Um dia da independência da Ucrânia diferente do habitual

Autoridades ucranianas temem ataques por parte de Moscovo no mesmo dia em que se celebra o 31.º aniversário da independência.

Ao contrário de anos anteriores, em que o dia da independência da Ucrânia era celebrado com manifestações de júbilo, este ano o feriado ficou marcado pelo som de sirenes que alertavam para potenciais ataques “brutais” de Moscovo.
Seis meses após a Rússia ter lançado uma guerra de forma a voltar a controlar este país, em vez de prepararem festas, os habitantes de Kiev tiveram de preparar-se para a possibilidade de uma nova ofensiva russa.
Na sua mensagem ao povo ucraniano, o Presidente Volodymyr Zelensky afirmou que o país “renasceu” depois deste ataque. 

“Uma nova nação surgiu no mundo no dia 24 de fevereiro às quatro da manhã. Não nasceu, mas renasceu. Uma nação que não chorou, gritou ou se assustou. Aquele que não fugiu. Não desistiu. E não esqueceu”, afirmou o Presidente, que se comprometeu a continuar a lutar até a Ucrânia recapturar a Crimeia anexada e as áreas ocupadas no leste. “O que para nós é o fim da guerra? Costumávamos dizer paz. Agora dizemos vitória”, rematou Zelensky.

O dia da independência da Ucrânia ficou ainda marcado pela visita do primeiro-ministro britânico, que será substituído em breve na chefia do governo. Boris Johnson anunciou um novo apoio de 54 milhões de libras (cerca de 63 milhões de euros).

“O que acontece na Ucrânia é importante para todos nós. É por isso que estou hoje em Kiev”, disse Johnson, naquela que deve ser a sua última visita enquanto ocupa o cargo de primeiro-ministro.

“O pacote de apoio de hoje dará às corajosas e resilientes forças armadas ucranianas outro impulso na capacidade, permitindo que continuem a repelir as forças russas e lutar por sua liberdade”, rematou o inglês, que este ano visitou a Ucrânia em quatro ocasiões.

Também o Presidente norte-americano, Joe Biden, quis assinalar o dia da independência da Ucrânia com um pacote de ajuda de “longo prazo” à Ucrânia, no valor de 2,98 mil milhões de dólares (três mil milhões de euros), contemplando nomeadamente sistemas de defesa aérea e de artilharia.
Biden afirmou que a ajuda permitirá à Ucrânia adquirir sistemas de defesa aérea, sistemas de artilharia e munições, ‘drones’ (aeronaves não tripuladas) e outros equipamentos “para garantir que possa continuar a defender-se a longo prazo”.

Até ao momento, os Estados Unidos já forneceram cerca de 10,6 mil milhões de dólares (cerca de 10,7 mil milhões de euros, ao câmbio atual) em ajuda militar à Ucrânia desde o início do Governo Biden, incluindo 19 pacotes de armas retirados diretamente dos ‘stocks’ do Departamento de Defesa desde agosto de 2021.
Em reação a esta data, a União Europeia (UE) e a NATO também prestaram o seu tributo à luta do povo ucraniano pela sua independência e garantiram que continuarão a prestar apoio à Ucrânia face à agressão militar russa “o tempo que for preciso”.

“Caros cidadãos da Ucrânia, nunca poderemos igualar os sacrifícios que estão a fazer todos os dias. Mas podemos e vamos estar ao vosso lado. A UE tem estado convosco nesta luta desde o início. E estaremos ao vosso lado durante o tempo que for preciso”, escreveu a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, na sua conta oficial do Twitter.

O ministro dos Negócios Estrangeiros português, João Gomes Cravinho, também marcou presença em Kiev. 
“A mensagem principal é de solidariedade, é de comparação das nossas impressões sobre o apoio que devemos dar, um apoio político, um apoio humanitário, um apoio financeiro, e um apoio militar, que Portugal tem dado e continuará a dar”, disse o ministro. “É muito importante continuarmos o diálogo e a proximidade com os colegas da Ucrânia, e mostrarmos a solidariedade num dia tão marcante para a história deste país”.