Loulé. Segurança Social tinha recebido denúncia no início do mês

Ana Mendes Godinho diz que averiguações sobre caso de idosa maltratada começaram nos primeiros dias de setembro. Florinda Queiroz acabou por morrer.

Os contornos do caso da idosa que foi filmada num lar da Santa Casa da Misericórdia em Boliqueime, Loulé, acamada e coberta de formigas vão sendo revelados aos poucos, e a mais marcante novidade prendeu-se com a revelação de Ana Mendes Godinho. A ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social considerou tratar-se “naturalmente de um caso de uma gravidade que se tem de verificar e tirar todas as averiguações que é preciso”. “A Segurança Social tinha tido uma denúncia no início deste mês e, logo após a denúncia, desencadeou averiguações – que está a fazer – até já com a participação do Ministério Público”, revelou a governante, em declarações aos jornalistas, continuando: “Tomei conhecimento do caso, pedi informações, e a Segurança Social informou-me que lhes tinha sido comunicado no início do mês a situação e tinha agido para averiguações mal tinha tido conhecimento”.

Neste âmbito, pediu Ana Mendes Godinho, “tem de se averiguar até às últimas circunstâncias”, de forma a compreender  o que se passou neste caso, que ganhou notoriedade após ter sido divulgado um vídeo da idosa de 86 anos, Florinda Queiroz, com claros sinais de abandono, com uma ferida aberta numa das pernas e coberta de formigas. Acabaria por morrer, um mês depois, no Hospital de Faro.

Nas suas declarações, a ministra aproveitou ainda para fazer um apelo: “Se alguém tiver informações sobre situações dessas naturalmente que denunciem e informem para que possa haver intervenção, a Segurança Social, sempre que há uma denúncia, atua”, disse.

Provedora chocada A própria provedora da Santa Casa da Misericórdia de Boliqueime admitiu, em entrevista à SIC Notícias, estar chocada com o vídeo que circulou nas redes sociais. Sílvia Sebastião assegurou que a Santa Casa está já a conduzir uma investigação para saber quem são os culpados deste caso de “negligência”. A provedora começou por reconhecer que “houve maus-tratos” e “negligência por parte dos funcionários relativamente à idosa”, até porque “as formigas não foram de certo para a cama da senhora em 30 minutos ou em 1 hora”. Segundo o relato de Sílvia Sebastião, tudo terá acontecido durante o turno da noite, em que dois funcionários que estavam de serviço eram “obrigados” a fazer a ronda, altura em que “houve esse descuido de não a fazerem, certamente”.

Em reação ao vídeo, a própria administração da Santa Casa da Misericórdia de Boliqueime publicou uma resposta nas redes sociais, onde admite que o mesmo “documenta uma negligência grave no tratamento e cuidado de uma pessoa alegadamente confiada aos cuidados” do lar em questão, admitindo ainda ter tido conhecimento, na semana passada, “que algum ou alguns do(s) seu(s) trabalhador(es) não garantiu o cuidado adequado a uma utente”.

Inquérito do MP Em curso está já um inquérito aberto pelo Ministério Público, que visa apurar responsabilidades neste caso, que, segundo a Santa Casa da Misericórdia citada pelo mesmo canal informativo, se trata de uma “situação pontual”.

 “O Ministério Público está a investigar os factos em apreço, tendo determinado a realização de autópsia médico-legal no âmbito de inquérito oportunamente instaurado”, revelou entretanto a Procuradoria-Geral da República, citada pela Lusa.