Poeiras do Norte de África. Temperaturas podem ultrapassar hoje os 30ºC

O calor, como é habitual, concentrar-se-á a Sul, enquanto a Norte as temperaturas poderão ser mais reduzidas. Este feriado, prevê o IPMA, será o dia mais quente da semana.

Depois da descida de temperaturas, o calor está de regresso com poeiras, provenientes do Norte de África, que estarão em suspensão, principalmente, a Sul do país. De acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), o dia mais quente desta semana deverá ser o de hoje, com temperaturas de 35ºC em Évora, 34ºC em Santarém, 33ºC em Beja, Portalegre e Setúbal, 32ºC em Castelo Branco e 30ºC em Lisboa.

Já nos distritos mais a Norte, são esperados 23ºC em Viana do Castelo e 24ºC em Aveiro e no Porto. No entanto, a temperatura deverá descer a partir de amanhã: segundo o IPMA, as máximas deverão, em média, variar entre os 25 e 26ºC. Mas Évora e Santarém, prevê o IPMA, mesmo após a descida das temperaturas, deverão continuar com máximas acima dos 30ºC.

Sabe-se que as poeiras vieram do deserto do Saara, estiveram em suspensão na atmosfera na sequência de tempestades de areia, e foram trazidas pelo vento para a Península Ibérica. Contudo, não deverão ser tão preocupantes quanto as de março, que agravaram a qualidade do ar.

Nesse mês, curiosamente, a Associação para o Controle da Radioatividade no Ocidente (ACRO), sediada em Hérouville-Saint-Clair, na Normandia, chegou mesmo a detetar Césio-137 nas pequenas poeiras transportadas pelo vento do Saara, o que foi associado aos ensaios nucleares levados a cabo por França na década de 1960 na Argélia. Isto porque este elemento não tem origem natural e resulta do decaimento de urânio usado em armamento atómico, como explicou ao i a associação.

Tanto que a Direção-Geral da Saúde (DGS) emitiu, quase de imediato, recomendações para que a população se protegesse, ao máximo. Evitar esforços prolongados, limitar a atividade física ao ar livre; evitar a exposição a fatores de risco, como o fumo do tabaco e o contacto com produtos irritantes eram os principais conselhos – os grupos vulneráveis devem manter-se no interior dos edifícios e preferencialmente com as janelas fechadas.

Água pode faltar nas torneiras A Agência Portuguesa do Ambiente alertava para uma situação de fraca qualidade do ar devido a elevados níveis de partículas inaláveis devido às nuvens de poeira e, por isso, a DGS mencionava que nos grupos vulneráveis estavam integrados as crianças, os idosos, os doentes com problemas respiratórios crónicos (designadamente asma) e doentes do foro cardiovascular.

E, apesar de a situação de seca meteorológica ter melhorado até dia 15 de setembro, de acordo com o IPMA, tendo sido verificado um “desagravamento significativo” da situação de seca meteorológica em todo o território, em especial nos distritos da Guarda, Viseu e Castelo Branco, graças às chuvas que se fizeram sentir, as circunstâncias parecem não ser as mais positivas.

Nessa altura, na análise que realizou, o IPMA apercebeu-se de um “aumento do índice de água no solo”, que é “mais significativo” no litoral Norte, em toda a região Centro e no Alto Alentejo, mantendo-se “muito baixo” no Nordeste, sendo que desta vez a seca no Algarve, a título de exemplo, tem contornos ainda mais negativos.

Isto porque a campanha de sensibilização de redução de consumos de água, no Algarve, durante o verão, não terá dado frutos, na medida em que o hidrológico (época das chuvas) arrancou no dia 1 de outubro e as seis barragens algarvias registam um volume de água armazenada de 90 milhões metros cúbicos, sendo que as estimativas dos gastos apontam para os 110 milhões, revelados pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA/Algarve) aos autarcas.

Este panorama não é novo. Se consultarmos os dados da Pordata, relativos à quantidade de chuva, granizo ou neve que cai em certas regiões ou zonas do país, constatamos que tem vindo a descer. Por exemplo, no ano passado, foram registados 439,4mm em Lisboa contra 984,1mm em 1960, 598,1mm e 1.079,3mm em Bragança, respetivamente ou 238,2mm e 285,7mm em Faro. Já no Porto, a tendência foi distinta: 1.174,0mm de precipitação total, em 2021, e 808,2mm em 1967.