Aeroportos. Greve lançou caos e estão previstos novos protestos

Portway diz se tratou de uma “greve sem razão e um ato irresponsável”, que prejudica a recuperação financeira da empresa. 

A greve dos trabalhadores da Portway ameaçava lançar o caos nos aeroportos portugueses e este receio veio a concretizar-se. Filas de espera e voos cancelados marcaram estes três dias de paralisação. Para Pedro Figueiredo, dirigente do SINTAC, a “greve foi um sucesso” e garantiu que “o futuro deverá passar por novas formas de luta”, uma vez que, “os problemas laborais continuam”. Ainda assim, garantiu que a estrutura sindical está disponível para negociar com a empresa de handling que, ainda este domingo, considerou que “foi uma greve foi feita sem razão e um ato irresponsável, que prejudica a recuperação financeira da empresa e a capacidade de traduzir essa recuperação em melhores condições para os trabalhadores”. 

No entanto, os números divergem. A Portway disse que o terceiro dia de greve do sindicato dos trabalhadores de aviação levou ao cancelamentos de voos, em Lisboa e Porto. Um valor superior ao que tinha sido avançado no início da manhã de ontem que apontava para 69 cancelamentos, num total de 196 durante os três. E fala uma adesão na ordem dos 14%. 

Já Pedro Figueiredo revelou que a adesão à greve se manteve em cerca de 90% nos aeroportos de Lisboa e do Porto. E garante que os dados de adesão reportados pelo sindicato têm em conta os trabalhadores “elegíveis”, ou seja, descontando “o mais de um terço” que ficou abrangido pelo despacho ministerial que definiu os serviços mínimos e aqueles que trabalham para a empresa através de empresas de trabalho temporário (cerca de metade), enquanto a empresa usa no cálculo todo o universo de trabalhadores.

Mas para a empresa do grupo ANA não dúvidas de quem paga a fatura: “No final, ficam os enormes prejuízos para passageiros, companhias aéreas e para a Portway”, acrescentando que “se para alguns, os cancelamentos de voos e constrangimentos são uma vitória, para a Portway é de lamentar todos os incómodos e prejuízos que esta greve sem sentido causou.”

Braço de ferro continua 

Na base desta paralisação esteve, segundo a estrutura sindical, uma política de “confronto e desvalorização dos trabalhadores por via de consecutivos incumprimentos do acordo de empresa, confrontação disciplinar, ausência de atualizações salariais, deturpação das avaliações de desempenho que evitam as progressões salariais e má-fé nas negociações”.

Acusações rejeitadas pela empresa de handling ao garantir que “cumpre com toda a legislação e regulamentação aplicáveis”, incluindo os acordos de empresa em vigor e os direitos laborais”, lembrando que fez atualizações remuneratórias de 11% desde 2019 e pagando feriados com um acréscimo de 150% face ao valor/hora.

A Portway rejeitou ainda as críticas sindicais de falta de investimento, afirmando que tem investido anualmente cerca de dois milhões de euros em equipamentos e instalações, com dois objetivos: “melhorar as condições dos trabalhadores e a ‘performance’ ambiental da empresa”. E denunciou ainda a falta de disponibilidade para o diálogo por parte dos trabalhadores e dos seus representantes, nomeadamente do SINTAC.

No início da semana passada ao i, Pedro Figueiredo tinha admitido que a greve era inevitável, por entender que “todas as opções estavam esgotadas», acusando a empresa de “preferir ir por outros caminhos”. O responsável reconheceu que o sindicato assumirá as suas responsabilidades. E acrescentou: “Queremos um sindicalismo real e não nos tribunais. Queremos diálogo, acordos admissíveis e paz social”.