Celebrações do Dia da Independência canceladas na Ucrânia

Com o receio de possíveis ataques russos, líderes ucranianos cancelaram as celebrações do Dia da Independência ucraniano.

Autoridades locais da capital da Ucrânia, Kiev, proibiram grandes eventos públicos, comícios e outras atividades relacionadas com o aniversário do Dia da Independência deste país devido à possibilidade de ataques russos.
A medida, que entrou ontem em vigor e perdura até quinta-feira, surge numa altura em que as autoridades ucranianas temem que Moscovo possa intensificar os seus ataques para coincidirem com esta celebração anual, que se assinala no dia 24.

O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, durante o seu discurso noturno, feito no sábado, afirmou que Moscovo poderia tentar “algo particularmente feio” no período que antecede a quarta-feira, que também marca seis meses desde a invasão russa.

Zelensky revelou ter discutido “todas as ameaças” com o seu homólogo francês, Emmanuel Macron, e a mensagem também foi enviada a outros líderes, incluindo o presidente turco Tayyip Erdogan e o secretário-geral da ONU, António Guterres.

Além de Kiev, as autoridades de outras regiões ucranianas também adotaram medidas para restringir as comemorações. Em Kharkiv, cidade no Nordeste sob fogo de artilharia e mísseis russos, o governador Ihor Terekhov anunciou uma extensão do recolher noturno das 16h às 7h, em vigor de terça a quinta-feira.

Na cidade portuária de Mykolaiv, o governador regional, Vitaliy Kim, ordenou que as autoridades planeassem uma ordem de precaução para que os moradores trabalhassem em casa na terça e quarta-feira e instou as pessoas a não se reunirem em grandes grupos.

Apesar dos avisos dos líderes ucranianos, houve ainda tempo, este sábado, para um desfile com tanques russos destruído. “Os russos finalmente conseguiram seu desfile militar no centro de Kiev”, escreveu o jornalista ucraniano Oleksiy Sorokin, no Twitter, este sábado, enquanto os moradores da capital ucraniana observavam ou tiravam selfies com vários blindados russos capturados ou destruídos que foram exibidos numa das principais vias da capital ucraniana, escreve o Deutsche Welle.

Rússia recusa acordo de paz Um diplomata russo descartou uma solução diplomática para acabar com a guerra na Ucrânia e disse que Moscovo espera um conflito prolongado.

“Não vejo nenhuma possibilidade de contactos diplomáticos. E quanto mais o conflito continuar, mais difícil será ter uma solução diplomática”, disse o representante permanente da Rússia na ONU em Genebra, Gennady Gatilov, ao Financial Times, acrescentando que não haverá conversas diretas entre Zelensky e o Presidente da Rússia, Vladimir Putin.

O diplomata explicou que Moscovo e Kiev estiveram “muito perto” de chegar a um acordo para encerrar o conflito durante as negociações em abril, mas acusou os Estados Unidos e aliados da NATO de pressionarem a Ucrânia a desistir das negociações.

Agora, “é impossível prever quanto tempo o conflito pode durar e disse que os países ocidentais ‘lutarão até o último ucraniano’”, escreve o Guardian.

Mas esta não foi a única mensagem hostil a chegar da Rússia, com Putin a comentar a morte de Darya Dugina, filha do filósofo ultranacionalista Alexander Dugin, considerado o “cérebro” do Presidente russo. Dugina faleceu este sábado, quando o carro onde seguia explodiu.

“Um crime desprezível e cruel encurtou a vida de Darya Dugina, uma pessoa brilhante e talentosa com um verdadeiro coração russo – bondoso, amoroso, simpático e aberto. Jornalista, cientista, filósofa e correspondente de guerra, serviu honestamente o povo e a Pátria, mostrando com as suas ações o que representa ser um patriota da Rússia”, pode ler-se no comunicado. 

O texto foi partilhado pouco depois do Serviço Federal de Segurança da Rússia ter atribuído as culpas do assassinato aos serviços secretos ucranianos, algo que autoridades da Ucrânia negam.

“Não somos um Estado criminoso como a Federação Russa, e não somos um Estado terrorista”, negou o conselheiro do Presidente ucraniano, Mykhailo Podolyak.