Albufeiras vão ter reservas estratégicas de água

APA vai definir caudais mínimos para produção elétrica. Medidas para poupar energia só no Estado.

O Governo vai constituir uma reserva estratégica de águas das albufeiras para conciliar escassez de água com segurança do abastecimento de energia. O anúncio foi feito no final do conselho de ministros, numa altura em que se vive uma crise energética e a produção hídrica se mantém suspensa em algumas barragens devido à situação de seca que se vive no país.

Desde o início do ano que a Agência Portuguesa do Ambiente tem recomendado intervenções ao Governo na base de caudais que assegurem o abastecimento de água à população a longo prazo, mas agora será definido um critério adicional, explicou o ministro.

Por exemplo na Barragem de Castelo de Bode foi definido como cota mínima os 106 metros, sabe o i, mas todo este processo deverá agora ser regulamentado perante a pressão no sistema elétrico. Isto numa altura em que a chuva está de regresso, mas os caudais das barragens continuam abaixo do histórico ao fim de um ano hidrológico especialmente seco e a produção hídrica se mantém suspensa e em mínimos. 

A título de exemplo, a barragem de Castelo de Bode, onde não se produz eletricidade desde fevereiro, registava esta semana uma cota de 109,27 metros, de acordo com os dados do Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos, que o i consultou. O nível da água chegou a descer a um mínimo 106,12 metros registado a 13 de fevereiro, o maior recuo da água desde 2001. Há um ano, por esta altura, o cenário era bastante mais confortável, com a cota nos 115,80 metros.

Já na barragem do Alto Lindoso, onde a produção de energia também foi suspensa, a cota mínima este ano foi de 287,06 metros, a 18 de janeiro. Encontra-se atualmente nos 291,05 metros quando há um ano estava nos 311,08 metros. A produção hidroelétrica este ano tem estado muito abaixo da médica, mas agosto ficou marcado por um recorde de produção de energia solar, quer por um regime mais favorável, segundo a REN, quer por novas instalações ligadas à rede.

Com o outono/inverno à porta, e menos sol, a hídrica deverá voltar a fazer falta na equação que este ano, sem a componente carvão desativada em 2021, levou a níveis recorde de importação de energia. Desde o início do ano, o saldo importador representou 22,5% do consumo, quando em 2021 teve um peso de 10%.

Quanto ao plano de poupança de energia para cumprir as metas europeias, a indicação do  ministro do Ambiente esta quinta-feira foi que será conhecido em breve e será apenas obrigatório para a administração pública, o que deixa de parte medidas como as implementadas em Espanha sobre o comércio. Para o setor privado e administração local haverá apenas recomendações, antecipou Duarte Cordeiro.