Economia. Fórum para a Competitividade prevê desaceleração

Turismo “não deverá ser suficiente” para conter desaceleração da economia portuguesa, alerta entidade.

O Fórum para a Competitividade apresentou as suas previsões para a economia com base nos indicadores disponíveis no terceiro trimestre e prevê que a economia portuguesa desacelere no terceiro trimestre, principalmente no que diz respeito ao consumo privado. E nem o turismo deverá ser suficiente para travar esta queda.

“Os indicadores disponíveis do 3.º trimestre apontam para uma desaceleração da economia, mais nítida no caso do consumo privado, a componente da procura que está a ser mais afetada pela forte subida de preços e concomitante redução do poder de compra”, lê-se numa nota de conjuntura do Fórum para a Competitividade.

E diz que “é necessário salientar que a subida das taxas de juro ainda não foi inteiramente sentida pelas famílias e deverá acentuar-se nos próximos trimestres, tendo em atenção as últimas declarações do BCE”.

O Fórum liderado por Pedro Ferraz da Costa alerta ainda que “quase todos os riscos de desaceleração internacional se agravaram: os indicadores europeus a entrarem em território negativo no início do 2º semestre, a inflação, os preços da energia, as taxas de juro e os riscos geopolíticos”.

Para os próximos meses, alerta, “também se espera um agravamento, desde logo pela promessa dos bancos centrais de serem muito mais duros no combate à inflação, deixando entender que não evitarão provocar uma recessão se isso for necessário para controlar a subida dos preços. O risco de, pelo menos, uma clara diminuição no fornecimento de gás natural por parte da Rússia está cada vez mais elevado”.

Por isso, não há dúvidas: “Em Portugal, a boa recuperação do turismo não deverá ser suficiente para conter um claro enfraquecimento do desempenho económico”, diz, acrescentando que para o próximo ano, “há a expectativa de uma forte desaceleração, com riscos crescentes de haver uma recessão, cujo início, profundidade e duração são as maiores incógnitas”.

No que diz respeito à inflação e lembrando que, em Portugal, em agosto, a inflação abrandou ligeiramente, de 9,1% para 9%, ficando marginalmente abaixo da da zona euro, que subiu um pouco, de 8,9% para 9,1%, o Fórum para a Competitividade acrescenta que “em ambos, houve uma aceleração da inflação subjacente, o que deverá colocar pressão adicional sobre o BCE”, defendendo que “a inflação média portuguesa voltou a acelerar de forma significativa, de 4,7% para 5,3%”.

E acrescenta que existiu “um ligeiro abrandamento dos preços da energia, mas que têm poucas condições de prosseguir, devido às ameaças já referidas”. Por isso, para os próximos meses, “para além dos riscos dos preços da energia e da subida consecutiva da inflação subjacente (que sugere que os aumentos de preços se estão a generalizar), há também que contar com a depreciação do euro, que se tem vindo a acentuar e que também deve prosseguir”.

Mas, diz a entidade, fazendo uma simulação simples, se os preços já não subissem mais até ao final do ano (o chamado efeito carry over), a inflação média de 2022 seria de 7,2%.