Chefe da diplomacia russa agradece aos EUA e UE por deixarem de colocar obstáculos ao acordo dos cereais

Para Serguei Lavrov, a assinatura deste acordo com a Ucrânia prova que o Ocidente tentava culpabilizar a Rússia pelo bloqueio dos cereais no mercado internacional. 

O ministro dos Negócios Estrangeiros russo saudou, esta sexta-feira, a atitude dos Estados Unidos e da União Europeia de recuar um passo e facilitar a assinatura do acordo para exportar cereais retidos no Mar Negro.

"É gratificante que Washington e Bruxelas tenham deixado de colocar obstáculos aos acordos hoje alcançados", apontou Serguei Lavrov numa declaração divulgada pelo seu ministério.

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Na ótica de Lavrov, "a assinatura do memorando Rússia-ONU demonstra uma vez mais o caráter absolutamente artificial das tentativas do ocidente em atribuir à Rússia a culpa pelos problemas de fornecimento de cereais no mercado internacional".

"Esperamos que sejam adotadas em breve todas as medidas necessárias para o efetivo cumprimento dos ditos acordos", frisou, ao salientar a importância da ONU neste acordo e ainda a necessidade de a comunidade internacional, neste caso os países ocidentais, de assumir “uma abordagem construtiva” sobre esta solução.

"Atendendo à importante contribuição dos produtos agrícolas russos e ucranianos nos mercados mundiais, a garantia da sua exportação ininterrupta responde aos prementes desafios de manter a segurança alimentar, em particular nos países em desenvolvimento ou menos desenvolvidos", assinalou o chefe da diplomacia russo, sublinhando que este acordo vai contribuir para erradicação da fome, um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

Além do acordo para exportações de cereais ucranianos, também foi assinado outro acordo, em Istambul, na Turquia, sobre a exportação de produtos agrícolas e fertilizantes russos.

Segundo Lavrov, desde o início das negociações, as duas propostas estavam inseridas num “pacote” que foi apresentado pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, e apoiado pela presidência russa, mas Kiev sabotou a vinculação entre as duas partes.

A Rússia "continuará fiel aos seus compromissos nesta esfera", assinalou Serguei Lavrov, ao considerar “inadmissível e inumano” a utilização de alimentos por parte dos EUA e seus aliados como moeda “nas suas aventuras geopolíticas”.

A Ucrânia e a Rússia assinaram hoje um acordo para desbloquear a exportações de cereais retidos no Mar Negro devido à guerra, numa cerimónia, em Istambul, na Turquia, que contou com a presença dos dois mediadores: Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdoğan, e o secretário-geral da ONU, António Guterres.

O acordo foi assinado em dois documentos separados, visto que a Ucrânia se recusou a assinar o mesmo papel que a Rússia, e deverá vigorar durante quatro meses e tem a possibilidade de ser renovado.