Da magia de Messi ao pesadelo de Ronaldo

O PSG encantou em França, o United foi uma nódoa em Manchester, e o Bayern de Munique voltou a ligar o seu martelo compressor.

Do céu ao inferno, do pesadelo ao sonho, são muitos os lugares comuns que podíamos usar para retratar o fim de semana futebolístico internacional. Começando pelo céu e o sonho, falemos do PSG que teve momentos fantásticos em que o segundo golo de Leonel Messi é uma verdadeira obra de arte. Ninguém diria que foi o primeiro jogo do campeonato, tal a sintonia dos craques e dos menos conhecidos.

Nos velhos consagrados, destaque para o inevitável Messi, que parece ter nos pés uma cola especial que agarra a bola, mas a deixa ir com uma suavidade notável quando ele a liberta. 

Se o jogador, que já foi considerado mais vezes o melhor do mundo, se tivesse dedicado à música só podia ser maestro. Um génio, bem acompanhado pelo sambista Neymar que parece apostado em contrariar aqueles (como eu) que acham que o homem só quer gozar os outros prazeres da vida. Mas, não. Neymar este ano dá a ideia que quer ficar na história do PSG, contribuindo para a conquista da Liga dos Campeões.

Para concluir o trio da velharia, falta falar de Sérgio Ramos, um homem que parece zangado com o mundo e que está sempre disposto a comprovar que o tornozelo vai até ao pescoço. Um durão que também está de volta depois de um ano de estaleiro. Os campeões franceses fizeram alinhar na equipa titular os portugueses Nuno Mendes e Vitinha, este a afirmar-se na equipa milionária com uma personalidade que impressiona. Sem medo, o antigo médio do FC Porto pega na bola e não tem receio de ir para cima dos adversários.

Por este andar, terá que ter um lugar nos eleitos do Mundial. Os ‘desgraçados’ do Clermont foram os primeiros a pagar a fatura: 0-5 e não se fala mais disso. Até à segunda volta onde serão, em princípio, outra vez passados a ferro. E ainda falta Kylian Mbappé entrar em ação. Quem gosta de futebol tem de seguir este ano o PSG…

Mais uma nota em relação ao clube de Paris, dando conta que Renato Sanches já assinou pela equipa milionária, arriscando um lugar no Mundial se não for titular no campeão francês. Outro português que foi notícia em França este fim de semana foi o guarda-redes do Lyon, Anthony Lopes, que teve uma entrada assustadora sobre um adversário tendo sido expulso.

Já o Lille de Paulo Fonseca esmagou o Auxerre por 4-1, tendo José Fontes e Tiago Djaló sido titulares.

Uma desgraça chamada United Passando para o pesadelo e o inferno, aterramos em Manchester onde o United perdeu com a equipa da terra que me recorda sempre a rivalidade entre mods e rockers: Brighton, a cidade onde se passa parte do filme Quadrophenia.

A rapaziada de Brighton colocou a nu a fragilidade e desinspiração de uma equipa sem alma, personalidade ou vontade de vencer. Cristiano Ronaldo entrou na segunda parte e encaixou na perfeição no quadro de miséria franciscana. Bruno Fernandes parece cada vez mais um jogador perdido e que revela na cara a sua tristeza e amargura.

E até Daló, o defesa-direito português, parece ter sido contagiado pela mediocridade que reina no clube que Cristiano Ronaldo quer deixar para trás, depois de fazer um divórcio à antiga – cheio de conflitos e de acusações –, segundo rezam as crónicas.

Há mesmo quem meta ao barulho, além do empresário dono disto tudo, a marca desportiva. Logo se verá como acaba a novela, embora sejam muitos os que têm esperança que Ronaldo ganhe juízo e cumpra o contrato que assinou. Pelo seu bem e da seleção nacional.

Mas deixemos as desgraças do United e falemos no clube mais emblemático de terras de Sua Majestade, o Liverpool, que não começou nada bem, já que empatou no campo do Fulham, equipa treinada pelo português Marco Silva. E a rapaziada de Klopp só conseguiu fazer o segundo golo já perto do fim, acabando o jogo com um empate de 2-2. Como não podia deixar de ser, Darwin Núñez marcou um grande golo, de calcanhar, e Luis Díaz também esteve perto de faturar, mas ficou-se pela intenção. Já no lado do Fulham, e mostrando o crescimento da força portuguesa, esteve Palhinha, distribuindo jogo e alguma ‘fruta’, leia-se pancadinhas de amor nas pernas dos adversários.

Por falar em portugueses no campeonato inglês, a armada do Wolverhampton saiu derrotada, injustamente, digo eu, pelo Leeds. O treinador Bruno Lage tem vários jogadores lesionados, mas mesmo assim ainda conseguiu fazer alinhar de início os portugueses José Sá, com um frango digno dos melhores aviários da zona saloia, Rúben Neves, fez um jogão destacando-se pelos passes longos e certeiros, Podence, um rapaz cheio de magia, mas que convém ter a baliza adversária no seu horizonte, além daquele que será um caso sério do futebol português e mundial: Pedro Neto.

Penso mesmo que uma das suas fintas ficará como uma das melhores do ano, quando passou pelo meio de dois adversários com um toque de ‘calcanhar’. Se as televisões que têm os direitos televisivos da Premier League não fossem tão preguiçosas há muitos anos que tínhamos ao final do dia um apanhado dos melhores golos com a cabeça, o pé esquerdo e direito, as melhores defesas, as melhoras fintas, as entradas mais violentas, e por aí fora. No passado, a Sport TV muito pouco ou nada fez nesta matéria e agora a Eleven vai pelo mesmo caminho. É impressionante como as televisões querem é pôr pessoas a falar em vez de mostrarem imagens.

Bem, voltando ao campo, Pepe Guardiola, treinador do Manchester City, deixou no banco, tendo entrado já no final do jogo, o nosso little Messi, de seu nome Bernardo Silva – talvez o melhor jogador português da atualidade, um rapaz que não passa a vida em campo a queixar-se, que não usa penteados da moda pimba e que adota uma certa discrição na sua vida pessoal, apesar de tudo o que o rodeia –, e apesar do geniozinho português ter sido preterido, o Manchester City despachou o West Ham, em Londres, por 0-2, com golos de Erling Haaland, o rapaz nórdico alto e louro.

Não passou despercebido também o número que João Cancelo passou a ostentar nas costas: o 7, por norma, atribuído aos craques. Rúben Dias fez o seu trabalho habitual de polícia de trânsito…

Na Alemanha, quase nada muda. O Bayern de Munique continua a aviar os adversários com a mesma facilidade que os apreciadores de imperiais bebem os finos no verão, o Borussia Dortmund continua a ter o seu estádio cheio até ao teto, não ficando nenhum dos 81365 lugares por preencher. Isto apesar de não vencer o campeonato há 10 anos. Ah!

O Bayern esmagou o Eintracht de Frankfurt por 1-6, tendo os adeptos da casa derrotados estado longos minutos a aplaudirem a equipa! Até parece Portugal…