A (in)sustentável leveza do nosso prato

Quem votou contra à introdução do prato sustentável está a condicionar a vida na Terra, a contribuir para a destruição do planeta. Esses sim, são os proibicionistas alicerçados em ideologias que contribuem para o fim da sobrevivência humana num Planeta com morte anunciada.

por António Morgado Valente
Deputado municipal do PAN

Viver num ambiente limpo e saudável é um direito universal? Num mundo que caminha para uma tripla crise (alterações climáticas, perda da biodiversidade e poluição), tornou-se inevitável declarar que todos os seres têm direito a um meio ambiente saudável.

A resolução 76/300 das Nações Unidas implementou um novo direito humano. Um escudo para combate ao declínio da natureza. Um novo fundamento para que os governantes optem pelo direito a um meio ambiente limpo e saudável e o plasmem nas constituições nacionais e tratados internacionais por eles ratificados. Uma luta contra injustiças ambientais com foco na proteção dos mais vulneráveis – ativistas de direitos humanos e ambientais, crianças, jovens, mulheres e povos indígenas.

«A saúde e a qualidade de vida dependem de ter ar limpo para respirar, água potável para beber, alimentos produzidos de forma sustentável para comer, ambientes não tóxicos, clima seguro e biodiversidade e ecossistemas saudáveis», defendeu o relator especial da ONU para os Direitos Humanos e Meio Ambiente, David Boyd.

Na passada semana, o Grupo Municipal do PAN Lisboa apresentou uma proposta que pretendia sensibilizar os mais novos para a importância de uma alimentação equilibrada em respeito pelo ambiente e da liberdade do outro. Uma proposta para ajudar a retirar o meio ambiente da anunciada rota de colisão e que consistia na disponibilização semanal de um prato sustentável em todas cantinas escolares públicas da cidade de Lisboa. Uma refeição ambientalmente sustentável, saudável, sem consumo de carne ou peixe, com respeito pela estratégia europeia ‘Do Prado ao Prato’. Uma refeição semanal nutricionalmente rica.

Resistências entre os mais novos? Quantas queixas se ouvem das crianças nos dias de peixe?

Há países e municípios portugueses que já aderiram a este modelo alimentar – é o caso de Albufeira. Esta cidade algarvia foi caso de sucesso. Ao aderir ao prato sustentável, promoveu alternativas que enriquecem os seres humanos e que traduziram uma redução do impacto ambiental.

Segundo a Associação Portuguesa de Vegetarianismo, entidade promotora do prato sustentável e que disponibiliza formação gratuita para os municípios aderentes, a introdução nas refeições escolares de um prato sustentável com cariz semanal potencia uma redução da pegada ecológica na ordem dos 5%. Uma alimentação saborosa e saudável que relembra que um quilo de carne de vaca contribui 80 vezes mais para a emissão de gases de efeito de estufa que um quilo de feijão. Que relembra ainda a situação de emergência em que nos encontramos, a perda de biodiversidade, a sobrepesca, a seca, a deterioração de solos e contaminação de lençóis freáticos. Curiosamente, a resistência à implementação desta proposta proveio das forças políticas com assento na Assembleia Municipal de Lisboa, daqueles que devem zelar, em primeira linha, por um ambiente saudável onde todos possamos sobreviver. Dar a escolher outras opções é promover a liberdade de escolha.

Quem votou contra à introdução do prato sustentável está a condicionar a vida na Terra, a contribuir para a destruição do planeta. Esses sim, são os proibicionistas alicerçados em ideologias que contribuem para o fim da sobrevivência humana num Planeta com morte anunciada.

Porque a liberdade de escolha é essencial. Porque vamos continuar a trabalhar para um mundo vivo e mais empático. Porque não há um planeta B.