Jerónimo de Sousa acusa PS e PSD de atrasar localização do aeroporto

Atrasos na decisão sobre o novo aeroporto de Lisboa são ‘submissão’ à Vinci, diz o PCP.

Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP, acusou ontem PS e PSD de adiarem novamente a localização e a construção do novo aeroporto de Lisboa, em sentido contrário à expectativa do Presidente da República sobre o arranque das obras. “PS e PSD estão a tentar entender-se para um novo adiamento da construção do novo aeroporto”, afirmou Jerónimo de Sousa aos jornalistas, à margem de uma visita a uma exploração agrícola na Lourinhã, no distrito de Lisboa, onde defendeu que este “adiamento” da decisão sobre a localização do novo aeroporto de Lisboa “colide” com a “ambição [do presidente da República] de, no final do seu mandato”, já ser possível “assistir ao desenvolvimento das obras”, depois de décadas de discussões sobre este megaprojeto.

O atual Governo, acusou o secretário-geral comunista, “tinha dificuldade em dizer não” à localização no Campo de Tiro de Alcochete, que chegou a ser a proposta do PS, e apoiada pelo PCP, “tendo em conta os estudos, avaliações científicas e ambientais de que o melhor sítio é Alcochete”. “Era preciso era concretizar o que estava anunciado e sustentado em pareceres científicos, técnicos e ambientais”, ironizou Jerónimo de Sousa, que acusou um efeito do adiamento da decisão para 2023: a multinacional Vinci “continua a ganhar dinheiro”, o que resulta em “consequências para o desenvolvimento económico não acelerando o processo”, numa altura em que o país e a TAP estão “numa situação mais difícil”.

Já na sexta-feira o PCP tinha acusado os recentes encontros entre o primeiro-ministro, membros do Governo e o presidente e vice-presidente do PSD para decidir qual será a solução aeroportuária para Lisboa de ser, na realidade, uma convergência na submissão à multinacional Vinci, que, desde 2013, gere a concessão das infraestruturas aeroportuárias, num contrato válido por 50 anos.

Marcelo saúda Por sua vez, o Presidente da República saudou a convergência entre Governo e PSD no que ao método de decisão sobre a nova solução aeroportuária para a região de Lisboa diz respeito, considerando ser “uma boa notícia”.
Marcelo Rebelo de Sousa confessou aos jornalistas, em San Diego, nos Estados Unidos, que espera terminar o mandato (em março de 2026), “com a alegria de ver não só escolhida uma localização, não só começada a obra do aeroporto, como até porventura já uma solução transitória, se não a definitiva, em marcha”.