Depressão Danielle trouxe muita chuva mas barragens recuperam lentamente

Níveis de precipitação foram muito elevados nos últimos dias, mas por exemplo a Barragem de Castelo de Bode não viu subir a cota na segunda-feira, nem a barragem do Alto Lindoso.

A chuva associada à depressão Danielle foi abundante e provocou estragos, mas nas barragens o efeito era ao final de segunda-feira ainda diminuto, aguardando-se ontem o balanço de terça-feira, o dia com maior precipitação. Na barragem de Castelo de Bode, o nível da água permanecia às 23h de segunda-feira abaixo dos 110 metros, sem uma inversão da tendência de descida, que tem sido no entanto nos últimos tempos mais paulatina. Há um ano, sem situação de seca, situava-se nos 115 metros. Já a Norte, na barragem do Alto Lindoso, o nível da água estava nos 290,79 metros, quando há um ano, na mesma data, estava nos 310,19, 20 metros acima.

Os dados constam da monitorização da Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos, da Agência Portuguesa do Ambiente, que o i consultou.

No final de agosto, das 60 albufeiras monitorizadas, três apresentam disponibilidades hídricas superiores a 80% do volume total e 32 têm disponibilidades inferiores a 40% do volume total. Um cenário que um setembro chuvoso pode aliviar, mas que decorre já de vários meses de seca e que se manteve apesar da suspensão da produção hídrica.

Ao i, o IPMA admitiu esta semana que só um mês de setembro e outubro com precipitação acima do normal, o que só acontece em 20% dos anos, poderão levar a uma desagravamento significativo da situação de seca. Para tal, deveria registar-se este mês, explicou o IPMA, uma média de 150 mm de precipitação e 175 mm em outubro, sendo este os valores de referência para Portugal continental, que podem ter variações regionais.

Os dados do Instituto Português do Mar e da Atmosfera, que esta quinta-feira mantém apenas sete distritos do Norte litoral e Minho sob aviso amarelo, mostram que caiu muito mais chuva esta terça-feira do que na segunda-feira, mas também com grandes diferenças regionais. A estações da Guarda foi a que registou, na terça-feira, o maior volume de precipitação acumulada,  83,7 mm. Seguiu-se a estação da Covilhã (Aeródromo), com 67,2mm. E depois Viseu, 66,8 mm. No extremo oposto o litoral alentejano e Algarve, onde em algumas estações não se foi além dos 2 mm de precipitação acumulada.

Na análise de precipitação acumulada por concelho por concelho, Guarda surge assim como a zona mais afetada ou contemplada com chuva, dependendo da perspetiva, junto com a zona da Beira Interior. E apesar das inundações em Lisboa e arredores, o nível de precipitação andou na casa dos 20mm acumulados, o que já tinha acontecido na segunda-feira.