Marcelo, amigo, o PS está contigo

Não deixa de ser irónico que o antigo líder do PSD esteja tantas vezes ao lado do Governo do PS, da mesma forma que é estranho ver o presidente da Câmara de Lisboa defender o ministro que mais confronta António Costa, Pedro Nuno Santos, de seu nome. No caso de Moedas a história é ainda…

Marcelo Rebelo de Sousa nunca abandonou, verdadeiramente, o seu papel de professor e de analista político. É mais forte do que ele. Como diz o povo, Marcelo pode ter deixado a universidade e o comentário político, mas a universidade e o comentário político nunca o deixaram. Assumindo-se como um professor à antiga, o Presidente da República adora dar ‘belinhas’, leia-se calduços, aos seus alunos, e, depois, uma festa para ver um sorriso na cara dos mesmos.

Assim tem feito com António Costa, embora neste caso sejam mais os elogios. Os calduços ficaram-se pela tomada de posse do novo Governo e ainda com o cartão de despedimento da antiga ministra da Administração Interna, de seu nome Constança Urbano de Sousa. O resto é o que se sabe, e que tem deixado o PSD à beira de um ataque de nervos. Os sociais-democratas queixam-se da desorganização no combate aos incêndios e logo aparece o Presidente a dizer que se está a fazer muito melhor do que no passado.

As urgências hospitalares estão um caos, Montenegro manda as suas tropas atacar o Governo e logo surge Marcelo a explicar que o problema é estrutural e não é apenas deste Governo. Nem mesmo o encerramento de maternidades, num país de velhos, leva o Presidente a criticar o Governo. Um dos casos mais gritantes foi o da Endesa, em que o PSD e toda a direita criticaram a resposta do primeiro-ministro às declarações do responsável da empresa, mas Marcelo colou-se, mais uma vez, ao lado do Governo. Num artigo do Observador, vários dirigentes ‘laranjas’ acham incompreensível a posição de Marcelo, não entendendo como o antigo líder do partido serve de almofada de António Costa.

Claro está que o Presidente, agora, também faz elogios a Luís Montenegro que já percebeu que ganha em estar ao seu lado. Algo que o primeiro-ministro percebeu há muito tempo, funcionando até como ‘mata-borrão’ das suas ideias. «Ele é muito rápido a sugar as coisas», disse o chefe de Estado. Calculo que Costa sugue rapidamente as ideias de Marcelo…

Não deixa de ser irónico que o antigo líder do PSD esteja tantas vezes ao lado do Governo do PS, da mesma forma que é estranho ver o presidente da Câmara de Lisboa defender o ministro que mais confronta António Costa, Pedro Nuno Santos, de seu nome. No caso de Moedas a história é ainda mais hilariante com o autarca a defender uma estátua ou um busto desse grande democrata que foi Vasco Gonçalves. Não tivessem sido homens como Mário Soares, Ramalho Eanes ou o agora falecido general Almeida Bruno e o 25 de Novembro não teria existido e Vasco Gonçalves tinha imposto uma ditadura comunista no país.

Nem se percebe muito bem a razão de Moedas não propor uma estátua de Lenine, o político que Bernardino Soares diz mais apreciar. Só falta mesmo defender uma estátua ou busto de Trotsky para agradar em pleno à velha geringonça.

Esta aliança do Presidente da República e do presidente da principal autarquia do país ao PS é, de facto, um pouco incompreensível. Mas, como diz Marcelo, «acredito que ainda vou assistir ao nascimento de uma alternativa de direita».

P. S. O que se passa nos EUA é altamente preocupante e a cada dia que passa percebemos como a principal nação do mundo democrático foi governada por um louco. Donald Trump pensou que o país era uma quinta sua, em que fazia os negócios à sua maneira, comportando-se como um gangster.

P. S. 1. Acho uma tontice completa a história do género. As pessoas nascem meninos ou meninas e depois o que fazem é lá com elas. Defendo, como é óbvio, que cada um faça o que bem entende da sua vida. O Papa ao receber a comunidade transgénero fez muito bem, pois ninguém tem de ser excomungado.

 

vitor.rainho@sol.pt