Da esquerda à direita, transbordam as críticas à polémica das esquadras

PSD considerou que as esquadras móveis no Porto são um “paliativo”. PCP acusa “política de remendos”.

O fecho temporário de uma esquadra da PSP no Porto, e a abertura, em compensação, de duas esquadras móveis, tem sido tema de conversa da esquerda à direita. Durante o dia de ontem, tanto PCP como PSD se pronunciaram sobre o assunto, ambos em tom crítico às decisões do Governo, mais especificamente do Ministério da Administração Interna, tutelado por José Luís Carneiro.

Em comunicado, os comunistas acusaram o Governo de tomar “medidas paliativas e dilatórias sem medir tudo o que envolve determinadas opções”, considerando ser insuficiente a abertura de duas esquadras móveis nas zonas mais turísticas da cidade do Porto. “Essa ‘solução’ assente em postos móveis visa não só disfarçar a falta de efetivos como acabar com uma polícia de proximidade e criar super-esquadras”, alerta o PCP.

Para tentar contrariar a situação, anunciou José Luís Carneiro, pretende-se libertar os polícias de trabalho administrativo, para poder reforçar o patrulhamento nas ruas, argumentando que várias participações realizadas nas esquadras podem ser feitas em outros locais, como lojas do cidadão ou juntas de freguesia. Uma resposta que não agradou ao PCP, alertando o partido que esse tipo de trabalho “não é um mero aspeto burocrático, como o MAI sabe ou deveria saber”. “É absurdo considerar que tal trabalho, pela sua natureza, possa ser passível de ser transferido para Juntas de Freguesia ou outros órgãos autárquicos”, consideraram os comunistas.

“Urge pôr fim a uma política de remendos e começar a responder com medidas de natureza estrutural e abandonar a política do malabarismo e da ilusão e adotar medidas que respondam de facto aos problemas da Segurança Interna”, pediu o PCP, exigindo a “valorização e dignificação das carreiras, bem como no plano salarial, subsídio de risco e outros apoios sociais”.

PSD contra paliativos Crítico da polémica em torno do fecho de uma esquadra no Porto e das medidas tomadas pelo Governo foi o PSD, pela voz do deputado Paulo Rios de Oliveira, que considerou, sobre a abertura de duas esquadras móveis: “Podem ser um paliativo, um remedeio, pode ser uma urgência, não é uma solução de recurso. Dizer que se fecha uma esquadra física e nós abrimos duas móveis, isto se não fosse grave, era de rir”.

Aos jornalistas, Rios de Oliveira retorquiu, questionado sobre qual seria a solução proposta pelo PSD, que o partido “neste momento defende que o ministro da Administração Interna explique que estratégia tem para as forças de segurança”. “[O PSD] quer perceber se faltam efetivos, onde é que faltam, porque é que faltam e qual é a estratégia”, considerou, garantindo que o PSD não é um partido “folclórico”.

“Não nos peçam para governar em vez do Governo. Se o Governo não pode governar, que avise”, ironizou o deputado social-democrata, continuando: “As pessoas além de segurança, têm de ter sentimento de segurança, e para isso é preciso ter os agentes na rua. Não existem na rua, e também não existem nas esquadras. Onde para a polícia, onde para o ministro?”

PS recusa pedido Na segunda-feira, o PSD tinha pedido que o o ministro da Administração Interna sobre a falta de pessoal nas esquadras da PSP fosse ouvido no Parlamento, no dia da reunião da Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias que decorreu ontem de manhã, mas o PS ‘negou’ o pedido.

Em defesa da posição da sua bancada parlamentar, a deputada socialista Joana Sá Pereira argumentou que a conferência de líderes deliberou que nesta última semana de trabalhos parlamentares, as comissões funcionavam apenas “para a fixação de redações finais” de diplomas aprovados nos últimos plenários.

Sá Pereira realçou ainda que a inviabilização do pedido não foi feita pelo PS, mas sim segundo as regras de funcionamento da Assembleia da República ditadas pela conferência de líderes.

Em resposta, Mónica Quintela, deputada do PSD, uma das vozes principais a defender este requerimento, criticou a posição dos socialistas, acusando-os “má fé” e apelando a que os mesmos mudem de opinião, com “bom senso”, e argumentando que “a atualidade não se compadece com os calendários da Assembleia da República”.