vários candidatos locais a publicar materiais em que se distanciavam do seu líder. Mas este, enquanto se demitia defendeu a sua insistência em manter-se no posto. “Pensei que era o meu trabalho, o meu dever e a minha obrigação para com vocês”, justificou.