China. Ex-ministro da justiça condenado a pena de morte suspensa

Fu Zhenghua, que já foi um dos mais poderosos chefes da polícia da China, é acusado de ter aceitado subornos e ocultar crimes do seu irmão.

O ex-ministro da Justiça da China, Fu Zhenghua, foi condenado a prisão perpétua por aceitar subornos, anunciaram os meios de comunicação estatais, e recebeu a pena de morte, suspensa por dois anos, devido a “graves danos causados ao país e à sociedade”.

Zhenghua, que outrora já foi um dos chefes de polícia mais poderosos da China, declarou-se culpado de abuso de poder nos cargos de ministro e chefe da polícia de Pequim, entre 2005 e 2021, para ocultar crimes cometidos pelo seu irmão e outras pessoas, segundo a CCTV.

Em troca, Zhenghua terá recebido dinheiro e propriedades no valor de 117 milhões de yuans (cerca de 17 milhões de euros), detalhou o jornal oficial em língua inglesa China Daily.

Quando foi chefe do departamento de segurança pública de Pequim, entre 2014 a 2015, o tribunal disse que Fu “escondeu pistas dos supostos crimes graves de seu irmão mais novo, Fu Weihua, e não os tratou de acordo com a lei”. “Como resultado, Fu Weihua evitou o processo por um longo tempo”, cita o South China Morning Post.

Zhenghua tornou-se ministro da Justiça em 2018 e liderou muitas investigações de alto nível, incluindo uma investigação há cerca de uma década sobre Zhou Yongkang, um ex-czar da segurança e o oficial mais poderoso da China moderna, que acabou por ser condenado por corrupção.

Abandonou o cargo de ministro da Justiça em maio de 2020 e foi nomeado para a Conferência Consultiva Política do Povo Chinês – um órgão consultivo geralmente reservado para quadros próximos da aposentadoria.

Fu foi colocado sob investigação, em 2021, pelas autoridades policiais e autoridades judiciais e acabou por ser expulso do partido e demitido do cargo público em março deste ano, tendo sido detido em abril.

A acrescentar a estas acusações, o órgão anticorrupção da China determinou, no início deste ano, que Fu também fazia parte do “gangue política” de Sun Lijun, um dos funcionários mais proeminentes do aparelho de segurança a ser investigado desde a condenação de Zhou em 2015.

Sun, que era vice-ministro de Segurança Pública quando começou a ser investigado, em 2020, confessou na televisão estatal, em janeiro, que tinha conspirado com alguns altos funcionários da lei com o objetivo de enriquecimento pessoal.

Além de Zhenghua, outros três ex-chefes de polícia das províncias de Xangai, Chongqing e Shanxi também foram condenados a prisão (um recebeu inclusive uma pena perpétua) por corrupção.

Esta “purga”, tal como é descrita pela Reuters, aconteceu três semanas antes de um congresso de cinco anos do Partido Comunista, no qual o Presidente da República Popular da China, Xi Jinping, deve garantir um terceiro mandato como líder da China.

Desde que assumiu a liderança do Partido Comunista Chinês, em 2012, Xi lançou uma vasta campanha anticorrupção, que resultou na punição de altos cargos do Partido, líderes de empresas e organizações públicas, ou oficiais superiores do exército.