Comunicar Ciência através do TikTok, porque não?

As redes sociais são vistas nos meios tradicionais com descrédito e como propagadoras de notícias falsas. No entanto podem de facto ser uma forma de divulgação de informação válida e muito eficaz, especialmente se a fonte for uma entidade reconhecida e credível como são as universidades. 

Por Pedro Faísca, Vice-Diretor da FMV-ULHT, Professor auxiliar da Faculdade de Medicina Veterinária

Todos os anos, no final da primavera, em várias partes do mundo, as Universidades têm por hábito celebrar o fim de um ciclo e homenagear os novos graduados. Nas universidades americanas, nessas celebrações, são famosos os ‘Commencement speeches’ dados por celebridades relevantes no momento. Alguns desses discursos ficaram célebres, como o proferido em 2005 por Steve Jobs na Universidade de Stanford, ou o do Almirante William H. McRaven na Universidade do Texas em 2014, ou ainda o do Mark Zuckerberg na Universidade de Harvard em 2017. 

Este ano a Faculdade de Medicina da Universidade de Yale convidou uma estrela do TikTok para fazer o discurso. Trata-se William Flanary, médico oftalmologista, mas que é mais conhecido como Dr. Glaucomflecken uma estrela das redes sociais e humorista de stand up comedy.

O Dr. Glaucom-flecken faz sátira inteligente à profissão médica, ao sistema de saúde americano, às companhias de seguro, mas também às singularidades da profissão e das diferentes especialidades através de pequenos vídeos que publica nas redes sociais. De uma forma leve e cómica coloca o dedo na ferida e passa a mensagem aos milhares de pessoas que o seguem nas várias redes sociais (TiKTok 1,7 Milhões www.tiktok.com/@drglaucomflecken; Twitter 584K www.twitter.com/dglaucomflecken).

As redes sociais são vistas nos meios tradicionais com descrédito e como propagadoras de notícias falsas. No entanto podem de facto ser uma forma de divulgação de informação válida e muito eficaz, especialmente se a fonte for uma entidade reconhecida e credível como são as universidades. 

É urgente, as nossas universidades adaptarem-se… o seu público alvo são os jovens e estes não utilizam as formas tradicionais de comunicação. As novas gerações não procuram informação, antes esperam que esta venha ter com elas de preferência no “feed” do seu telemóvel. 

Não é por ser numa rede social, num vídeo cómico ou noutro formato mais simples que a informação deixa de ser importante e verosímil. Se chegar a mais pessoas foi de certeza mais eficaz. As ditas fake news viralizam tão facilmente porque utilizam esta estratégia. A Ciência e as Universidades devem utilizar os mesmos meios para assim chegar a mais pessoas e com isso ajudar a combater a desinformação.

A Faculdade de Yale percebeu a mensagem, vamos seguir o seu exemplo.