Reino Unido. Dia mais quente de sempre deixa o país em chamas

Calor extremo no Reino Unido levou ao encerramento de escolas e ao cancelamento de comboios. França e Espanha também não têm sido poupados.

A onda de calor na Europa continua a aquecer o Velho Continentes, com o Reino Unido a registar as maiores temperaturas de sempre no país. Um calor tão avassalador que provocou um incêndio de grandes dimensões na capital inglesa. Além de vários fogos em relva seca e em edifícios edifícios, que ocorreram ontem de manhã, os bombeiros foram chamados a combater “fogos significativos” em várias partes da cidade, alguns dos quais se alastraram para várias casas.  

Ao todo, 105 carros de bombeiros foram mobilizados para combater chamas em locais como Upminster, Wennington, Southgate, Wembley ou Croydon. Os incêndios ocorreram no dia mais quente de sempre no Reino Unido. Se no passado, o dia mais quente de sempre neste país tinha acontecido em Cambridge, em 2019, com 38,7ºC, especialistas esperavam que, durante o dia de ontem, as temperaturas tivessem atingido os 42ºC. 

Uma situação sem precedentes, que levou o serviço nacional meteorológico, Met Office, a lançar um alerta vermelho de calor extremo nas zonas no norte, sudeste e centro de Inglaterra. 

“Para os meteorologistas, exceder os registos por uma margem de 2 ou 3 graus é um pensamento surpreendente uma vez que, historicamente, os registos eram superados por apenas frações de grau”, afirmou o especialista do clima da BBC, Simon King. 

O calor extremo levou as autoridades a encerrar algumas escolas e empresas de transporte ferroviário a cancelarem os seus serviços, uma vez, que os trilhos deste meio de transporte registariam 62ºC, tornando impossível a sua circulação. “Não tomamos decisões como esta de ânimo leve”, disse o diretor da Network Rail, empresa proprietária e gerente da maior parte da rede ferroviária do Reino Unido, Jake Kelly. “Os nossos engenheiros trabalham arduamente para avaliar a capacidade da infraestrutura que enfrenta este calor recorde e decidimos que não tínhamos outra escolha a não ser fechá-la”.

O secretário de Transportes, Grant Shapps, disse que a rede ferroviária do Reino Unido não consegue lidar com o calor extremo, acrescentando que levaria “muitos anos” até que as infraestruturas pudessem lidar com este clima mais quente. “Estamos a criar linhas aéreas que possam suportar temperaturas mais altas. Mas, apesar de termos a melhor vontade do mundo, esta é uma infraestrutura que levou décadas a ser construída, em que algumas de nossas ferrovias contam com 200 anos”.

Foram ainda registadas mortes diretamente ligadas ao calor: 13 vítimas mortais que apareceram afogadas em rios, lagos e reservatórios no Reino Unido, enquanto se tentavam refrescar. 

Também Espanha está a ser fustigada por incêndios, que já foram descritos como “a pior emergência desde que há registos”, disse o diretor-geral da Proteção Civil à Cadena Ser.

O país de “Nuestros Hermanos” está a viver uma situação difícil, ao registar a segunda onda de calor este ano, agora, com temperaturas entre os 39ºC e os 45ºC, que já mataram mais de 500 pessoas, entre os dias 10 e 16 de julho. A primeira onda de calor fez 370 vítimas mortais. Segundo as autoridades, estima-se que a maior parte das vítimas, 321, sejam de idades superiores a 85 anos.

Já em França foram registados diversos recordes de temperatura, nomeadamente 39,5 graus centígrados (39,5°C) em Saint-Brieuc, 42°C em Nantes ou 42,6°C em Biscarosse, segundo dados a Météo France. Esta situação levou que diversas partes do mapa estivessem em alerta de perigo, com 15 departamentos em risco devido à onda de calor.

O recorde anterior neste país, 46 graus centígrados, tinha sido alcançado em 28 de junho de 2019 em Vérargues (Sul).

Cerca de 8 mil pessoas tiveram de ser retiradas preventivamente, esta segunda-feira, de dois distritos de La Teste-de-Buch (sudoeste), cidade na bacia turística de Arcachon, afetada por um grande incêndio que deflagrou durante vários dias, à beira do rio Atlântico, revelou a autarquia.

Outra região afetada foi Landiras, no sul do Gironde, onde cerca de oito mil pessoas tiveram de deixar suas casas. Mais de 15 500 hectares de vegetação foram queimados e cinco parques de campismo foram evacuados nos últimos dias, afetando cerca de 6 mil turistas.