Canções do Minho que fazem sonhar…

Depois da desgraçada noite da Selecção Nacional no Minho, os três grandes defrontam três equipas minhotas, dois deles já hoje, Sporting-Gil Vicente e FC Porto-Braga.

O Minho está na moda do futebol português. Primeiro por via do Portugal-Espanha da última terça-feira (foi o segundo jogo entre ambos disputado naquela província e a segunda derrota portuguesa, depois de um 0-3 de 2003), esse confronto bisonho e mazombo que, mais uma vez, deixou a céu aberto, de forma descarnada e em carne viva, uma tremenda apatia e falta de ambição que envolve a equipa lusitana e a impede de meter medo seja a que a adversário for da sua igualha. Em segundo lugar porque a sorte marcou para esta oitava jornada do Campeonato Nacional três adversários minhotos para os três grandes candidatos ao título – desculpem lá qualquer coisinha, mas continuo a deixar o Braga fora dessa guerra e fico à espera que a equipa de Artur Jorge desminta a minha descrença. Assim, hoje mesmo, sexta-feira, o Sporting recebe em Alvalade o Gil Vicente (19h00) e o FC Porto o tal Braga de que acabámos de falar (21h15).

Se olharmos friamente para a classificação vemos que os moços de Barcelos têm apenas um ponto a menos do que os leões e estão confortavelmente instalados na tabela para poderem ir a Alvalade jogar com uma certa descontracção, ou seja, sem o habitual complexo de inferioridade que costuma tomar conta da cabeça dos pequenos quando se deslocam a casa dos maiores. Enfim, já tivemos complexos de inferioridade que bastem após vermos a pouco menos do que miserável exibição da nossa equipa nacional. Mas a verdade é que entre o querer e o ter a distância é razoável. E que, ao mesmo tempo, há de se esperar deste Sporting de Ruben Amorim um gesto de revolta próprio de um orgulho ferido de equipa que está com um atraso de onze pontos em relação ao comandante da prova, o Benfica (ainda por cima), e sabe que já não há margem para mais erros.

O FC Porto recebe o Braga um pouco mais tarde. Convenhamos: se os bracarenses são autênticos candidatos ao título, eis a altura de o assumirem de forma inequívoca, procurando infernizar a vida de um campeão nacional que se mostra muito distante da qualidade física e da força mental que lhe valeu o título da última época. Veremos se são capazes de se apresentarem em campo com o atrevimento e o à-vontade de quem sente que está a defrontar um opositor da mesma igualha ou se, pelo contrário, vai remeter-se ao aproveitamento dos erros alheios que, não por acaso, este época têm sido frequentes.

Por seu lado, quando vemos o FC Porto a cinco pontos do Benfica e vislumbramos, para daqui a duas jornadas, um Benfica-FC Porto, não restam dúvidas de que a importância do desafio de hoje é enorme para os portistas, provavelmente confiantes em que os encarnados escorreguem em Guimarães e fiquem, à sua mercê no clássico das Antas.

 

À espera

Diria que, neste momento, toda a gente está à espera da primeira não-vitória do Benfica. Para os que torcem pelos encarnados, haverá confiança suficiente para acreditar na vitória em Guimarães (sábado às 20h30), até porque ao longo dos anos essa viagem ao Minho tem sido uma espécie de passeio benfiquista. Todos sabemos – manda a lei das probabilidades – que a cada vitória a equipa de Roger Schmidt fica mais perto de não ganhar um jogo. A invencibilidade total, em todas as provas, é um cenário impossível, mesmo para um grupo que vive numa espécie de aura mágica, respirando confiança nas suas virtudes e sabendo esconder o mais possível as suas fragilidades. Com a ida ao Porto no horizonte próximo, seria muito duro para a águia pôr-se a jeito de no espaço de uma semana ver desaparecer a tal vantagem de cinco pontos de que goza neste momento sobre o FC_Porto. O treinador alemão, que já conquistou a simpatia da totalidade dos encarnados, vai saber com antecedência o resultado dos adversários directos mas, segundo o discurso que tem optado, tal pouco ou nada lhe importa. Fixa-se na sua equipa e na forma como poderá vencer o jogo seguinte. Pois este jogo seguinte é também no Minho. E, vamos e venhamos, uma derrota seria algo de francamente surpreendente. Se é que a paragem não baixou a ambição dos seus jogadores…