Nem sempre quem parte deixa saudades…

Marta Temido há muito que estava vulnerável. Diz quem a conhece que será uma mulher de fortes convicções extremadas por políticas de uma esquerda radical e em permanente conflito com todas as classes profissionais.

1. A notícia chegou de madrugada: Marta Temido tinha pedido a demissão a António Costa e, pasme-se, este aceitou! A razão aduzida? Realmente uma gota de água num oceano de problemas na Saúde, ou seja, um falecimento inesperado numa ambulância de uma grávida em transferência inter- -hospitalar, por falta de vagas no hospital de origem (na Neonatologia). Ou seja, uma situação corriqueira que não decorre de falhas no sistema, apenas e só um azar daqueles que infelizmente podem suceder, sobretudo quando se desconhece o historial clínico dos/das doentes e onde a culpa, na minha opinião, jamais poderia ser assacada à ministra.

Mas Marta Temido há muito que estava altamente vulnerável. Diz quem a conhece que será uma Mulher de fortes convicções, extremadas por políticas de uma esquerda radical e em permanente conflito com praticamente todas as classes profissionais que trabalham na Saúde. Atravessou uma epidemia onde teve, ao fim de muito pouco tempo, de substituir o responsável da vacinação que tinha designado (Francisco Ramos, igualmente um esquerdista militante) por Gouveia e Melo que literalmente lhe ‘salvou a pele’ e lhe granjeou a simpatia popular, tal a forma como conduziu, com invejável eficácia, a missão que lhe foi confiada.

Depois, entre tantos imbróglios que a sua atuação gerou, alterou significativamente a Lei de Bases da Saúde, cuja redação original cuidadosamente burilada por Maria de Belém, foi triturada pela sua equipa, com base em princípios ortodoxos tão acarinhados por uma esquerda pensante, sempre convencida que os seus dogmas são as únicas soluções para os problemas do povo.

O SNS está em fanicos, os sistemas privados (leia-se ‘seguros de saúde’) aumentam exponencialmente os seus clientes, seccionando ainda mais a sociedade entre os que podem e os que por falta de posses têm de se entregar a um SNS com tantas carências que só são ultrapassadas pela dedicação abnegada e absolutamente excecional dos seus profissionais.

Os diálogos com as classes profissionais foram-se agudizando com o passar dos anos, gerando desmotivações e revoltas que nunca conseguiu ultrapassar. Em suma, Marta Temido não deixa quaisquer saudades e só causa estupefação Costa tê-la reconduzido neste Governo apoiado numa maioria absoluta e que já tem mais ‘buracos que um queijo suíço’, tantas e tamanhas as trapalhadas ou casos que sucessivamente têm vindo a lume.

Há muito profissionalmente esgotada, Costa terá considerado que a ‘covid star’ era figura imprescindível e não viu o óbvio: Temido era um problema, jamais uma solução. Agora, uma infelicidade circunstancial levou-a à inevitável demissão, deixando mais uma espinha encravada nas amizades que Costa tanto privilegia. Assim se consumou uma saída, tantas vezes anunciada e sempre sem fundamento. Até agora…

Pressurosamente, Costa já anunciou que as políticas de esquerda, sufragadas em eleições legislativas que lhe deram uma maioria absoluta, se irão manter. Ou seja, uma garantia de insistência em soluções esgotadas e que trouxeram a Saúde para a ribalta pelas piores razões. Todos aguardamos o novo Messias que tarda em ser nomeado, sobretudo as bases do PS que sentem, pelas sondagens e pelos contactos do dia-a-dia, o partido a perder votos.

Quem vier, já sabe com o que conta: uma Temido como ideóloga, um Costa convencido que esta substituição lhe vai trazer um novo élan, estancando as perdas que as sondagens anunciam. Nos entretantos, o povo para quem o PS tanto afirma trabalhar e, sobretudo, defender, desespera por soluções para um SNS, porque não tem capacidade económica para ter alternativas.

2. Faleceu o Ti Emílio, Homem simples no trato, um Senhor de valores e princípios como tantas vezes pude testemunhar nos mais diversificados almoços na sua Adega da Tia Matilde, nome que sempre preservou em homenagem à Mulher da sua vida. ‘Antro’ de benfiquistas, todos eram por ele recebidos com fidalguia, desde há décadas quando abriu o restaurante, na altura, humilde tasca. Fez um upgrade e, nunca perdeu quaisquer clientes, fosse qual fosse a preferência clubista. A decoração benfiquista não engana, sente-se a paixão clubística do seu proprietário que teve em Eusébio um Amigo de sempre, um filho adotivo que amou até falecer, como Sócio número 1 do Benfica.