Medidas de 1400 milhões para empresas. Patrões apontam críticas

Apesar de elogiar os incentivos que favorecem os investimentos destinados à transição e eficiência energéticas, a majoração dos custos em sede de IRC e o alargamento dos apoios ao setor agroalimentar, a entidade liderada por António Saraiva critica a linha de empréstimos de 600 milhões, ao defender que “as empresas não precisam de mais endividamento”.

As confederações empresariais reconhecem que as medidas anunciadas pelo Governo vão ao encontro das preocupações que têm sido transmitidas, mas criticam o timing, lamentam a falta de medidas fiscais e acenam para o risco do aumento do endividamento.

Para a Confederação Empresarial de Portugal, “perante as dificuldades provocadas pelo aumento persistente e prolongado dos custos das empresas, a CIP considera que as medidas anunciadas, que terão de ser executadas imediatamente, sem perdas de tempo e sem as tradicionais burocracias que tudo dificultam, podem ajudar as empresas de diversos setores a gerir melhor as dificuldades, nalguns casos extremas, que enfrentam e ameaçam a sua sobrevivência e, por conseguinte, a manutenção do emprego”.

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E apesar de elogiar os incentivos que favorecem os investimentos destinados à transição e eficiência energéticas, a majoração dos custos em sede de IRC e o alargamento dos apoios ao setor agroalimentar, a entidade liderada por António Saraiva critica a linha de empréstimos de 600 milhões, ao defender que “as empresas não precisam de mais endividamento”.

Também a Associação Empresarial de Portugal (AEP) lembra que a linha de apoio à liquidez da tesouraria anunciada pelo ministro que irá funcionar através do Banco de Fomento só vai ser disponibilizada partir da segunda quinzena de outubro. “A par dos critérios que terão de ser conhecidos porque farão toda a diferença há aqui também um problema que é a questão do tempo”, diz ao i, Luís Miguel Ribeiro. E acrescenta: “Se a linha é disponibilizada na segunda quinzena de outubro, depois as empresas terão de fazer todo o processo de candidatura, é preciso a emissão das garantias, etc. Isso significa que as empresas provavelmente só vão poder contar com este apoio perto do final do ano, quando a necessidade e a urgência é agora”. 

Já a Confederação Portuguesa das Micro, Pequenas e Médias Empresas (CCPME) acusa o Governo de insistir no “endividamento das empresas” e queixa-se de que as medidas anunciadas não respondem ao aumento dos custos das empresas, defendendo que as medidas “ignoram em absoluto” muitas micro, pequenas e médias empresas. E consideram que a única medida que consideram “adequada” às micro e PMEs é o programa de formação no contexto de produção no local de trabalho para manter a atividade, enquanto todas as outras “não são adequadas ao aumento global dos custos com matérias-primas e energia (combustíveis, eletricidade, gás natural e gás propano) que se tem vindo a verificar”.