Beira Baixa: uma região cheia de surpresas por descobrir

Uma região do país, ali perto da fronteira com Espanha, não muito longe de Plasencia, guarda em si segredos ainda por descobrir. De Castelo Branco ao Fundão, da Sertã a Penamacor, as opções são várias para passar agradáveis dias nos meses de verão.

Quando se pensa em férias de verão, pensa-se no Algarve, na Madeira, ou mesmo nas praias do Norte do país, em torno do misticismo de Moledo e o seu Verão Azul. Desengane-se, no entanto, que acabam aí as opções nacionais para passar uns dias a descansar e a aproveitar o sol e o calor do verão.

Na Beira Baixa, que envolve localidades dos distritos de Castelo Branco, Coimbra e Santarém, há muito por onde ir procurar entretenimento, descanso e boa gastronomia, entre muitas outras opções.

Castelo Branco, a capital

A região da Beira Baixa ocupa uma área de cerca de 8 mil quilómetros quadrados, mas muitos consideram Castelo Branco como a sua ‘capital’, já que é a capital do distrito homónimo que ocupa a maior parte dessa área.

Esta cidade, com cerca de 35 mil habitantes, guarda em si toda uma parafernália de opções para passar o tempo e entreter-se, tanto com os museus da cidade como com as praças e os monumentos.

O grande chamariz da cidade situa-se bem perto do centro, no Jardim Do Paço Episcopal, mandado construir pelo bispo da Guarda, D. João de Mendonça, algures perto do ano de 1720, após o seu regresso de Roma, onde vivera três anos.

O jardim divide-se em quatro locais diferentes, ligados por diversos pontos de articulação. A entrada, o patamar do buxo, o jardim alagado e o plano superior formam estes jardins, cujo Paço serviu de residência permanente a vários bispos da Guarda. A partir de 1771 até 1831, serviu também de residência aos bispos da recém Diocese de Castelo Branco.

Mas se é de verão que se fala, o principal ponto de interesse nesta cidade da Beira Baixa é o Complexo de Piscinas de Castelo Branco, onde os visitantes podem encontrar a Piscina Praia de Castelo Branco, um enorme infraestrutura que mistura o melhor dos dois mundos das praias e das piscinas, numa cidade bem longe do Oceano Atlântico.

São quatro mil metros quadrados de água, rodeados por várias zonas com relva. Nos meses de verão, os visitantes podem usufruir de atividades como hidroginástica, aqua zumba e atividades lúdicas e pedagógicas para as crianças. E o que não falta é espaço: há balneários para mil pessoas e 750 lugares de estacionamento.

Ao Nascer do SOL, a Câmara Municipal de Castelo Branco revelou que, em 2021, no que toca à ocupação turística, observou-se a recuperação do setor, com valores próximos dos pré-pandemia (33% em 2021). «Após dois anos de pandemia, os dados estatísticos referentes à região de Castelo Branco expressam significativamente essa retoma do setor», revela a autarquia, referindo que entre 2017 e 2019 as dormidas no Município de Castelo Branco passaram de 77.150 para 90.757, continuando nesse ritmo de crescimento.

«A retoma turística em Castelo Branco foi significativa em 2022 e espelha a sazonalidade dos anos anteriores à pandemia. Apesar da campanha de vacinação à escala mundial ter alavancado o turismo internacional, mantém-se a tendência do turismo de proximidade (Espanha) sobretudo em épocas festivas, no carnaval e na Páscoa», conta a autarquia, que aponta «o seu odor característico, o aroma quente das estevas, os cítricos da flor de laranjeira ou o adocicado da tília» como as marcas que ficam na memória, bem como os sabores da sua gastronomia, ao mel, ao azeite, ao vinho, aos enchidos, ao queijo, aos ‘cascoréis’, à doçaria regional, à ‘carne fresca’ e à ‘sarzedinha’ da Vila Condal.

Idanha chama por si

Há outro concelho, no entanto, que quer captar mais turistas nesta região da Beira Baixa, e que, para isso, faz-se por se mostrar ao mundo.

«As características do concelho de Idanha-a-Nova, que tem um valiosíssimo património natural e histórico-cultural, fazem do turismo uma oportunidade de desenvolvimento económico e social, de criação de riqueza e emprego», explica ao Nascer do SOL fonte da Câmara Municipal de Idanha-a-Nova, que revela «que já se nota a retoma da atividade turística, com um impacto positivo ao nível da ocupação das unidades hoteleiras, da restauração e das empresas de animação turística».

O verão, em particular, tem permitido «mais do que triplicar a população ao longo de semanas», diz a mesma fonte, apontando a eventos como o Boom Festival (cerca de 50 mil participantes) e o ACANAC – Acampamento Nacional de Escuteiros (18 mil participantes) como grandes chamarizes para a região.

«Nos últimos anos, a Câmara Municipal de Idanha-a-Nova realizou em colaboração com os operadores do setor do turismo um trabalho alargado e estratégico de qualificação de Idanha enquanto destino turístico e cultural, que nos dá hoje reconhecimento nacional e internacional», conta a autarquia, referindo os três selos da UNESCO presentes nesta localidade: a Cidade Criativa da Música, o Geoparque (Geopark Naturtejo) e Reserva da Biosfera (Tejo Internacional).

«Somos ainda Bio-Região, pelo que o turismo sustentável é uma imagem de marca do concelho de Idanha-a-Nova», continua, revelando que os destinos mais procurados pelos turistas são as Aldeias Históricas de Monsanto e de Idanha-a-Velha, Penha Garcia – berço do Geopark Naturtejo e membro da Rede Nacional ‘Aldeias de Portugal’ – e as Termas de Monfortinho, um dos melhores balneários termais da Europa.

Quando questionada sobre os ‘segredos’ que Idanha-a-Nova ainda guarda para quem a visita, a autarquia não hesita: Monsanto, a ‘Aldeia Mais Portuguesa de Portugal’, é «provavelmente o maior ícone turístico do concelho de Idanha-a-Nova», diz a Câmara, revelando ser «presença habitual nos tops das mais belas aldeias europeias e mundiais e é uma experiência inesquecível para quem a visita».

Mas não só pelo Monsanto se fica a lista de segredos. Idanha-a-Velha, umas das mais importantes estações arqueológicas portuguesas, ou a Rota do Fósseis em Penha Garcia são outras das sugestões dadas pela autarquia, às quais se juntam as Termas de Monfortinho, onde estão disponíveis serviços dedicados à saúde, mas também experiências para repouso e bem-estar que são ideais para «recarregar baterias».

Covilhã da Serra

Não só de Idanha-a-Nova se faz, no entanto, a Beira Baixa. A Covilhã, por exemplo, é também um grande ponto de interesse nesta região, aos pés da Serra da Estrela, com diversas opções e um turismo que tenta atrair cada vez mais gente.

Palavras da Câmara Municipal da Covilhã que, ao Nascer do SOL, revelou que não poupa na promoção do seu concelho: «Visitar a região da Cova da Beira, mais concretamente a cidade da Covilhã, principal porta de entrada para a Serra da Estrela, é esperar ser surpreendido por deslumbrantes paisagens, por uma riqueza patrimonial única e por uma deliciosa gastronomia, capaz de agradar a miúdos e graúdos», diz a autarquia, anunciando que o número de turistas na Covilhã aumentou «consideravelmente, durante e após a pandemia da covid-19», pois «o Interior do país era já uma região apetecível para dias de descanso e relaxamento, sendo o destino ideal para fugir da agitação dos grandes centros».

Para além do Centro Histórico, os turistas visitam igualmente os espaços museológicos da cidade, «com principal destaque para o Museu da Covilhã, Museu de Arte Sacra, Museu de Lanifícios da Universidade da Beira Interior e o New Hand Lab», conta a autarquia, que refere também o roteiro do festival Wool como «um desafio obrigatório para quem nos visita». Isto no âmbito de a Covilhã integrar a Rede Internacional de Cidades Criativas da UNESCO, no campo do Design, desde 2021, «aumentando assim a sua responsabilidade no compromisso em colocar a cultura e a criatividade no centro do desenvolvimento urbano sustentável».

A gastronomia não fica atrás neste concelho, onde «do tão apreciado queijo da serra, passando pelo típico pastel de molho e pela cherovia, já com direito a festival, sem deixar de degustar os aromáticos vinhos de montanha, vários são os motivos que despertam o apetite».

Em jeito de conclusão, a Câmara Municipal da Covilhã refere «os belos miradouros, as agradáveis praias fluviais ou os interessantes percursos pedestres» como alguns dos muitos «segredos por desvendar e que justificam o crescimento do turismo de natureza, fazendo com que os encantos desta região sejam a principal razão para voltar».

Sertã autêntica

Também o Posto de Turismo da Sertã, no distrito de Castelo Branco, esteve à conversa com o Nascer do SOL, para falar dos segredos e dos chamarizes turísticos deste concelho.

O balanço do turismo, durante este ano, «é claramente positivo», diz a autarquia, revelando que «o aumento da taxa de vacinação e o alívio das restrições de viagens levaram a um aumento substancial dos visitantes e das dormidas».

O turismo interno tem sido «um dos maiores responsáveis por este aumento, apoiado em tendências como as viagens perto de casa, os produtos baseados na natureza, o turismo gastronómico, o turismo rural ou as atividades ao ar livre», continua, referindo que, nesta altura do ano, as praias fluviais são dos locais mais visitados. A Praia Fluvial da Ribeira Grande, Zona de Lazer do Trízio e Zona de Lazer do Boiçô são as sugestões do Posto de Turismo, garantindo tratarem-se de «locais extremamente aprazíveis, perfeitos para um mergulho que oferecem um conjunto de atividades e eventos que os tornam numa zona de eleição».

Mas há mais para ver do que as suas praias fluviais. Na vila da Sertã, a Ponte Filipina, a Alameda da Carvalha, o Castelo, o Pelourinho, a Igreja Matriz de S. Pedro e a Igreja da Misericórdia, o edifício dos Paços do Concelho e o Núcleo Museológico e Oficina de Artesanato da Sertã (NuMOAS) são algumas das sugestões, que se juntam ao Seminário das Missões, a Capela de S. Maria Madalena e S. Macário, a Igreja Matriz, o Ateliê Túlio Victorino, o Clube Bonjardim, a estátua de S. Nuno Álvares Pereira, em Cernache do Bonjardim.

Mas afinal, quais são as principais ‘chaves’ que trazem visitantes à Sertã? Para a autarquia, a passagem da Estrada Nacional 2 é uma delas, Por outro lado, a organização de dois eventos «de excelência e já uma referência a nível nacional», o Festival de Gastronomia do Maranho e a Maratona de Leitura, são também chamarizes da região, promovendo o primeiro as iguarias típicas dessa localidade, entre elas, claro, o maranho, mas também o bucho recheado, o cabrito, o peixe do rio, os enchidos, o mel e os cartuchos de amêndoa de Cernache do Bonjardim.

Quando questionada sobre os ‘segredos’ que estão ainda por desvendar na Sertã, a autarquia começa por sugerir a Rota Botânica Territórios 5 Sentidos que «junta toda a beleza do património natural e paisagístico da pitoresca vila de Pedrógão Pequeno e dos seus trilhos nas margens do Zêzere (Concelho da Sertã)», juntando-lhe o Vale do Cabril de aspeto «telúrico, situado num enclave granítico, entre maciços xistosos», que se estende pelas margens do rio Zêzere entre as povoações de Pedrógão Pequeno e Pedrógão Grande.

«Cantado e pintado por inúmeros artistas, como Luís Vaz de Camões, Alfredo Keil ou José Malhoa, o Vale do Cabril é o resultado de uma simbiose quase perfeita entre homem e natureza», diz a autarquia, recomendando ainda uma visita à Barragem e Albufeira do Cabril e à Serra do Cabeço Rainho, o ponto mais alto do concelho da Sertã, situado a 1080 metros de altitude. «A Serra do Cabeço Rainho estende-se por 20 km de comprimento e é um magnífico miradouro natural, com imensa flora arbustiva e excelentes condições de visibilidade para as serras do Moradal e da Gardunha», conta.

Cereja, cereja e mais cereja

A Beira Baixa é conhecida por várias iguarias gastronómicas, mas há uma que é indissociável desta região, mais especificamente do Fundão. Fala-se da cereja, claro, que neste concelho é parte do imaginário regional, e que cabe em todo o lado: até nos pastéis de nata. A época da apanha da cereja tende a ser nos meses de maio e junho, mas esta é uma fruta associada a este local o ano inteiro, cuja apanha atrai todos os anos vários visitantes que se deslocam até ao Fundão para participar nessa atividade.

Mas nem só de cereja se faz o Fundão: por lá encontram-se também algumas das denominadas Aldeias do Xisto, que todos os anos chamam a atenção de visitantes do país inteiro. No concelho do Fundão, as aldeias de Barroca e Janeiro de Cima são locais de paragem recomendada para quem visita esses lados do país, devido à sua arquitetura peculiar e ambiente caricato.

Em Castelo Branco, por outro lado, encontram-se as aldeias de Martim Branco e Sarzedas, também elas incluídas no Programa das Aldeias do Xisto.