Congresso CDS. Nuno Melo chama Lobo Xavier e Morais Leitão para futuro Gabinete

O presidente do CDS-PP discursou no 30.º Congresso do partido, a decorrer em Aveiro.

Nuno Melo já discursou no 30.º Congresso do CDS-PP, que está a decorrer na cidade de Aveiro, e que prevê a discussão e a votação de várias alterações aos estatutos do partido.

A intervenção do presidente centrista começou com um minuto de silêncio pelo piloto André Rafael Serra, que morreu recentemente no combate aos incêndios que assolam o país, em Vila Nova de Foz Côa (Guarda).

De seguida, Nuno Melo passou a nomear as novas estruturas que quer ver criadas no partido, e as respetivas figuras que pretende convidar para presidir às mesmas, uma vez aprovada a sua criação.

"Um dos órgãos cuja constituição aqui trago é o Gabinete de Apoio Estratégico e Programático do CDS, que será a grande Universidade do partido, constituído por militantes mas também independentes. Terá vários grupos, cada um nas áreas setoriais relevantes na vida pública. Cada grupo coordenado por independentes e noutros casos por militantes", explicou Nuno Melo, revelando que convidará António Lobo Xavier e Miguel Morais Leitão para presidir ao mesmo.

Mas também na internacionalização Nuno Melo propõe a criação de um Gabinete de Relações Internacionais, realçando o papel do CDS-PP no Parlamento Europeu e no grupo do Partido Popular Europeu. 

"Temos que valorizar a internacionalização. O CDS é um partido fundador do PPE, e podemos não estar na AR mas estamos no Parlamento Europeu. A política que ajuda a construir a Europa passa também pelo CDS, e é por isso que criamos um Gabinete de Relações Internacionais", defendeu Nuno Melo, apontando para Luís Queiró, "um dos nossos melhores, enquanto líder parlamentar que foi, uma das melhores inteligências" do partido, para presidir a este Gabinete, uma vez criado.

Finalmente, também no mundo da comunicação do partido Nuno Melo pretende ver criado um Gabinete especializado. "Sei vagamente o que é o TikTok e vou interagindo com as redes sociais, mas sou do tempo das cassetes. Mas temos muitos jovens connosco. Hoje, a comunicação tem de ser transmitida com múltiplas linguagens. Precisamos de um grupo altamente profissionalizado, que pode ser constituído por pessoas do partido mas também independentes", explicou o líder centrista, apontando MariaLuísa  Alvim para presidir este grupo.

De resto, Nuno Melo reiterou os argumentos a favor das diferentes propostas de alterações estatutárias: desde o fim das correntes de opinião dentro do partido – "Temos que valorizar o que nos une e na medida do possível acabar com o que nos separa, e não tem a ver com divergência de opinião, mas sim oposição entrincheirada, que não dinamiza canais de comunicação Devemos acabar com trincheiras que nos separam, muros que nos dividem. Convivemos toda a vida com correntes de opinião. Somos o tal partido democrata-cristão aberto a conservadores e correntes liberais" – até à integração de outros ativos na vida ativa do partido – "Temos que valorizar os nossos ativos, que estão, neste momento, nos Governos regionais, nas autarquias, no Parlamento Europeu. Ferramentas fundamentais que temos e que outros não têm. O que temos, há partidos que elegeram deputados na AR, que nem sequer se lhes aproxima. São realmente os nossos melhores, porque mostraram o seu valor nas urnas", argumentou o líder centrista.

Sobre a atual ausência de representação do partido na Assembleia da República, Nuno Melo foi direto ao assunto: "As coisas são como são, perdemos o Grupo Parlamentar, mas não vou perder tempo no Grupo Parlamentar que perdemos. Vou guardar toda a força para reconquistar um novo que possa fazer justiça".

O líder centrista falou ainda das relações com a Juventude Popular e com a Federação dos Trabalhadores Democratas-Cristãos, argumentando que têm de ser "modernizadas". "É importante que a FTDC participe nas eleições do partido, acho muito mal que participe se não forem filiados no partido. Continuaremos a ter a porta aberta e a colaborar, a contar nas listas com pessoas que são muitas vezes os nossos melhores", argumentou Nuno Melo, concluindo: "Se as coisas correrem bem, cá estaremos muito felizes. Mas se correrem mal, cá estarei para assumir as responsabilidades. Agora, temos de ter essas ferramentas. Ajudem-me a construir esse futuro".

Seguidamente à intervenção de Nuno Melo, seguiram-se os discursos de Nuno Correia da Silva, antigo dirigente sob a alçada de Manuel Monteiro, e José Augusto Gomes. O primeiro, negando que a sua proposta pretenda deixar de fora do partido seja quem for, mas realnçando que pretende que o partido se dirija à Direita Social e não ao centro. Já José Augusto Santos aproveitou o momento para defender a alteração que prevê que "todos os filiados têm que ter resposta às questões que levantam, quer aos órgãos nacionais quer aos órgãos regionais, em sete dias úteis", e que presidentes de concelhias e distritais não possam ser candidatos a eleições autárquicas, nacionais ou europeias.

O 30.º Congresso do CDS decorre no Centro de Congressos de Aveiro, onde será também realizada uma sessão solene para celebrar os 48 anos do partido.