DBRS. Pressão sobre rentabilidade futura da banca portuguesa

Mário Centeno pediu cautela ao BCE, após subida histórica das taxas de juro em 0,75%, na semana passada.

Os resultados dos grandes bancos portugueses foram “sólidos” no primeiro semestre, mas a crescente incerteza e o ambiente macroeconómico mais desafiador irão provavelmente pressionar a rentabilidade futura e a qualidade dos ativos. O alerta é da DBRS Morningstar. 

Recorde-se que os cinco maiores bancos a operarem no mercado nacional – BCP, BPI, Santander Totta e Novo Banco – lucraram cerca de quatro milhões por dia nos primeiros seis meses do ano.  pesar dos resultados sólidos no primeiro semestre de 2022, na opinião da DBRS Morningstar, a crescente incerteza e o ambiente macroeconómico mais desafiador devido aos elevados preços da energia e à persistente pressão inflacionista, irão provavelmente pressionar a rentabilidade futura e a qualidade dos ativos”, afirma Nicola De Caro, da equipa de Instituições Financeiras Globais da DBRS Morningstar. 

Na análise dos resultados dos grandes bancos portugueses na primeira metade deste ano, hoje divulgada, a DBRS afirma que no referido período “o rendimento líquido total dos maiores bancos portugueses quase duplicou em comparação com o mesmo período de 2021, principalmente devido a receitas mais elevadas e a menores custos de provisionamento e imparidades”.

“O stock agregado de NPLs  [crédito não produtivo] continuou a diminuir de trimestre para trimestre e de ano para ano, uma vez que a qualidade dos ativos permaneceu em grande parte resistente após a queda das moratórias”, refere a entidade, lembrando que o “financiamento e as condições de liquidez permaneceram adequadas, contudo a recente volatilidade do mercado está a contribuir para o aumento dos custos de refinanciamento no mercado grossista”.

Centeno pede cautela

Ainda ontem, o governador do Banco de Portugal afirmou que o Banco Central Europeu (BCE) deve atuar com cautela depois de na quinta-feira ter anunciado um aumento histórico de 75 pontos base nas taxas de juro.

E apesar de reconhecer que se tratou de um “sinal apropriado a dar”, Mário Centeno também chamou a atenção para o facto de “o pior cenário para quem define a política é ser visto a andar para a trás e para a frente com as decisões e andar a reboque dos dados económicos”, revelou em entrevista à Bloomberg.