Guerra aberta no PS de Braga

Militante que foi excluído pela direção nacional das listas de deputados, nas legislativas de 2019, é candidato à presidência da concelhia de Braga do PS. Pedro Sousa concorre contra  José Pedro Machado, na tentativa de suceder a Artur Feio, que atingiu o limite de mandatos.

Pedro Sousa é candidato à presidência da concelhia de Braga do PS. O antigo deputado municipal apresentou na sexta-feira a sua candidatura, tendo em vista defender a «autonomia e a liberdade» daquela estrutura, após ter acusado a direção nacional do partido de interferência em várias escolhas da concelhia.

Lembrando que, em 2019, viu o seu nome retirado das listas de candidatos a deputados à Assembleia da República, após ter sido escolhido por larga maioria da secção de Braga, acusa a cúpula do PS, em Lisboa (liderada pelo próprio secretário-geral socialista, António Costa), de «um processo rocambolesco, nebuloso e até hoje por explicar, mas com clara mão invisível de alguns interessados». Além dessa ocasião, alega que, em 2021, também o candidato do PS à Câmara Municipal de Braga «foi, erradamente, escolhido por Lisboa, tendo a concelhia de Braga sido quase totalmente alheia ao processo».

«Esta forma de fazer as coisas não concorre para a unidade do partido. Na verdade, tem sido razão de algumas das suas mais recentes e profundas fracturas», argumenta Pedro Sousa, acreditando que um PS-Braga «forte e unido» necessita  de uma «concelhia discutida e decidida em Braga, por Braga». «Essa é uma das razões fundamentais desta candidatura», acrescenta.

Pedro Sousa junta-se a José Pedro Machado na lista de candidatos ao cargo, na tentativa de suceder a Artur Feio, que atingiu o limite de mandatos.

José Pedro Machado é, atualmente, subdelegado regional do Norte no Instituto de Emprego e Formação Profissional, e já conta com o apoio de militantes socialistas de peso em Braga. Nomeadamente Hugo Pires, quarto na lista de candidatos às eleições legislativas de 2019 por Braga, que, segundo a Federação do PS desse distrito, foi um dos que a direção nacional do partido ‘impôs’ na altura para lugar elegível.

Na altura, a direção nacional escolheu seis candidatos nos primeiros onze. Entre eles, acusava o secretário da Federação de Braga, Sónia Fertuzinhos (1.ª, e companheira do antigo ministro do Trabalho José António Vieira da Silva), José Mendes (2.º), Maria Begonha (3.º) e Hugo Pires (4.º). O mesmo Hugo Pires que, agora, em comunicado, expressou o seu apoio a José Pedro Machado, «uma das pessoas que tem contribuído de forma decisiva para o caminho que estamos a trilhar», conforme defende no texto.

Os militantes do PS vão a votos no outono, com o partido a agendar eleições internas para 7 e 8 de outubro nas concelhias.