PSD não abre o jogo até Governo dizer o que vai fazer com novo aeroporto

PSD coloca a bola no lado do Governo e atira com “divergência essencial” entre Costa e Pedro Nuno Santos.

“Não pode haver progressos sem o Governo dizer o que quer fazer”, respondeu o vice-presidente do PSD sobre a questão do novo aeroporto de Lisboa, à saída da primeira reunião da comissão política do partido. Paulo Rangel insistiu que primeiro é preciso saber o que o Governo vai fazer com a “avaliação ambiental estratégica” (que contempla três alternativas de localização) e que tinha sido adjudicada antes da polémica entre o primeiro-ministro e o ministro das Infraestruturas.

“O primeiro-ministro ainda não disse ao país o que vai fazer com a avaliação ambiental estratégica que está adjudicada. Foi invalidada pelo despacho do secretário de Estado das Infraestruturas, mas como esse foi revogado, a avaliação está de novo em cima da mesa”, lembrou o social-democrata.

O partido quer ainda saber se o Governo vai levar avante a avaliação ambiental estratégica com a entidade adjudicada, “a respeito da qual se levantaram questões de transparência”. Após conhecer-se a decisão do Governo, Rangel garante que haverá “terreno” para o PSD conversar sobre as outras dimensões desta matéria.

Questionado sobre se o PSD pretende que a avaliação ambiental avance, Rangel rejeitou adiantar uma posição: “O primeiro-ministro é muito hábil em fazer o ‘passa culpas’. Mas quem está no Governo há sete anos e hoje tem maioria absoluta é António Costa”.

Sobre esta questão, o número dois do PSD adiantou apenas que o partido está em “maturação” da sua posição, reforçando que neste momento é o primeiro-ministro que “tem de dar explicações”.

“Estamos a fazer o nosso trabalho de casa. O trabalho que é feito na praça pública esse compete ao Executivo que tem há sete anos este dossiê na mão e ainda não foi capaz de o resolver”, atirou, reiterando que a avaliação ambiental estratégica já foi objeto de adjudicação e que agora é “preciso haver uma decisão política para a pôr em marcha” e que esta cabe ao Governo e não ao principal partido da oposição.

Rangel avançou ainda que António Costa se vai reunir com Luís Montenegro, mas numa reunião que não é especificamente sobre este tema. “Há de haver oportunamente um encontro entre o primeiro-ministro e o presidente do PSD, mas não para tratar desse assunto. Será um encontro que não será especificamente para tratar sobre esta questão.”

O social-democrata aproveitou para puxar pela “divergência essencial” que diz que continua a existir entre António Costa e Pedro Nuno Santos, para condenar a atitude do primeiro-ministro ao tratar a polémica como  “um erro efémero”, remetendo-a para a esfera dos “casos e casinhos”.

“É o maior investimento público que Portugal tem para fazer nas próximas décadas. Se se trata de um ‘caso e de um casinho’, não se compreende por que o primeiro-ministro no estrangeiro se viu na obrigação de fazer um comunicado, no fundo, a repreender o seu ministro e o obrigar a revogar o despacho”, salientou.

E acrescentou ainda que o despacho de revogação “é extremamente claro em mostrar que continua a haver uma divergência essencial entre o primeiro-ministro e o seu ministro”. 

Falhas estruturais De acordo com o eurodeputado, o combate aos incêndios e o “caos na saúde” foram dos temas prioritários tratados na primeira reunião da comissão política  do PSD. Na sede do partido, Rangel lembrou que Montenegro, no seu primeiro ato como líder há uma semana, foi a Pedrógão Grande antes de existir a vaga de calor, naquilo que considera ser uma prova que o assunto foi sempre “prioritário para o PSD”.

O dirigente social-democrata denunciou também “falhas estruturais” na preparação do combate. “Há uma seca extrema, há uma vaga de calor, há falhas na política florestal, no apoio aos bombeiros, na política de comunicações”, elencou.
Mostrando-se solidário com o combate aos incêndios e registando positivamente que o primeiro-ministro tenha apelado para que todos os portugueses tenham comportamentos que diminuam os riscos, Rangel alertou que não se pode atirar as responsabilidades só para as pessoas. 

Em matéria de Saúde, atacou o Governo com “o dominó de encerramentos pelo país”, sobretudo na área da obstetrícia e pediatria. “Se encerramos as urgências em muitas localidades, temos de deslocar as pessoas e se temos problemas com os veículos de emergência essas pessoas vão ter dificuldade em deslocar-se”, alertou, manifestando ainda a preocupação da direção do PSD pelo “excesso claro de mortalidade inexplicável” em Portugal, atribuindo falhas à gestão da ministra Marta Temido e do Ministério da Saúde.