Açores: nove opções para passar uns dias no verão

O arquipélago dos Açores, em pleno Atlântico Norte, é composto por nove ilhas, cada uma com os seus encantos e recantos. No verão, são destino de milhares de visitantes que, aproveitando a chegada das companhias aéreas low-cost nos últimos anos, começam a desvendar os segredos de um conjunto de ilhas surpreendente e recheado de histórias…

Santa Maria, São Miguel, Terceira, Graciosa, São Jorge, Pico, Faial, Flores e Corvo. São estas as nove ilhas que compõem o arquipélago dos Açores, localizado no coração do Atlântico Norte, a cerca de 1.500 quilómetros da costa portuguesa continental, que todos os anos atrai milhares de visitantes, pelas mais variadas razões.

O arquipélago tem várias atividades e pontos de interesse a oferecer aos seus visitantes, desde a observação de cetáceos até aos caminhos pedestres por paisagens dignas de filmes de ficção científica como o Senhor dos Anéis ou a série A Guerra dos Tronos. Isto sem excluir elementos únicos, como o chá dos Açores, um dos poucos chás no mundo cultivados na Europa.

Mas vamos por partes, e que melhor maneira de organizar um roteiro turístico dos Açores do que pelas suas ilhas? São nove no total, separadas em três grupos: Oriental, Central e Ocidental.

 

A capital oriental

No grupo Oriental, encontram-se as ilhas de Santa Maria e de São Miguel, a principal de todo o arquipélago, não só por ser a maior, com mais de 700 quilómetros quadrados, mas também por ser casa da ‘capital’ deste arquipélago: a cidade de Ponta Delgada. É aqui que se encontra o principal aeroporto do arquipélago e será muito provavelmente o ponto de chegada da maioria dos visitantes.

Por lá, as opções para visitar, aprender e degustar são várias. Comece-se, por exemplo, pelas Portas da Cidade, o principal ‘monumento’ da ‘capital’ açoriana, aos pés do Oceano Atlântico, onde se encontra a Estátua do Velho Cabral, acompanhada de vários portões icónicos do séc. XVIII com arcos ornamentados.

As Portas da Cidade, lado a lado com a Igreja Matriz de São Sebastião, são o ex libris da cidade de Ponta Delgada, da ilha de São Miguel e até do próprio arquipélago dos Açores. Erguidas em 1783 – e ‘movidas’ no início da década de 1950 para a sua atual localização –, as Portas da Cidade são o espelho dos primórdios das edificações defensivas da cidade, cuja utilização da pedra basáltica lhe dá o aspeto tão caraterístico e único desta região do país.

Mas há muito mais para ver em Ponta Delgada. Por exemplo, a zona envolvente da marina da cidade, bem como a marina em si – um dos sítios de eleição para quem procura descansar à beira-mar e comer uns bons petiscos regados com boa bebida. As esplanadas abundam e o ambiente, marcado fortemente pela presença do imponente Forte de São Brás, é de ‘postal’. Este é também um dos locais mais conhecidos da cidade de Ponta Delgada, não muito longe do Mercado da Graça, o principal mercado coberto da cidade, onde os produtos locais – a banana e o ananás, por exemplo – estão expostos e prontos a ser vendidos tanto a locais como a visitantes.

Mas quem visita São Miguel não costuma querer ficar-se pela vida urbana de Ponta Delgada. Afinal de contas, a ilha está repleta de maravilhas naturais para observar, sendo que são estas que ocupam o topo da lista de locais mais procurados pelos visitantes.

Isto porque, como falar desta ilha açoriana sem mencionar a Lagoa das Sete Cidades, uma das paisagens mais icónicas de São Miguel, localizada no topo da caldeira homónima, resultante da intensa atividade sísmica que é tão caraterística desta ilha açoriana, ela própria de origem vulcânica.

Ou então as famosas furnas, onde os banhistas se deliciam com as águas quentes e fumegantes.

 

De plantação em plantação

Os Açores são conhecidos por uma grande exportação: os ananases. Sabe-se em todo o país que esta é uma das iguarias mais famosas deste arquipélago, e uma visita ao mesmo inclui, por excelência, uma visita a uma das plantações deste saboroso fruto, sendo uma das mais conhecidas a Plantação de Ananases Dr. Augusto Arruda, não muito longe da capital açoriana.

Há, por outro lado, um outro produto que cresce também nos Açores e que é imagem de marca do arquipélago: o chá. Diz-se, aliás, que esta é a única região da Europa onde é possível plantar e cultivar a folha do chá, aproveitando o clima particular do arquipélago. Há duas plantações que têm visitas abertas ao público, e que fazem também parte de vários roteiros: a Chá Gorreana e a Chá Porto Formoso.

 

Santa Maria das belezas

A sul de São Miguel, a cerca de 2h30 de viagem de barco, está a pequena ilha de Santa Maria, que é também ela própria, ainda que com pouco mais de 90 quilómetros quadrados de área, um ‘tesouro’ de atrações naturais, como a Cascata do Aveiro, situada na ponta oriental da ilha. Trata-se de uma queda de água com 100 metros de altura, com uma lagoa a seus pés, que forma um agradável local para descansar e apreciar o ambiente de relaxamento que só um local tão remoto poderia gerar.

Em Santa Maria, vale também a pena subir até ao Miradouro de São Lourenço, na Vila do Porto, de onde as estonteantes vistas da ilha – principalmente da praia de São Lourenço – e do Oceano Atlântico que a rodeia marcam a verdadeira imagem postal desta localidade.

Pequeno mas imponente e pitoresco é também o farol de Gonçalo Velho, localizado na ponta sudeste da ilha.

 

Das Furnas ao Golfe

Passando para o Grupo Central, há uma ilha que guarda em si segredos e mistérios que atraem vários curiosos todos os anos. Fala-se, claro da ilha Terceira, casa da mítica Base Aérea das Lajes, que durante a II Guerra Mundial desempenhou um importante papel do lado dos Aliados, e que marca a forte influência norte-americana na ilha, onde os frigoríficos são ‘freezers’, e onde a pastilha elástica é a ‘gum’.

Mas a ilha Terceira é mais do que isso. Mencionaram-se os mistérios da mesma, e não foi por acaso. É que a Reserva Florestal Parcial da Serra de S. Bárbara e dos Mistérios Negros é um dos pontos de paragem obrigatória nesta ilha em pleno Oceano Atlântico, não só por ocupar uma área de quase 1600 hectares, nem porque é nela que se localiza o ponto mais alto da ilha, a 1021 metros de altitude, mas também porque inclui a Serra de Santa Bárbara, ela própria pertencente ao vulcão central de Santa Bárbara, cujo topo exibe uma dupla caldeira formada por dois episódios de colapso principais, o primeiro dos quais conta 25 mil anos de idade.

A beleza natural da Terceira encontra-se tanto à superfície como nas suas profundidades. E prova disso é a gruta do Algar do Carvão, na zona central da ilha, reconhecida como Monumento Natural Regional. Nela, é possível descer até às ‘entranhas’ da ilha, até uma profundidade de 90 metros.

E se a Natureza não é propriamente a sua praia, a ilha Terceira – para além do interesse urbano da cidade de Angra do Heroísmo – tem também um ponto de interesse: o Clube de Golf da Ilha Terceira, especial devido ao clima imprevisível e ‘único’ desta ilha açoriana.

 

Picos

O Grupo Central é o mais ‘numeroso’ do arquipélago dos Açores, composto, para além da Terceira, pelas ilhas do Pico, Faial, São Jorge e Graciosa. É no Pico, a segunda maior ilha do arquipélago, no entanto, que se encontra um dos sítios mais apelativos e mais marcantes  de toda esta região: a Montanha do Pico, que guarda em si o ponto mais alto de todo o país, a 2.351 metros de altitude relativamente ao nível médio das águas do mar.

Para chegar ao ‘Piquinho’ – nome dado ao ponto mais alto da montanha – é preciso, no entanto, percorrer um trilho com cerca de 3,8 quilómetros, com a subida e a descida a demorar, respetivamente, entre três a quatro horas.

Mas nem só da Montanha homónima se faz a ilha do Pico. Também vale a pena visita o Cella Bar, considerado por muitos como um dos bares mais bonitos do nosso país. Na Madalena, na ponta oeste da ilha, este bar destaca-se pela sua arquitetura especial e única, construído como um estilo de ‘cápsula’ de madeira no exterior, dando um aspeto quase ‘nórdico’ em plena ilha do Pico, virado para o vizinho Faial.

Por lá, depois de cruzar os oito quilómetros do Canal do Faial, a Caldeira do Cabeço Gordo é o principal ponto de interesse natural, localizado no ponto mais alto da ilha. Desde lá, e a partir do Miradouro do Cabeço Gordo, é possível desfrutar de uma paisagem única, visível a partir do privilegiado ponto de observação, a 1.043 metros de altitude acima do nível do mar. Desde lá, para além da própria cratera da Caldeira, é também possível avistar as ilhas vizinhas do Faial, e do Pico, bem como o Vale dos Flamengos.

Esta é a Ilha Azul, conforme os próprios habitantes a batizaram, graças à proliferação de hortênsias, em diversos tons de azul,  que são utilizadas para emoldurar e decorar as casas, bem como para separar os campos e delimitar as estradas.

A completar o Grupo Central estão São Jorge e Graciosa, cada uma com as suas maravilhas naturais a atrair todos os anos vários visitantes. Em São Jorge, as fajãs – que fazem parte do Património da Biosfera da UNESCO – são protagonistas, daí que seja considerada a Ilha das Fajãs. Embora habitadas, o seu acesso não é fácil, mas estas são as principais culpadas pelo atual aspeto da ilha, de uma ponta à outra, culpa de um intenso vulcanismo fissural. É certo que a Fajã dos Vimes e a Fajã de São João estão localizadas na costa sul, mas é a norte onde se encontra a maioria delas, como a Fajã do Ouvidor, uma das maiores da ilha, icónica pelas suas piscinas naturais, ou a Fajã da Caldeira do Santo Cristo, local ideal para deleitar-se com as amêijoas locais.

Nem só de maravilhas naturais, no entanto, se faz a ilha de São Jorge. O seu queijo é uma das principais exportações, produzido com leite de vaca cru.

Se o Faial é a Ilha Azul, a Graciosa – classificada pela Unesco como Reserva Mundial da Biosfera –, por sua vez, é considerada como a Ilha Branca, devido às suas características geomorfológicas. Aliás, não é uma coincidência que há vários locais nessa mesma ilha com nomes como Pedras Brancas, Serra Branca e Barro Branco.

Em Santa Cruz, o único concelho desta ilha, encontram-se várias casas típicas, ligadas por ruelas de pavimento empedrado, que partem de uma ampla e pitoresca praça central.

 

Oeste açoriano

Finalmente, na região mais a oeste do arquipélago, encontra-se o Grupo Ocidental, composto pelas remotas ilhas das Flores e do Corvo. Tão remotas, aliás, que é nas Flores que se encontra o ponto mais ocidental do continente europeu, contando com as suas terras remotas e pequenas ilhas. Por lá, a cerca de dois quilómetros de distância da costa oeste da ilha, encontra-se o ilhéu do Monchique, onde acaba o continente europeu.

Esta ilha é conhecida pelas cascatas e pelas lagoas, beneficiando do facto de ser uma das mais remotas, no que toca à ‘preservação’ dos seus monumentos naturais.

Já o vizinho Corvo é semelhante, no que toca à vantagem do facto de estar maioritariamente isolada. Vale a pena uma visita ao Caldeirão e à Vila do Corvo, onde a hospitalidade dos locais é também uma das ‘bandeiras’.

 

Onde ficar

Octant Furnas
No Vale das Furnas, em São Miguel, o hotel Octant, de 4 estrelas, é uma das opções mais caricatas e interessantes para pernoitar na maior ilha dos Açores. – Avenida Dr. Manuel de Arriaga, 9675-000

Terra Nostra Garden
Ainda em São Miguel, vale também a pena espreitar o hotel Terra Nostra Garden, que foi renovado recentemente e gaba-se de um estilo Arte Deco ideal para quem gosta de dormir em alto ‘estilo’. – Rua Padre José Jacinto Botelho, 9675-061

Atlantida Mar
Em plena Praia da Vitória, na ilha Terceira, o Atlantida Mar hotel tem vistas espetaculares sobre o Oceano Atlântico, tornando-se por isso numa opção segura para pernoitar. – Boavista, n 9, 9760-557

Blue Planet São Jorge Azores
Se pretende pernoitar num Alojamento Local, no entanto, uma boa opção será a Blue Planet, uma pitoresca casinha em Velas, na ilha de São Jorge, com vistas magníficas sobre o mar e sobre a ilha do Pico. – Rua Doutor Joao Soares de Albergaria, 9800-546 Velas

Villa Natura
Na Vila do Porto, ilha de Santa Maria, a Villa Natura é uma pitoresca casa moderna, ideal para receber famílias, a apenas um minuto de distância da praia. – Praia Formosa, 9580-030 Vila do Porto

 

Onde comer

Terra Nostra
Na zona das Furnas, em São Miguel, o restaurante Terra Nostra é um dos mais elegantes e sofisticados da ilha, com uma ementa variada de pratos modernos, misturando gastronomia portuguesa tradicional com contemporaneidade. – Rua Padre José Jacinto Botelho, 5, Furnas, Povoação, São Miguel 9675-061 

Michel
Em Ponta Delgada, o restaurante Michel é uma referência da cozinha nos Açores, com um empratamento de ‘comer com os olhos’ e pratos de fazer água na boca. – Rua Eng. José Cordeiro, 55-57, Ponta Delgada, São Miguel 9500-311

Cella Bar
Há um local na Madalena, na ilha do Pico, que atrai todos os anos visitantes de todo o país – e de todo o mundo. O Cella Bar, de frente para a ilha da Horta, é uma obra arquitetónica que mais se assemelha a um local num país nórdico como a Islândia ou a Noruega. – Lugar Da Barca, Madalena, Pico 9950-303

Peter Café Sport
Quando se fala de cafés e bares icónicos dos Açores, no entanto, há um que nunca falta: o Peter Café Sport, que tem três locais: no Faial, em São Miguel e na Terceira. É na Horta, no Faial, que se encontra o ‘tradicional’, que todos os anos recebe vários visitantes, nacionais e internacionais. – Rua José Azevedo “Peter”, 9, 9900-027 Horta

Captain’s Table
Se é fã da temática náutica e piscatória nos restaurantes, vale a pena uma visita ao Captain’s Table, em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira. Conforme os próprios de definem, são um restaurante de fusão entre as cozinhas da Turquia, Grécia e Itália. – Rua da Rocha, 14, 9700-169 Sé Angra do Heroísmo