António Costa diz que “desta vez não tinha condições para não aceitar” a demissão de Marta Temido

O primeiro-ministro afirmou que ainda não tem um nome pensado para o lugar de Temido, sendo que a sua substituição será feita “quando for oportuno”, demonstrando a ideia de que demorará a escolher o próximo ministro. 

António Costa diz que “desta vez não tinha condições para não aceitar” a demissão de Marta Temido

Notícia atualizada às 15h57

O primeiro-ministro reagiu à demissão da ministra da Saúde Marta Temido, ao admitir que não se sentiu “em condições de não aceitar, desta vez” o pedido da agora ex-governante.

Em declarações aos jornalistas no Palácio de São Bento, António Costa afirmou que ainda não tem um nome pensado para o lugar de Temido, sendo que a sua substituição será feita “quando for oportuno”, demonstrando a ideia de que demorará a escolher o próximo ministro, dado que estará a preparar um Conselho de Ministros extraordinário, marcado para a próxima segunda-feira, e a visita a Moçambique para a qual parte já amanhã. 

"Sucessor? Não será rápido, não estava a pensar nesta mudança. Ser membro do governo é muito exigente", acentuou. 

O chefe do Governo agradeceu ainda o trabalho de Marta Temido, ao admitir entender que a morte de utentes seja “uma linha vermelha” para a retirada do ministro que tutela a pasta da Saúde. Costa ainda se refere especificamente à morte de uma grávida no sábado, notando que este caso poderá ter sido a “gota de água” para a saída de Marta Temido.

"Percebo que alguém estabeleça como uma linha vermelha a existência de falecimentos que ocorrem em serviços que estão na sua tutela. Admito que tenha sido uma gota de água", sublinhou. 

Sem se esquecer de mencionar a resiliência da ministra durante o período da pandemia, António Costa disse compreender as razões apontadas por Temido na sua demissão.

"Respeito a decisão, e quero dizer de viva voz… expressar o meu agradecimento pelo trabalho desenvolvido. Nunca ninguém tinha enfrentado na nossa vida democrática uma pandemia como a covid-19. Marta Temido tinha em curso respostas importantes para o SNS, e nós vamos prosseguir essas reformas", avançou Costa, deixando claro que as "políticas não vão mudar, são do Governo". 

Questionado pela hora tardia a que recebeu a demissão, o primeiro-ministro disse que "foi a hora a que conseguimos falar". "E falar com o sr. Presidente da República, e não iríamos dar a notícia sem antes conversar", admitiu.

Na nota referente ao pedido de demissão enviado à redações esta madrugada, Marta Temido justificou a sua saída, "por entender que deixou de ter condições para se manter no cargo". 

O pedido surge após a notícia conhecida esta segunda-feira de uma grávida de 34 anos que morreu depois de ter sido transferida do Hospital de Santa Maria para São Francisco Xavier devido à falta de vagas na neonatologia. 

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