60 anos de Tom Cruise: uma vida de filme

Tom Cruise celebrou 60 anos de idade, e é o protagonista de uma vida que ela própria daria para um filme. Da Cientologia às viagens espaciais, Cruise é um homem de Hollywood, sem dúvida, com um percurso repleto de representações memoráveis, como as de ‘Top Gun’ e ‘Missão Impossível’.

No dia em que cumpriu 60 anos de vida, Thomas Cruise Mapother IV, melhor conhecido como Tom Cruise, decidiu celebrar em grande: foi avistado em Silverstone, no Grande Prémio da Grã-Bretanha, onde chamou a atenção na zona VIP, e onde confessou ser fã de Lewis Hamilton.

Foi a celebração das seis décadas de vida de um dos atores mais conhecidos de Hollywood e do cinema mundial. 60 anos de uma vida preenchida de altos e baixos, de momentos caricatos e de drama. A nível de filmografia, Cruise é invejável para qualquer outro ator ou aspirante a ator. É que foi o ator de Syracuse, Nova Iorque, que interpretou Pete “Maverick” Mitchell no filme Top Gun, um dos maiores filmes de culto de sempre, nos anos 80, que teve direito a uma sequela já este ano, chamada Top Gun: Maverick.

Mas este, apesar de ser o mais conhecido, não é o único ‘grande’ papel que o ator desempenhou. É Cruise que dá vida a Vinent Lauria em A Cor do Dinheiro, filme contemporâneo de Top Gun dirigido por Martin Scorsese, bem como a Ethan Hunt, o mítico protagonista de Missão Impossível, um dos mais icónicos franchises de Hollywood de sempre, com direito a seis filmes e mais dois a caminho.

Ainda assim, Cruise nunca recebeu um Óscar, tendo sido nomeado em três ocasiões diferentes: para Melhor Ator em 1990, pelo papel desempenhado em Nascido a 4 de Julho; para Melhor Ator em 1997, pelo papel desempenhado em Jerry Maguire; para Melhor Ator Secundário em 2000, pelo papel desempenhado em Magnólia.

Mas conquistou, sim, três Globos de Ouro: pelos seus papéis nos filmes Jerry Maguire, Nascido a 4 de Julho e Magnólia. Uma curiosidade: Tom Cruise dispensa duplos, fazendo ele próprio todas as cenas de ação mais perigosas.

A vida com Nicole Kidman
Uma estrela do tamanho de Tom Cruise atrai, inevitavelmente, a atenção de milhões de pessoas, bem como de tablóides e meios de comunicação. Como tal, o seu casamento com Nicole Kidman foi tema de conversa para horas e horas de televisão e rádio, bem como para milhares de linhas de texto em jornais e revistas por todo o mundo. O casal ‘deu o nó’ em 1990, acabando por se separar em 2001, num dos divórcios mais mediáticos de sempre. Dos três filhos de Cruise, dois foram adotados com Kidman, a atriz que contracenou com o seu então marido num dos filmes mais controversos da sua carreira: De Olhos Bem Fechados, de Stanley Kubrick. O filme é um psicodrama com fortes toques de erotismo, que ficou para sempre nos anais da história do cinema, principalmente entre os adeptos do trabalho de Stanley Kubrick.

Mas Cruise não esteve só casado com Nicole Kidman. Mesmo antes da união com a atriz, o ator tinha já estado casado com Mimi Rogers, a sua primeira mulher, entre 1987 e 1990. E mesmo depois de separar-se de Nicole Kidman, acabaria por casar uma terceira e última vez (para já), com Katie Holmes. Cruise esteve casado com a atriz entre 2006 e 2012, acabando por ter o seu terceiro e único filho biológico com ela – a jovem Suri.

Mas desengane-se quem acha que a primeira mulher de Tom Cruise passou desapercebida, ou anónima. Foi ela que o converteu à Cientologia, o movimento criado pelo escritor L. Ron Hubbard que mistura temas de religião e sociedade e segue um estilo de vida próprio e, muitas vezes, controverso. Isto porque a Cientologia prevê, entre outras políticas, o ‘desligamento’, encorajando os membros a cortar todo o contacto com amigos ou familiares que sejam antagónicos à Cientologia. Aliás, em 2011 foi revelado que a Igreja da Cientologia estava a ser investigada pelo FBI, por suspeitas de tráfico humano e trabalhos forçados.

Por isso, a ‘conversão’ de Tom Cruise à Cientologia em 1986, tornando-se praticamente um ‘embaixador’ desse ‘culto’, como alguns lhe chamam, em 2000, criou uma aura de mistério e polémica em torno do ator, que alega ter curado a sua dislexia graças à Cientologia e ao método de ensino de L. Ron Hubbard.

Foi em 2004, no entanto, que Tom Cruise fez uma das declarações mais polémicas da sua carreira: «Penso que a psiquiatria devia ser ilegalizada». Uma corrente de pensamento que vai de mãos dadas com as crenças associadas à Cientologia, que é contra os tratamentos psiquiátricos e os medicamentos psicoativos.

Aliás, mais tarde Cruise regressou às críticas, considerando que a psiquiatria é uma ‘pseudociência’. Isto em 2005, ano em que criticou a atriz Brooke Shields por recorrer ao medicamento Paxil (paroxetina), um antidepressivo que a mesma terá consumido para recuperar da depressão pós-parto após o nascimento da sua primeira filha, em 2003. Em resposta, a atriz  disse que Cruise se «devia limitar a salvar o mundo dos alienígenas e deixar as mulheres que sofrem de depressão pós-parto decidirem quais opções de tratamento são melhores para elas».

Trajetória
A vida de ator de Tom Cruise começou aos 18 anos, quando se mudou de Syracuse, no estado norte-americano de Nova Iorque, para Nova Iorque e, depois, para Los Angeles, na Califórnia.

Por lá, procurou trabalho na televisão e no cinema, conquistando uma breve aparição no filme Um Amor Infinito, de Franco Zeffirelli (1981). Nesse mesmo ano, no entanto, viria um dos grandes ‘passos’ na carreira artística de Cruise: um papel como personagem secundária no filme Taps, de Harold Becker. Seguiram-se vários papéis importantes até atingir o ‘topo’ com Top Gun, em 1986.

Vida
Apesar de ter nascido em Syracuse, os pais de Tom Cruise eram ambos de Louisville, no Kentucky. O pai, Thomas Cruise Mapother III era engenheiro elétrico, e morreu quando Cruise tinha apenas 22 anos. Já a mãe, Mary Lee (nascida Pfeiffer) era professora de Ensino Especial.

Ao longo dos anos, Cruise revelou as opiniões controversas que tinha sobre o pai, catalogando-o como «um mercador do caos», um «rufia» e um «covarde» que batia nos filhos. «[O meu pai] era o tipo de pessoa que, se algo der errado, ele dá-te um pontapé. Foi uma grande lição na minha vida – como ele te acalentava, fazia-te se sentir seguro e, de seguida, bang! Para mim, foi como, ‘Há algo de errado com este gajo. Não confies nele. Tem cuidado com ele’».
A vida de Cruise passou um bocado por todo o país e até fora dele, com um período da sua infância a decorrer no Canadá, em 1971, quando o seu pai conseguiu um emprego como consultor de defesa nas Forças Armadas do Canadá. Depois do divórcio dos pais, no entanto, Cruise acabou por voltar para os Estados Unidos junto da mãe e das três irmãs.